Capítulo 1
Você algum dia na sua vida já teve aquela sensação de que já viveu o que está lhe acontecendo no presente?
Pois então, é exatamente assim que Margarete se sentiu quando saiu da cafeteria equilibrando três copos de café e a bolsa vermelha à tira colo e foi praticamente atropelada por um moço que estava passando depressa olhando para o celular, onde respondia ao chefe que iria se atrasar.
Margarete caiu no chão derrubando os copos de café e não se queimando apenas porque estava usando uma capa de chuva, apesar de não estar chovendo. Margarete nunca confiava na previsão do tempo que via no jornal. Mesmo que eles sempre estivessem certos.
Rodrigo ficou transtornado e sem reação. Então Margarete, que estava com dificuldade para se levantar, perguntou nervosa e sem graça:
– Vai ficar aí parado?
Rodrigo saiu do transe e disse, jogando sua pasta no chão de qualquer jeito para ajudar a moça à qual havia derrubado:
– É claro! Me desculpe, é que fiquei um pouco desnorteado. Venha me dê sua mão.
Quando suas mãos se tocaram ambos sentiram uma sensação estranha. E quando seus olhos realmente se encontraram foi como um reencontro de almas gêmeas separadas pelo acaso.
Margarete teve dificuldade em se levantar porque torceu o tornozelo. Com isso Rodrigo a segurou pela cintura para dar-lhe apoio e, quando foi levantá-la em seu braço, ela disse que não havia necessidade. Mesmo assim Rodrigo a levantou e a colocou em uma cadeira da cafeteria da qual ela havia acabado de sair. A cafeteria não era muito grande, mas era bem aconchegante. No ambiente bem iluminado havia algumas mesas redondas espalhadas com duas ou quatro cadeiras. À esquerda ficava o balcão com bancos altos, onde os clientes também podiam ficar caso não tivesse lugar vago nas mesas, ou preferissem por estar sozinhos. Atrás do balcão ficava a pequena cozinha onde eram preparados os cafés e os doces e salgados. No fundo ficavam os banheiros feminino e masculino.
Margarete estava com muita dor e não podia negar. Estava escrito em seus olhos o sofrimento. Enquanto a atendente lhe trazia outro copo de café Rodrigo pegou sua pasta que jogou no chão e a bolsa dela que escorregou do seu ombro na queda.
Quando Rodrigo se sentou na cadeira à sua frente na mesa para dois lhe informou que a levaria para o hospital. Margarete estava parecendo um pimentão vermelho e ela não sabia se era de raiva, de vergonha ou qualquer outra coisa.
– Não precisa se preocupar. Depois de uns minutos aqui sentada sei que irei melhorar. Pode ir para o seu compromisso. Somente acho que deveria trocar o terno porque está todo manchado de café. – Disse Margarete massageando o tornozelo que começava a inchar e ficar roxo.
– Não. Nada disso. Eu insisto em levá-la. A senhorita...
– Não precisa de formalidades. Me chame de Margarete, por favor.
– Certo. Margarete – disse ele enfatizando o nome dela – você caiu por minha causa. Se não estivesse olhando no celular teria te visto e nada disso teria ocorrido. Me desculpe.
– Não precisa se desculpar. – Disse Margarete procurando na bolsa a pomada que usava para dor muscular. Ela sempre tinha uma na bolsa para incidentes como aquele. – Eu é que tenho que pedir desculpas. Afinal estava com tanta pressa que nem olhei antes de sair.
– Não concordo, e vou levá-la ao hospital. Já comuniquei meu chefe. Ele sabe que imprevistos acontecem, além do que a reunião para a qual eu estava atrasado foi remarcada e não me comunicaram antes porque foi abruptamente também. Um dos clientes que iria participar ficou doente e está internado e, sendo ele a peça chave, não adiantaria fazer a reunião. Então, fique tranquila quanto a isso. E você? Estava apressada também. Tinha um compromisso importante?
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Seria Acaso ou Destino?
RomansaMargarete esbarra em um estranho saindo de um café e nesse momento começam uma linda amizade. Rodrigo e Margarete se conectaram assim que se viram. Era como se eles já se conhecessem de outra vida, tamanha a química que havia entre eles. Será que de...