3. Taylor

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Oi! Terceiro capítulo. Bom, decidi que irei postar também nos feriados e nos dias que minha escola não tem aula. Tipo hoje. Boa leitura!

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Já estava anoitecendo, e eu tinha acabado de fazer minhas malas. As bolsas e a grande maleta estavam encostadas perto da porta.  O quarto parecia vazio.  A cama de colunas estava feita, o criado-mudo estava vazio, e o  guarda roupa aberto estava com poucas roupas. As unicas coisas no quarto indicavam que ele um dia tinha sido meu eram a tintura lilás na  parede, as manchas de tinta azul na cortina, e  o vestido em cima da poltrona, que amanhã já não estaria mais lá. Eu vestia um vestido amarelo rendado e saltos pequenos vermelho escuros, por cima da meia calça que eu usava para que as marcas em minhas pernas não ficassem aparentes. Eu estava pronta para o jantar que meu pai havia planejado para a despedida de seus filhos e sobrinha amados para que eles viajem corajosamente para longe do lar. 

Ainda estava distraída quando meu pai entrou pelaporta, a deixando aberta.

- Como se sente indo para longe daqui? - Ele perguntou se sentando na minha cama.

- Não sinto nada. Não é algo bom. Não é algo ruim. - Eu falei.

- Você esta indo para longe da sua familia, Taylor. Como pode não fazer diferença para você?

- Minha familia está indo comigo. Selena e Austin. Você e a Mamãe já não mais considerados pais para mim.

Ele se levantou e chegou o mais perto possível de mim, segurando meu pulso.

- Não ouse dizer isso, Alison.

- Por que? Não passa da verdade.

Os seus olhos azuis faiscaram.

- Escute aqui, Alison. Você vai parar de falar nesse momento. Você não vai manchar o nome Swift e nem o Gomez. Não vai manchar a imagem de ninguém nessa casa. Vai descer as escadas como uma boa garota e receber nossos convidados.

- Não, não vou. Essa família feliz que você criou é tão falsa quanto o  sorriso que sempre dei para todos os soldados que você convida para jantar. E eu te odeio por isso. 

Rapidamente, a palma de sua mão atingiu a lateral do meu rosto, e eu senti a dor aguda do tapa. Tentei libertar meu pulso.

- Você é um monstro. -  Cuspi as palavras.

- Eu sou bem pior do que isso. Agora desça e faça seu papel como irmã mais velha, ou então...

- Então o que? Vai me bater na frente de todos? Assim como fez comigo e Selena ontem?

* Flashback * 

Estávamos na sala, após o jantar.

- Fui convocado para monitorar uma tropa ao sul da Polônia. Partirei em algumas semanas.

Ninguém respondeu.

- Parece que ninguém nessa casa se importe que eu esteja indo para longe.

- Você nunca está em casa. - Eu falei. -  Que diferença tem que você vai dessa vez matar alguns judeus?

- Eles morrem para que nós vivíamos. E não valem nada mesmo, estão nadando no dinheiro enquanto a Alemanha afunda.

- Isso foi por que a Alemanha fez as escolhas erradas, e não os judeus.

- Você está dizendo que eles são melhores do que nós? - Ele falou levantando-se, e eu me levantei também.

- Não. Estou dizendo que nós não somos melhores do que eles. E mesmo assim eles morrem como se fossem animais.

- É o que eles são, Taylor. Em guerras sempre alguém precisa morrer. E é melhor escolher os animais do que as pessoas.

- Você é um nojento. - Foi tudo que eu consegui dizer.

Ele começou a tirar o cinto.

- Vai me bater com o cinto? Voltei a ter sete anos?

- Você age como se tivesse voltado. Não vou ter uma ignorantezinha em casa.

Selena se levantou, e parou na minha frente.

- Tio Scott, a Taylor está certa. Agredi-la não vai mudar isso.

Austin  me olhava assustado. Eu não queria que ele se metesse na briga. Olhei para minha mãe, de pé encostada na parede. Ao ver meu olhar, ela andou até Austin, falou algo baixinho e o levou pela mão para o andar de cima.

Ouvi o som do cinto bater contra o braço de minha prima, ao mesmo tempo que ela dava um pequeno gritinho. A puxei para trás. 

- Por que é que você está batendo nela? Bata em mim, Scott! Bata em mim como bateu em todos aqueles inocentes!

Ele segurou no meu braço com força, enquanto batia com o cinto várias vezes na parte das minhas pernas descoberta pela saia. Selena tentava soltar meu braço de seu aperto forte.

- Solte! Solte ela! - Meu pai soltou meu braço, e empurrou Selena com força, o que a fez bater a cabeça contra a mesa de centro. - O que Rudy Müller vai pensar quando vir as pernas de Taylor e ver que a filha de 16 anos de seu melhor soldado nazista precisa ser educada com a ajuda de um cinto? - Ela falou sentada no chão, enquanto passava a mão no couro cabeludo, por onde sangue escorria, pintando um pedaço de sua testa de vermelho. 

Meu pai olhou para mim. Eu percebi que ele hesitava entre mostrar sua fúria e não mostrar para seu chefe e para o resto do batalhão que tinha problemas com sua filha e sua sobrinha. Lentamente, ele abaixou a mão que segurava o cinto e subiu as escadas.

*Flashback off*

- Não, não vou. Por favor, Taylor, é a ultima vez. Amanhã, não vai ter que fazer mais nada disso. Por muito tempo não vai ter que fazer isso. Eu prometo.

Olhei apar ele por um instante, e percebi que ele ligava muito mais para sua reputação do que para sua família. Seu olhar parecia melancólico... Ele estava implorando.

Puxei meu braço para trás bruscamente e dei as costas, passando a mão sobre o cabelo para abaixar alguns fios bagunçados e indo em direção á escada.

- Última vez, Scott.


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