A Empregada livro I - Completo

Capítulo 03

Baixando da sua auto caríssima com a log da empresa Cargünt, Anton Günther guardou a chaves no bolso da calça social e caminhou em direção ao elevador, o estacionamento era subterrâneo e ele pegou o celular observando a hora. Era cedo demais, talvez os negociantes nem haviam chegado ainda. Anton se perguntava se algum dia ele iria se dar o luxo de tirar umas férias, ou, se aposentaria aos quarenta e cinco anos, antes de ter um infarto e ir parar no jazigo da família Günther assim como seus irmãos.

Mortes por infartos era comum na família deles, não necessitava ter vícios licitos para tal, bastava o vício constante pelo trabalho. Ele estava indo pelo mesmo caminho que Sergei, seu irmão mais velho.

Abrindo os botões do terno preto ele saiu do elevador quando parou no andar de seu escritório. A empresa era todo um edifício no centro de Londres, com uma vista de tirar o fôlego e um ótimo pôr do sol para apreciar. O Günther seguiu pelo corredor ignorando olhares babosos de secretárias que passavam. Ele estava habituado a àquilo, todos os Günther's estavam!

Para eles era normal parar olhares, e não necessitava ser uma celebridade para tal feito. Era o gene poderoso que eles tinham. Não era todo os dias que encontravam homens tão charmosos e sensuais com olhos quase raros e beleza tão esplêndida que a testosterona de tão alta fazia as mulheres suarem e as pernas tremerem.

Anton empurrou a porta de vidro fumê para o lado e dentro do enorme escritório todo ornamentado com uma mesa de vidro para oito pessoas ele viu Abraam parado de costas, mãos para trás do corpo e olhar pensativo.

Os ombros largos, o corpo esguio e alto, cabelos negros quase na altura do ombro, cavanhaque e relógio de ouro no pulso. Abraam era o sobrinho mais velho, sendo irmão maior de Boris. Ele era sócio depois da morte do pai, o primogênito ficou em seu lugar.

Ele sabia que o sobrinho estava pensando em Sergei e se era bom o bastante para estar ali. Abraam sempre foi um bom garoto desde muito pequeno e cresceu sendo quase a cópia escrita do pai, porém as características e personalidades era totalmente da mãe. E ele viu o sorriso da ex- cunhada quando Abraam virou o rosto para ele e sorriu. O meio sorriso mostrou pouco dos dentes alinhados, Abraam girou nos calcanhares de frente para ele. Anton assentiu com um breve menear de cabeça seguiu até ele, um breve abraço e beijo em cada lado de sua face foi o cumprimento deles, girou e puxou a cadeira no centro e sentou.

— Ilya, ainda não chegou!— ele disse ligando o notebook. Abraam suspirou alto e voltou sua atenção para a enorme janela de vidro. Ele podia ver todo o centro, os carros, edifícios e fluxo de pessoas.

— Para ele não é fácil se recuperar da perda. Eu sei como é o luto.

— Nós dois sabemos, não esqueça que seu pai era meu irmão mais velho. Eu o tinha como um pai também. — ele ergueu o olhar para o sobrinho. Abraam assentiu e olhou para o tio, abriu a boca para falar mas a porta foi aberta revelando Ilya que entrou com uma carranca na face, olhos inchados e vermelhos de mais uma noite de bebidas e talvez de mulheres por aí.

Ilya ajeitou a gravata sobre o pescoço, olhou para os dois Günther's que o esperava a algum tempo e meneou a cabeça numa saudação silenciosa. Anton levantou e Ilya beijou sua face em cada lado, foi até Abraam e fez a mesma saudação. Eles ainda mantinham os costumes Russos, apesar de já não estarem por lá. Mas era difícil largar a tradição quando se foi criado praticamente toda a vida na Rússia.

— Vinte minutos de atraso!— Abraam odiava atrasos apesar de entender e sentir pena do primo, Ilya o ignorou sentando na poltrona de costas para ele. Abraam era um ano mais velho que Ilya, mas as vezes se comportava como se tivesse a idade de Anton.

O mais velho massageou as temporas, já sentia sua cabeça doer, ele sabia que os negociadores chegariam, que os patrocinadores iriam aparecer. Seria mais um longo dia na empresa e Anton sentia seus olhos doerem.