16. Selena

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Ooooi!

Pontualmente aqui, e mais uma vez gostaria de agradecer todos que estão favoritando e comentando. Sério, vocês são maravilhosos. E gostaria de dedicar esse capítulo enooorme para feesilvalove, closerswift e a paulinha13, vocês são demais e estão dando a maior força. XOXO

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Eu me perguntava como tinha deixado aquilo acontecer. Não deveria ter voltado. Pensei que aquela ferida já tinha tinha cicatrizado o bastante, mas voltar ali foi como ter aberto o corte em meu coração com um faca. As lembranças eram fortes demais.

*Flashback on*

Meus pais estavam sentados na grama do jardim dos fundos, em uma noite quente de verão. Minha vizinha tinha acabado de passar pela minha casa para me deixar um vestido novo que ela tinha feito. O vesti no meu quarto e desci as escadas saltitando.

- PREPARADOS? - Gritei da cozinha.

- Sim! - Eles gritaram.

Corri descalça e girei no meio da grama, rodopiando o vestido verde de pregas. Eles bateram palmas. Eu cruzei uma perna atrás da outra, como uma balarina agradecendo.

- Você vai virar uma linda mulher... - Meu pai me abraçou.

Ele entrou na cozinha e pegou uma câmera. Eu posei para a foto, e depois tirei uma foto dos meus pais juntos. Por último, virei a câmera de modo que pegasse a nós todos. As polaroides caíram em minhas mãos.

- Eu tenho uma coisa linda para acompanhar esse vestido.

Minha mãe se levantou e foi até a lavanderia. Ouvimos um barulho alto. Meu pai olhou para cima, alarmado. Olhei também, e vi os aviões passando por cima da cidade. Os alarmes de ataque aéreo da cidade não tinham funcionado.

- Vai! - Meu pai gritou. - Vou buscar sua mãe!

Corri para a cozinha e abri a porta do porão. Olhei para trás, pela grande janela da cozinha e vi meu pai puxando minha mãe pela mão, correndo em minha direção. Minha mãe segurava uma exarpe azul. Seu olhar passava uma mensagem clara. Eu te amo, vai ficar tudo bem.

Mas não ficou. Vi quando a bomba caiu na casa da nossa vizinha, meus pais foram arremeçados para frente e a cozinha desabou, fechando a porta do porão e me trancando lá dentro.

- Mamãe? Papai? - Chamei. Reparei que ainda segurava com força as fotos.

Começei a bater a porta, mas era inútil. Tentei quebrá-la com os bancos que havia lá dentro, mas nada consegui. Tudo o que restou foi me sentar, chorando, e esperar.

No outro dia, quando me acharam, Eu estava deitada no chão, acordada, em meio vários pedaços de madeira. Me tiraram de lá, comigo ainda em estado de choque, e colocaram um cobertor em volta de mim, mesmo estando calor.

Meus pais estavam mortos. Ninguém precisou vir me contar, mas eu sabia. Em algum momento, alguém me entregou a echarpe azul. E eu continuava sentada lá, em um banquinho no meio de um quintal destruído, que outrora fora meu lugar preferido no mundo.

*Flashback off*

Desabei, aquilo era demais para mim. Solucei, enquanto minhas duas melhores amigas tentavam me acalmar. A grama agora já tinha crescido ali, mas eu ainda conseguia ver a destruição que uma vez acontecera ali.

Eu não estava ouvindo direito, era como se eu estivesse debaixo d'água.

- Está tudo bem. - Eu disse, não sei porque.

A noite foi caindo, e Harry e Taylor voltaram do centro com algumas coisinhas para nós comermos, mas eu recusei.

Anoiteceu, e nós todos ficamos ali na sala. Taylor e Harry dormiram abraçados ao meu lado, Calvin e Ella adormeceram no tapete. Andei até a porta e saí, me sentando nos degraus da frente da casa, como havia feito tantas vezes antes.

Fiquei lá, não sei por quanto tempo. A rua da minha antiga casa era de paralelepípedos, com pouca iluminação, e aquela hora da noite era deserta. Ouvi passos atrás de mim.

Taylor se sentou ao meu lado.

- Você está bem?

Balancei a cabeça.

- Não.

- Me desculpa, nós não deveríamos ter vindo...

- Era a única opção, Taylor, estamos sem dinheiro.

Ficamos em silêncio.

- Olha, eu sei que o lugar deles nunca será preenchido. - Ela falou lentamente. - Mas você e o Austin são a única família que eu tenho. E você é como eu agora.

Eu a abracei forte.

- Você também realmente é minha única família.

Entramos de volta dentro da casa, e adormecemos no sofá.

Eu sonhei com ninguém mais, ninguém menos do que minha mãe.

Estávamos na beira do lago na casa dos Styles em Auremberg. Ela usava um vestido longo estampado.

- Como você está, minha querida?

Eu estava feliz por ouvir novamente sua voz. Era como se ela nunca tivesse ido embora.

- Bem, mamãe. Mas sinto saudades suas e do papai.

- Eu sei... sinto sua falta também. Seu pai também sente saudades. Ele assim como eu percebeu como você se tornou uma bela mulher.

- Obrigada, mamãe.

- E sua prima, Taylor?

- Vai bem. Está apaixonada!

Nós demos risada.

- É, se eu bem conheço aquela menina, ela se apaixona rápido. E você, mocinha? Quando vai se apaixonar?

Enrubesci.

- Não sei! - Nós rimos mais uma vez.

- Mas eu tenho visto você chorando... Você não deve chorar por nós. Estamos bem.

- Eu sei. Mas eu não estava preparada para viver sozinha.

- Sozinha não! Eu nunca a deixaria sozinha. Você vai ver.

Acordei. O sol entrava e batia em meu rosto. Por um instante pensei que estivesse tudo bem, no meu antigo quarto, e que tivesse apenas caído no sono enquanto conversava com minha mãe.

Eu estava sozinha na sala. Mas ouvi os barulhos na parte da frente da casa.

Me levantei e andei até a frente da casa, onde meus amigos estavam sentados comendo porcarias.

- Se a tia Jude visse isso... - Falei cruzando os braços e sorrindo.

- Bom dia, Bela Adormecida! - Calvin deu um sorriso charmoso, ao qual eu respondi com um sorriso sarcástico.

Taylor me ofereceu uma garrafa de refrigerante. Eu a peguei e me sentei ao seu lado.

- Que horas são?

- Onze e quinze. - Ella respondeu. - Você dormiu á beça. Vamos almoçar daqui a pouco, e já que a sua cozinha está destruída iremos a um restaurante. Depois iremos direto para a estação de trem.

Terminei meu refrigerante e fomos pegar nossas coisas para ir embora. No entanto, me atrevi a subir as escadas e andar até meu quarto. Estava exatamente como eu havia deixado. A janela de vidro fechada, a cama feita. E em cima dela, três fotos polaroides junto com uma echarpe azul. Peguei os dois, e me senti feliz. Feliz porque sabia que eles estavam bem. Eu ainda sentiria saudade, mas agora sabia que eles não tinham partido. Eles sempre estiveram bem ao meu lado.

Peguei as fotos e a echarpe, senti uma ultima vez o cheiro do meu antigo quarto e fechei a porta com cuidado.

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