CAPÍTULO 18

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O tempo passou e a Margarete, apesar da discordância por parte da Verônica que a odiava por vários motivos, foi chamada para ser a madrinha do filho deles, o Gabriel. O padrinho foi escolhido pela Verônica que convidou seu primo, Alexandre, para batizar seu filho.

Fazia bastante tempo que a Margarete e a Verônica não se viam. Esse reencontro foi desconfortável para ambas. Margarete conseguia sentir a onda de raiva que emanava da Verônica que fez o possível para não precisar falar com ela.

Para o Rodrigo essa situação já estava passando dos limites. Elas não poderiam ser inimigas. Não, porque a Margarete era sua melhor amiga e madrinha do seu filho e a Verônica era sua esposa. Portanto, essa rixa precisava acabar, porque o contato entre elas seria inevitável. E ele já tinha avisado a Verônica que jamais deixaria de ser amigo da Meg por causa do seu ciúme infantil e descabido. Então, aproveitou a ocasião para se juntarem para conversarem, ele, a Verônica, a Meg e o Will. Como faziam antigamente. Os três eram muito amigos antes do Rodrigo conhecer a Verônica e ela precisava entender que ele não se afastaria de todo mundo por causa dela. Em certo dia tiveram uma briga muito séria e ele quase se separou dela. Foi o dia em que informou a sua escolha. Meg seria sua comadre. Ela ficou histérica. Disse que jamais aceitaria uma afronta daquela. Que preferia deixar de batizar seu filho a ter a Margarete como madrinha dele. Entretanto, o Rodrigo foi enfático e, quando ela percebeu que o caldo estava entornando para o lado dela, acabou por a aceitar. Para a Verônica foi muito difícil ter que engolir aquilo. E agora teria que conversar com ela?! Isso era demais para ela. Não iria conseguir sequer olhar em seu rosto.

– Meu bem. Se não se importar, prefiro conversar com outras pessoas. – Respondeu Verônica ao ser convidada pelo esposo a se sentar junto a eles.

– Fique só alguns minutos, por favor, depois te libero pra receber os outros convidados. – Pediu Rodrigo carinhosamente.

Verônica não poderia negar. Seria uma afronta aos convidados do Rodrigo e ele ficaria chateado com ela, caso eles se sentissem excluídos. Então, aninhou melhor seu filho no colo e se sentou ao lado do marido.

Margarete não estava muito à vontade. Notando isso o William passou seu braço atrás da Meg colocando a mão em seu ombro. Isso fez ela relaxar um pouco. Sabia que estava protegida.

Após um tempo de silêncio Will quebrou o gelo.

– Parabéns a vocês. O Gabriel é o bebê mais lindo que já vi na vida.

– Obrigada. – Disse a Verônica sem muita emoção.

– Não é porque é meu filho não, mas ele é lindo mesmo. – Disse Rodrigo sorrindo e brincando com as mãozinhas do filho no colo na esposa.

– Ele realmente é lindo! – Concordou Meg. – Eu posso pegar ele no colo um pouquinho? – Pediu ingenuamente.

– É claro que pode. – Respondeu Digo sem notar a cara feia que a Verônica fez.

Então pegou o filho e o entregou à Meg que se levantou para pegá-lo carinhosamente, com um sorriso de orelha a orelha. Ela amava bebês e pretendia ter os seus também.

– Ele parece muito com você, Digo. – Disse Meg tocando sua face com delicadeza, como se o bebê fosse de cristal.

– É, está uma disputa. – Rodrigo riu. – A família dela diz que parece com ela, a minha diz que parece comigo. Eu, na verdade, vejo características de nós dois.

– Sim. Claro. – Disse Meg um tanto sem graça, olhando para a Verônica. – O nariz é seu, mas a boca é da Verônica. Os olhos não consigo definir qual parece mais. Ele tem os olhos amendoados como os seus Digo, contudo a cor de avelã é igualzinha à sua Verônica.

– Sim. É verdade. – Will também entrou na conversa. – E as orelhas são do Digo, sem dúvida.

– Acho tão lindo vermos nossas características em um serzinho tão pequenininho. – Meg estava encantada. – Como você se sentiu ao saber que estava grávida? – Perguntou se dirigindo à Verônica.

Verônica se espantou com a pergunta inesperada. Não imaginava e nem queria ter uma conversação com a Margarete, porém, não poderia deixar de responder.

– Bem... eu não sei explicar direito. É uma sensação diferente de tudo o que já vivi. – Disse recordando do dia que pegou o resultado do exame onde constava a informação de que ela e o Rodrigo estavam grávidos.

– Eu nem consigo imaginar. Deve ser uma coisa incomparável mesmo. – Disse Meg afetuosamente.

– É um misto de alegria e medo. – Após perceber a cara de confusão que a Margarete fez, ela explicou melhor. – Fiquei extremamente alegre. Um ser se formava dentro de mim. Sempre achei divina a capacidade de gerar vida que nós mulheres temos. Entretanto, também senti medo porque é uma responsabilidade tremenda. Eu nunca tive alguém ou algo que dependesse tanto de mim. É assustador pensar em educar um filho dentro desse mundo caótico.

– Isso é verdade. – Concordou Rodrigo segurando a mão da esposa. – Mas confio que faremos o nosso melhor e iremos preparar essa criaturinha para a vida adulta da melhor forma possível. Se Deus o confiou a nós para criá-lo, também devemos confiar na nossa capacidade. – Expôs Rodrigo seu ponto de vista.

– Sim, meu bem. – Disse Verônica olhando carinhosamente para o marido e para o bebê. – Você é a única pessoa nesse mundo que eu confiaria a responsabilidade de ser pai do meu filho. – Finalizando ela lhe deu um beijo suave.

E assim passaram uma tarde agradável. A Verônica já não tinha tanta raiva da Margarete que se esbaldava com a possibilidade de segurar em seus braços o bebê do seu melhor amigo.

É incrível o que uma criança pode fazer. Nós acreditamos que ensinamos as crianças a viverem, todavia, na realidade, são elas que nos ensinam a viver. Nos ensinam o amor, nos mostram o que verdadeiramente importa em nossas vidas. Elas são seres puros. Se seguíssemos a vida com os olhos de uma criança nosso mundo seria muito melhor.


Seria Acaso ou Destino?Onde histórias criam vida. Descubra agora