Seria Acaso ou Destino?

CAPÍTULO 14

Agora, com o ânimo mais leve, percebia o quanto estava sendo infantil e incompreensiva. Nem deixara ele se explicar. Ela tinha motivos para estar chateada. Claro. Não foi legal ele não lhe contar uma coisa que afetaria não só a vida dele, mas a dela também, já que impossibilitaria seu contato frequente com ele. Entretanto, ela sabia que ele estava com a cabeça muito cheia. Planejar um casamento e uma mudança não era tarefa fácil. Pensar assim apaziguou sua ira.

As coisas estavam acontecendo muito rápido e ela não estava conseguindo absorver tudo de uma vez. Seu amigo, em breve, não estaria perto dela para marcarem um almoço ou para irem ao cinema. Não estaria com ela nos momentos em que precisasse de um ombro amigo. Poderiam se falar por telefone, no entanto, não seria a mesma coisa. Ela estava confusa com o sentimento que não a deixava ficar em paz. Ela deveria ficar feliz pela felicidade dele. É assim que os amigos se sentem, não é? Contudo, ela não mandava no coração e, por mais que tentasse, não conseguia ficar contente.

Os dias se passaram e ela preferiu não ter contato com o Rodrigo por enquanto. Ele não poderia saber como ela estava reagindo àquela situação. Já havia sido muito constrangedora sua atitude durante o jantar onde foi notificada da novidade. As pessoas poderiam se confundir quanto ao que ela sentia pelo Rodrigo e não era nada daquilo. Ela não gostava dele de outra forma que não a amizade. Ou será que gostava? Agora isso já não importava mais. Ele ia se casar e se mudar. Ela estava em um relacionamento muito legal, que a fazia feliz.

Para o Rodrigo a relação da Margarete com o William não havia descido bem. Ele se sentia contrariado, no entanto, não entendia por quê. Quando o William informou que estava com a Margarete ele não deveria ter se sentido mal. Deveria ter ficado contente pela amiga. Entretanto, quando viu o William a beijando, àquilo lhe causou um desconforto inexplicável. Sua vontade era puxar ela pela mão e a tirar daquele enlace. No entanto, isso não fazia o menor sentido. O William era um cara gente boa. Trabalhador, esforçado e, ao que parecia, gostava muito dela mesmo, desfazendo a primeira impressão que teve ao saber pela Margarete do seu envolvimento com ele. Então, por que estava com aquele sentimento de angústia?

Quando decidiu com a Verônica sobre a mudança para Brasília após o casamento não lhe pareceu estranho ou ruim. Ele estaria com sua amada e em um cargo melhor no seu trabalho. No entanto, ao ver no olhar da Margarete a decepção e a tristeza ao receber a notícia, se sentiu muito mal. A ideia já não lhe parecia mais tão perfeita. Todavia, a decisão já tinha sido tomada e tudo estava planejado. Dali a dois meses sua morada seria em Brasília.

Para ambos a situação toda demorou um pouco para ser aceita sem esses sentimentos de contrariedade. Contudo, tiveram que aceitar e seguir em frente com seus planos, com suas vidas, que, infelizmente, estavam começando a tomar rumos diferentes que os afastariam invariavelmente.

Com a presença constante, o amor e o carinho do William a Margarete esqueceu da sua inquietação. Ele estava sempre disposto a fazer qualquer coisa para alegrá-la. Essa atenção toda preencheu seu coração solitário e ela não mais pensava no Rodrigo. Não da mesma forma e na mesma frequência e intensidade. Precisava começar a se acostumar com a ideia de que ele não mais estaria ali perto dela.

Os preparativos do casamento também ocuparam a mente do Rodrigo que não mais pensava na Margarete nos braços de outra pessoa. Até conseguia conversar com ela pelo telefone de forma natural como sempre se falaram. Eram as mesmas pessoas de sempre, falando, rindo, trocando confidencias, exceto sobre os relacionamentos de cada um. Eram os mesmos amigos que se conheceram na cafeteria há dois anos.

Os dias passaram depressa e, quando menos esperavam, já era o dia do casamento do Rodrigo com a Verônica.