𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 9

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Após ficar uns minutos ali observando aquele letreiro, fui puxada por Felipa, que logo me olhou com o que pareceu uma cara de apreensão ou quase preocupação para comigo.

À vocês ainda não sabem como eu sou deixa eu explicar, fisicamente sou uma garota magrinha, cintura ampulheta, os meus seios são firmes e pequenos, tenho certa de 1,78, sim, eu sou alta para uma mulher, tenho 27 anos e trabalho como vocês sabem numa loja de roupa. Como adoro extravagância tenho várias tatuagens e piercings e o meu cabelo é de um tom roxo escuro.

Subimos umas escadas e fomos até onde começavam os quartos, era como se eles formassem uma fila, não sabia o que fazer, estava estática.

Logo ao ouvir alguém, Felipa abriu um quarto com uma chave eletrônica e me empurrou lá para dentro. Nem sabia onde ela tinha arranjado aquela chave.

— Você tá louca, não pode entrar no quarto de alguém assim, e se tivesse alguém?? — eu perguntei para ela irritada.

— Eu sabia que não tinha ninguém — me informou e logo eu achei aquilo muito estranho.

— Como?? — eu perguntei olhando séria e esperando uma resposta detalhada.

— À você já devia saber, eu tenho amigos, contactos essas coisas... — disse ela rindo. Sabia muito bem que amigos eram esses, eram os ficantes temporários que ela tinha, ela nunca se apegava a ninguém nunca. Ela dizia que o amor era uma perda de tempo e ele só nos fazia sofrer. Talvez ela tivesse razão e no fim eu sofresse e percebesse que realmente eu não me devia apegar a ninguém.

Estávamos num quarto, um quarto que apenas parecia ter uma janela era pequeno, com uma cama, mesinha de cabeceira e pouco mais, olhei em volta não sabia o que procurava, talvez procurasse uma saída, estava nervosa, não queria que fosse verdade que ele tivesse mentido para mim. Dirigi-me até à janela logo observando a rua, o meu coração martelava, queria de início me enfiar em qualquer lado, mas passado um tempo, dentro de mim não havia já medo, havia adrenalina e se eu descobrisse que ele estava mentindo para mim eu iria fazer algo, não dar um troco, mas fazer algo.

— Qual a sua ideia?? — fitei Felipa nos olhos esperando uma resposta, a raiva tinha se apoderado de mim, o meu corpo estava quente e a minha cabeça quase doía, talvez eu estivesse apenas a exagerar só isso...

— É isso mesmo que eu quero, essa raiva, essa atitude, então, temos duas formas de fazer isso, uma eu posso arranjar roupa de empregada e dizer que vou limpar o quarto que infelizmente ele tem de sair ou então posso dizer que ele é um cliente VIP e que recebeu um serviço de quartos com alguns pequenos aperitivos — disse ela agarrando as minhas mãos e animada.

— As ideias são ótimas, mas como você pretende arranjar, ou roupa de empregada, ou então um carrinho com comida para entregar no quarto? — perguntei realmente achando as ideias meio loucas e talvez inconcebíveis de realizar.

— Hum , eu vou arranjar forma, falando nisso, acho que prefiro a segunda hipótese, mas você vai ter de alinhar comigo... — disse ela e lá estava o seu belo sorriso como se ela tivesse uma ideia brilhante.

— Alinhar em que sentido? — perguntei meia confusa.

— A minha ideia é a seguinte, estes motéis, não são assim tão antiquados, eles realmente têm daqueles carrinhos para servir, como serviços de quarto e alguns deles são realmente grande e espaçosos... — começou ela dizendo, sabia o que ia na cabeça dela já, ela iria querer que eu me colocasse nesse carinho e ficasse escondida lá. A adrenalina que percorria o meu corpo achou isso uma ideia ótima. Eu estava mudando aceitando que uma coisa daquelas era boa.

— Você quer que eu me coloque debaixo do carrinho, é isso mesmo sua louca? — perguntei, sabendo interiormente que era isso que ela queria dizer com alinhar com ela.

— Sim, é isso mesmo, fica aqui já volto rapidinho — disse ela saindo, mal ela saiu eu fiquei pensando no que estava pensando fazer ou no que iria fazer realmente, eu estava louca e iria mesmo fazer aquilo, sim, parecia que eu ia mesmo.

Tempo depois ela chegou, já com uma roupa de camareira, uma roupa preta, quase fina, era como ela disse realmente aquele motel com vários quartos apesar de à primeira vista não parecer nada requintado até devia ser, mas em comparação o quarto que nós estávamos não era dos mais finos, era mesmo básico. Ao olhar para a rua, através da porta que ela tinha deixado aberta vi o carrinho, ele era realmente grande, eu conseguiria ir lá dentro, apenas não estava conseguindo entender como ela ia conseguir empurrar um carrinho comigo dentro, já que eu não sou um peso, pluma, óbvio.

— Acho que você não pensou numa variante, né? No meu peso? — perguntei meio que rindo para ela.

— Acha mesmo? Já pensei em tudo, este carro tem uma abertura embaixo, você vai-me ajudar como é óbvio eu não vou fazer o trabalho todo sozinha — disse ela ainda sem nunca tirar o sorriso do rosto.

— Hum ótimo, mas e depois como eu vou sair de lá? — perguntei, na minha mente não estava caindo a ficha do que eu poderia ver lá dentro, eu apenas tinha adrenalina e queria fazer uma coisa daquelas.

— À é básico você pode sair quando ele for ao banheiro ou então fazer um barraco... — disse ela com uma extrema felicidade quando disse a palavra " Barraco".

— Não me parece que vá realmente armar um barraco, mas vamos ver... — eu disse imaginando na minha mente como seria se eu realmente fizesse um barraco e gritasse ali diante dele e de uma garota com quem ele provavelmente estaria.

— Nunca diga nunca minha amiga, mas vamos nos despachar antes que ele vá embora e nós o percamos — disse ela logo me puxando para fora do quarto.

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