Capítulo 18

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Ela iria enlouquecer, disso tinha plena certeza. É por estes motivos que odiava beber e sair para alguma boate. Apenas não sabia que iria encontrar um dos sobrinhos de Anton por lá e pior. O sobrinho sendo o dono!

Respirando fundo Elisa girou a maçaneta do apartamento e abriu, estava tudo silêncioso, ela olhou em volta e entrou logo a frente passando pelo pequeno corredor ela viu Gean sentado olhando para o nada.
Elisa prendeu a respiração, não sabendo se ele estava sóbrio, ou em seu mundo alucinotico.

Caminhou devagar em direção ao seu quarto, porém a voz dele baixa fez ela parar diante da sala entre o corredor dos dois quartos.

— Que bom que está em casa, irmã. — ela sabia que ele estava sóbrio quando a chamou de irmã. Assustada olhou para ele, Gean a olhava e um pequeno sorriso surgiu em sua face magra e pálida. — Quero sua companhia.

Ela sempre soube que Gean era carente de carinho, atenção, e essa carência emocional pode ser perigosa muitas das vezes. Quebrando a distância Moore Becker deixou a bolsa cair no chão e sentou ao lado dele no sofá. O cheiro era de couro velho e cigarros que já estava impregnado.

— Oi Gean... — olhou para a frente como se ambos vissem algum filme na televisão a cabo, porém, a tevê estava desligada.— Como está?

— Bem.— ele riu.— levando a vida. Eu sei que você também está bem, sabe... Obrigado por tudo isso, deve ser difícil pra você ter que pagar as contas e tomar conta de tudo.

— Não se preocupe. — ela sentiu os olhos marejados sem coragem de encara-lo, nunca iria dizer a ele que procurasse um emprego, não poderia exigir isso nas condições do irmão menor.— Você o ama?— ela arriscou perguntar, queria ouvir da boca dele um não, não amo e quero terminar com ele. Pois ela o ajudaria e com mais força e vigor do que antes.

Sabia que da mesma forma que o pai pagava os vícios de Yuri, assim o mesmo fazia com Gean. E Elisa estava cansada de ter aquele samessuga tomando a vida de seu irmão aos poucos. E cada vez mais rápido.

— Não posso responder a essa pergunta, se não tivemos amor dos pais.

— Vovó nos amou.

— E já não está mais aqui. — o pesar na voz dele era terrível, ela olhou-o de perfil. Seus olhos estavam tristes, vagos e distantes. — ela nos deixou.

— Um dia as pessoas se vão, Gean. É o ciclo da vida. Envelhecem e morrem.

— Apenas queria que ela tivesse tido um pouco mais de tempo.

Ela também desejava aquilo, talvez um ou dois anos a mais, Gean houvesse amadurecido o bastante para não se render aos vícios das drogas tão rápido.

— Olha, Yuri às vezes é um babaca mas é um cara legal. Ele não te faria mal. — ela mordeu o lábio, não confiava em Yuri e não tinha boas vibras quando o via. — Se quiser converso com ele sobre não vir mais aqui.

— Se fizer isso... Vai parar de vê-lo? — ele suspirou olhando para as mãos, as unhas sujas e os braços marcados por agulhas.

— Não posso. — isso doeu para ela que assentiu em silêncio.

Se fosse para ter o irmão se afundando nas drogas que ao menos fosse visto aos olhos dela. Se Yuri não entrasse mais no apartamento, sabia que ele levaria Gean para outro lugar e talvez ela não o visse mais. Com o coração apertado a jovem soltou o ar dos pulmões.

Queria levantar e dormir, esquecer do seu dia cansativo na mansão e dessa conversa com o irmão.
Mas também culpa a atingia, não podia deixar Gean assim, sozinho.

A Empregada livro I - Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora