CAPÍTULO 50

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Chegando na recepção foi atendido por uma moça que fez o cadastro dele para ele poder subir ao corredor onde ela estava para ter as informações que não eram passadas pela enfermagem aos atendentes da recepção.

Já no andar onde o quarto da Meg estava, se direcionou para o balcão onde ficam as enfermeiras.

– Oi, boa tarde. Eu sou o irmão da Meg... quero dizer Margarete. – Mentiu novamente por medo de não conseguir as informações, caso o hospital tivesse uma regra dizendo que só a família poderia ser informada.

– Qual é o seu nome? – Perguntou a enfermeira.

– Rodrigo.

– Certo Rodrigo, venha me acompanhe. – Pediu ela cortesmente.

Rodrigo a seguiu sem entender por que ela precisava ir para outro lugar. Ela não poderia fazer aquilo ali mesmo?

A enfermeira bateu em uma porta e informou que o Rodrigo gostaria de ver a paciente.

Ele ficou desnorteado. Não era isso que ele queria. Pensou em ir embora sem saber nada. Seria melhor ficar com a angústia de não saber do que prejudicar ainda mais a saúde da Meg.

No que ele estava se virando para ir embora a Meg o chamou.

– Digo? É você?

Ele, sem graça, olhou para ela confirmando ser o amigo tão estimado.

– Que ótimo, Digo. – Disse Meg com a voz um pouco fraca. – Achei que você não viria. – Ela acreditou que ele não havia a visitado porque não queria e não porque não tinha o conhecimento.

– Oi, Meg. – Cumprimentou ele meio sem graça. – Oi, Will.

Will só acenou com a cabeça. Estava claro na sua fronte a raiva que estava sentindo naquele momento. "O que ele está fazendo aqui? Pensava ele.

– Me desculpe, Meg. Eu não sabia que você está internada. Faz dias que tento falar com você, no entanto, você não atendia o celular e nem o Will. Fiquei muito preocupado e acabei ligando pra Vanessa que me disse o que aconteceu. – Rodrigo se explicou. Ele não poderia deixar ela pensar que ele não se preocupava com ela. Mesmo que o Will estivesse ali fuzilando ele com olhar, isso era uma coisa que ele não faria novamente nunca mais.

– Ué, meu telefone não tocou. – Observou Meg que não entendia o que estava acontecendo. Ela não tinha ideia de que, em todas as vezes em que o Rodrigo ligou para ela, o celular foi silenciado.

– Não importa. O importante é eu ter sabido. Estava muito preocupado com você. Da última vez que te vi você estava tão mal e depois some assim do nada. – Rodrigo não se aproximou da cama para não irritar ainda mais o Will. Nesse momento ele se ligou que o Will estava querendo afastá-la dele. E se aproveitou da situação. – Fiquei desesperado. – Assumiu ele emotivo.

– Venha para mais perto. Não é contagioso. – Pediu Meg brincando.

– Eu sei. Só não quero invadir o espaço de vocês. – Disse ele olhando para o Will, tentando demonstrar que ele não estava ali para seduzir a noiva dele.

– Como assim? Invadir o nosso espaço? Você não está invadindo nada. É meu amigo. Na verdade, você é nosso amigo, não é mesmo, amor? – Perguntou ela olhando inocentemente para o Will sem notar o maxilar travado.

– Sim, Meg. É claro. – Disse Will sem ter como se esquivar daquilo. Ele prometera para ela que não atrapalharia a amizade dos dois. Então, não tinha muito o que fazer. Ainda mais pelo estado delicado em que ela se encontrava.

– Acho melhor não. – Disse Rodrigo olhando para si mesmo. – Estou encharcado. Está chovendo bastante. – Explicou-se. – Como você não atendia o telefone fui ao seu prédio, mas ninguém atendeu, apesar da minha insistência. Nesse meio tempo começou a chover e acabei me molhando. Nem pensei em passar em casa para trocar de roupa antes de vir. – Disse ele começando a perceber o gelado das roupas que o estavam deixando com os lábios roxos de frio.

