Capítulo 12

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Girando em sua poltrona de couro preta, Anton suspirou longamente enquanto colocava a caneta sobre a agenda. Ele olhou para a janela do enorme escritório mobiliado a moda antiga, o sol estava indo embora, sinal que anoiteceria logo.
Passando o dedo sobre o telefone sem fio, ele discou o número da cozinha.

— Onde está Tarquin? Sim, o mande vir em meu escritório. — colocou o telefone de volta ao gancho e levantou. Observando o enorme jardim ele vira o jardineiro terminando de poldar algumas rosas. Ouviu a batida na porta, dois toques era o suficiente para saber que era Tarquin, seu fiel funcionário de longos anos. — Entre. — o barulho da bengala deslizando sobre o piso espelhado, e o sorriso do homem era o típico quando ele chegava em qualquer lugar.

Tarquin coçou a barba grisalha e encarou Anton, esse que girou nos calcanhares para ficar de frente ao homem.

— Mandou me chamar, senhor ?

— Sim. Preciso que faça uma nova lista dos produtos de limpeza da mansão. — Tarquin o olhou de cenho franzido.

— Não entendi. Sempre são os mesmos produtos. O que mudou agora, senhor ? — Tudo. Tudo havia mudado e Anton estava percebendo que aquilo se iniciava aos poucos.

— Já não quero os produtos cítricos. Principalmente os de limão. — o empregado olhou para ele como se Anton de repente tivesse duas cabeças. — Sem perguntas. Apenas faça.

— E qual produto eu mando comprar?— ele massageou as temporas, enquanto Tarquin parecia se desequilibrar no apoio da bengala.

— Pergunte a senhorita Moore Becker qual ela prefere. — as sobrancelhas de Tarquin já não tinha espaço sobre a testa de tão erguidas. Anton sentou na poltrona abrindo seu notebook.— Vá Tarquin. Preciso trabalhar. — seu tom foi duro fazendo assim o homem sair aos tropeços do escritório.

Elisa já estava guardando todos os equipamentos de limpeza quando escutou a bengala do diabo pelo corredor.

Ela suspirou alto e longamente, apenas queria trocar a roupa e ir para casa dormir. Quando o barulho irritante persistiu na direção dela, ela sabia que Tarquin iria falar com ela. O que na verdade era uma má sorte. Era sábado e a jovem já se via comemorando por não ter que ver Tarquin aos domingos.

— Elisa. — ela se virou para ele o olhando com desgosto. Ele lançou o mesmo olhar. Aquilo era ótimo, reciprocidade era tudo entre os dois. — O senhor Anton pediu para trocar os produtos de limpeza, todos os cítricos. Ou seja, se me lembro bem a senhorita disse ser alérgica...

Ela prendeu a respiração. Obviamente ele havia ignorado aquilo desde que ela começou a trabalhar ali. Assentindo ela permaneceu calada esperando o encosto continuar.

— De repente ele mudou de opinião, sabe... Os de limão são os preferidos do senhor Anton.— ele chegou mais próximo, a bengala fazendo pequenos círculos no chão. O olhar de Tarquin foi do decote dela até o pescoço, em seguida a olhou de forma irônica. — Isso é estranho, não acha ? Ontem eram os preferidos dele. E hoje... Manda trocar os produtos para outros e sabe o que mais ? — ela não respondeu. — Mandou comprar os que sejam a seu gosto!

Elisa não esperava por aquilo e sentiu a garganta secar. Tarquin a olhou duramente.

— Cuidado menina. Talvez você esteja indo longe demais com o chefe e não esqueça seu lugar de empregada, se pensa que por ser bonita e jovem... — ela ergueu a sobrancelha para ele.

— O que quer dizer? Estou apenas exercendo meu trabalho como em qualquer outro lugar.

— E como ele mandou trocar os produtos tão repentinamente?

A Empregada livro I - Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora