Moro sozinha há três meses. Quando fiz 20 caí fora de casa, estamos em 1983, em LA, na califórnia, e tudo o que eu fiz foi procurar emprego em comércios locais, mas até agora nada, preciso muito me manter de alguma forma, e tudo que eu tenho, veio da noite, da música melhor dizendo.
Em 79, eu roubei o baixo daquele cara na Sunset e comecei a tocar as cordas e fazer repetições aleatórias, a coisa foi evoluindo, as vezes ia pra noitada na Strip assistir shows, e prestava atenção nos instrumentos tocando no palco de algum bar, mas sempre mais no baixo, observando os movimentos, os sons e colocando em prática no dia seguinte, claro que não foi suficiente, eu tive que me aproximar de alguns baixistas e aprender mais de perto, mas essa história não vem ao caso.
O dinheiro tinha acabado na última ida ao mercado com comida e eu já estava sem papel higiênico. São 17:00 e eu fiquei em casa o dia todo esperando o telefonema de mais 3 lojas do centro que eu deixei o curriculum, eu já estava tão desanimada que nem prestei mais atenção na TV rangindo alguma coisa baixa, ficava mudando os canais sozinha.
Eu precisava fazer alguma coisa, não dava pra ficar vivendo de substituição de baixista em bandas aleatórias, eu gostava de ficar pela noite com o baixo, mas não era algo certeiro, se eu tivesse pelo menos uma banda, mas nem isso.
O barulho estridente do telefone tocou, saí da minha bolha e me joguei pra cima da mesinha de canto, me debruçando nas pontas do móvel.
-Alô?- Droga. Pareceu muito desesperador.
-Boa tarde, gostaria de falar com Peggy Brooklyn, ela se encontra?- Deu pra reconhecer a voz de uma mulher mais velha.
-Sou eu.- Puta merda.
-Olá, sou a gerente da loja de instrumentos musicais, a que fica na North 24th, se lembra? Você deixou seus documentos, gostamos de saber que você tem experiência com alguns instrumentos, principalmente envolvendo mais o Blues e o Jazz, além do Rock, e queríamos saber se você não quer dar uma passada aqui amanhã para uma entrevista com um dos nossos funcionários.
Meu mundo parou. Eu finalmente tinha conseguido alguma chance.
-Claro! Mas se não for muito incomodo, vocês não tem algum horário hoje?- Eu precisava desse emprego o mais rápido possível.
-Você me pegou de surpresa, haha! Um minuto.- Ela falou e se afastou do telefone, foi possível ouvir vozes de fundo, e enquanto isso só faltava eu soltar o telefone pra ver que não ia cair, eu apertava com todas as forças do mundo ele contra a minha cara, tentando me tranquilizar, meu pé não parava de bater no chão, se eu calçasse um número maior ou fosse mais pesada, o vizinho de baixo ia vir reclamar.
-Alô?- Ela disse e eu saltei do lugar- Então Peggy, o funcionário que vai trabalhar junto com o seu turno, caso você seja aceita, ainda está aqui, ele disse que você poderia vir, mas não podia demorar muito.
-Perfeito! Estou indo agora mesmo.
Desliguei o bendito, e fui me arrumar que nem um furacão, não via tanta simpatia em mim por alguém há muito tempo.
...
Já eram quase 18:00, e eu estava seguindo caminho no centro, a maioria dos comércios aqui fechavam as 22:00, então chegou a hora da troca de turno da maioria das lojas e tava' tudo um caos! Dava pra ir a pé da minha casa até a North 24th, mas tinha muita gente se empurrando, saindo e entrando.
Finalmente cheguei em frente a grande faixada da loja, empurrei a porta de vidro e de resposta tive um barulho de sino avisando minha chegada, encarei aquele sino distraída.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Scandal - Kirk Hammett (Metallica)
FanfictionPeggy Brooklyn era uma criança muito sociável e extrovertida. Ia cortar o cabelo só porque gostava muito do cabeleireiro, pedia aos vizinhos para passear com os cachorros deles. Existe até uma piada interna da família sobre a vez em que Peggy tentou...