– Meu Deus! Digo, você precisa trocar de roupa, ou vai ficar doente. – Meg se preocupou e se sentiu mal por ele estar daquela maneira por sua causa.

– Não se preocupe. Eu já estou indo embora. Só passei para saber de você. Na verdade, eu nem ia entrar para não incomodar.

– Incomodar como? – Perguntou Meg sem entender o porquê daquele cuidado todo. Ela não contara a ele sobre a discussão que teve com o William por causa da visita dele. "Será que o Will falou alguma coisa para ele? " Pensou ela. Era a única explicação para tamanha preocupação.

– Você precisa descansar, Meg. Em outro momento conversamos. – Desconversou Rodrigo para não criar caso. – Tudo bem se eu ligar para saber notícias dela? – Perguntou olhando para o Will.

– Você não precisa perguntar pra ele. Eu estou aqui, não estou? – Afirmou ela antes mesmo que o Will pudesse pensar em qualquer resposta.

– Sim. É claro. Me desculpe. – Disse Rodrigo olhando de relance para a Meg, mas sem deixar de fitar o Will. Ele sabia que não estava sendo bem-vindo. Não, por parte do Will pelo menos. – Então, tudo bem se eu vier de vez em quando? – Agora olhava somente para Meg. Ele queria tanto poder chegar perto dela e lhe dar um abraço, segurar sua mão. Entretanto, sabia que não seria adequado até porque estava muito molhado mesmo.

– E precisa perguntar? – Respondeu ela carinhosamente.

A forma dela olhar para o Rodrigo deixava o Will nervoso. Estava inseguro e por isso tentava afastá-los. Todavia, percebeu que não adiantava tentar fazer isso. Ele jamais conseguiria separar os dois. Eram como ímãs. Sempre se reencontravam de alguma forma.

Sem se demorar muito mais o Rodrigo foi embora, agora, com o coração mais aliviado.

Depois do encontro com o Rodrigo a Meg ficou mais uma semana no hospital e teve alta com algumas recomendações feitas pelo médico, as quais deveria manter em casa para não ter problema e precisar ser internada novamente. Faria exames toda semana para verificar a quantidade de líquido amniótico. Se voltasse a ter enjoos constantes e não estivesse conseguindo se alimentar, teria que voltar.

Ela estava muito feliz. Não aguentava mais ficar deitada naquela cama desconfortável.

Will conseguiu uns dias na empresa para poder ficar com ela nesse período mais crítico. A partir daquele susto que teve ele passou a se preocupar mais com a Meg e entendia que não era culpa dela toda aquela situação e se punia por ter pensado mal dela, como se ela estivesse se fazendo de vítima, ou aumentando os sintomas para chamar atenção. Como se a aparência dela já não fosse prova suficiente. Ele percebeu o quanto estava errado e, principalmente, sabia que tinha falhado com ela. Por isso, ele queria se redimir. Sendo assim, se dedicava inteiramente em fazê-la ficar o mais confortável possível. Estava sempre perguntando como ela se sentia. Se precisava de alguma coisa. Seu cuidado estava sendo tão extremo que a Meg começou a se sentir sufocada. Queria ficar sozinha de vez em quando. Queria não estar sempre sendo vigiada. Aquele repouso estava se tornando um cárcere e ela não estava feliz com isso. No entanto, tinha medo de confessar para o Will que precisava ter um tempo para ela sem ele ficar perguntando a todo momento se tudo estava bem. Antes ele estava sendo relapso. Agora, no entanto, estava exagerando no cuidado. Ela não queria esses extremos. Queria ter uma gravidez tranquila. Contudo, a dela não tinha nada de tranquila. Desde o início era uma tormenta. Mal-estar, solidão, medo, raiva e sufocamento. Ela passara por todos esses sentimentos muito intensamente e estava cansada.


Seria Acaso ou Destino?Onde histórias criam vida. Descubra agora