-Meu deus que coisa é essa?- Me encaro no espelho com um vestido que eu usava na Sunset, não sei porque ainda guardo essas coisas, na verdade, sei sim. Eu sou uma acumuladora de memórias. Esse vestido em específico, me acompanhou em várias noites na farra, mas aqueles que eu não possuo memórias tão "limpas", joguei fora antes de me mudar. O vestido era lindo, realçava todas as minhas curvas, meu corpo não mudou muito, ainda serve perfeitamente.
Mas sei lá, ultimamente venho tendo enjoo de tudo que me lembra aquela cidade.
-Que se foda- Tirei o vestido e joguei na cama, ficando só de calcinha, essa hora da noite eu já tinha fechado todas as janelas e cortinas.
Fui pra sala e me joguei no sofá, liguei a TV e fiquei assistindo um programa qualquer enquanto comia umas bolachas que estavam em cima da mesinha de centro, falando nisso precisava limpar a casa. Eu decidi não ir ao show, não queria usar uma roupa de me lembra a Strip, mas não dá pra usar algo muito coberto, vou passar calor, e o momento não é o mais apropriado.
O telefone começou a tocar, e eu estiquei o braço pra atender, ainda assistindo TV.
-Alô?
-Peggy?- Aquela voz!
Minha posição no sofá mudou e eu me estiquei mais pra perto do telefone. -Íris?- Com o coração a mil, ouvi ela na outra linha.
-Puta merda, é você mesmo! Porra eu to sentindo a sua falta na Strip filha da puta! Você sumiu do nada, nunca mais te vi por aqui.- Culpa minha, eu não avisei ninguém que eu conhecia que ia simplesmente sumir do mapa, só meus pais. -Eu perguntava pra galera na esquina, pros músicos, pros bêbados, nas casas, nos bares, nas festas, e ninguém tinha te visto porra. Perguntei até pra aquele baixista que você costumava sair, como que era o nome dele mesmo?
-Eu meio que saí correndo, uma loucura.- Desvie o assunto.
-É bem sua cara mesmo.- Ela deu um suspiro fundo, pegou o ar e continuou. -Você acha que eu fiquei sem fazer nada? Eu fui até a polícia garota! Eles até me zombaram porque "se eu era tão sua amiga, como que eu não sei nem onde você mora?"- Íris imitou a voz dos policiais, e eu soltei uma risada anasalada.
-E eles fizeram o que?- Perguntei tentando saber o que ela fez pra chegar até meu número. -Eles me deram seu endereço, eu fui lá e encontrei um cara bonitão.- Ela estava falando do meu pai, eu sei que sim. -E ele me disse que você tinha se mudado e me deu esse número, e eu liguei ein' amor, mas só dava caixa postal.
-Eu quase nunca tô' em casa, agora eu trabalho e saio as noites pra fazer "coisas de velho", tipo ir no supermercado ou ver eletrônicos e móveis.
-Onde você ta morando agora?
-Em um apartamentinho aqui em Los Angeles, é aconchegante.
Ficamos em silêncio por alguns segundos -Por que me procurou?
-Por que??? Você acha que o meu coração é de pedra que nem o seu? Eu fiquei preocupada de achar seu corpo em uma vala isso sim.
Dei risada da ruiva, mas me senti mal. -Me desculpa Ruiva, eu só precisava ir embora, não foi justo com você. Tô com saudades, inclusive.
-Mas voltando pra baixistas, já conheceu algum aí?- Ela ainda não sabe como eu mudei.
-Na verdade sim, mas não do jeito que você tá pensando. Ele é alto, parece uma girafa, tem o cabelo armadão sabe? E fuma que parece uma chaminé. Ajudei a banda dele a compor uma base de guitarra. Acho que no fim deu tudo certo. Tipo, a estreia do álbum é essa noite.
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Scandal - Kirk Hammett (Metallica)
FanfictionPeggy Brooklyn era uma criança muito sociável e extrovertida. Ia cortar o cabelo só porque gostava muito do cabeleireiro, pedia aos vizinhos para passear com os cachorros deles. Existe até uma piada interna da família sobre a vez em que Peggy tentou...