𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 16

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Depois da tempestade vem a bonança

Acordei de manhã feliz, ia fazer o meu primeiro piercing, já tinha feito diversas tatuagens, mas piercing era o primeiro, já tinha até o local planeado, de início pensei fazer um, no meio entre as narinas, mas devido a um filtro que tinha encontrado no snap decidi que iria fazer na narina direita porque me tinha ficado melhor. Levantei me cedo demais, pois a minha marcação era para as 9 da manhã logo que abria a loja, quem faria o meu piercing era um homem, as outras mulheres que tinha na loja eram apenas, duas tatuadoras e uma secretária.

Já tinha tomado o meu pequeno-almoço trazido pela minha mãe, mais cedo. Chamo-me Cristiana, tenho 25 anos, vivo sim, como podem ver com os meus pais ainda. Uma garota de estatura média uns pneuzinhos a mais, e cabelo castanho comprido. Após sair da cama e fazer as minhas higienes pessoais, abri o meu guarda-roupa, logo encontrando um conjunto que eu sempre amei, uma camisola de meia manga preta, mas não lisa o tecido era enrugado, e umas calças verde tropa com vários tipos de verde. Arranjei o meu cabelo e calcei as minhas sapatilhas vendo já a minha mãe arranjada, ela ia comigo. Ela sempre ia quando eu fazia as tatuagens. De início quando eu era mais nova ela era meio contra, mas foi mudando aceitando a nova realidade e foi se apaixonando por cada tatuagem que eu fiz. Depois de arranjada completamente, saí de casa vendo o carro do meu pai, já pronto para nos levar. Dirigi-me ao carro com a minha mãe, eu entrei para o banco traseiro e ela para o da frente.
Ainda faltavam alguns minutos para a loja abrir, mas como ela fica num condomínio com muitas lojas nós não íamos ficar na rua esperando.

O meu pai conduziu até à cidade, mas ele não entrou connosco, ele não achava necessário entrar. Saímos do carro e então passamos a passadeira, um pouquinho na pressa, mas claro olhando para ver se vinham carros, pois estava chovendo.

Como eu suspeitava, ao entrar no condomínio a loja ainda estava fechada, mas ao lado tinha uma esteticista que ao ver que nós estávamos em pé, nos disse que nós podíamos esperar sentadas num banco confortável que tinha lá.

Agradecemos-lhe e nos sentámos esperando. Coloquei a minha mochila no meu colo, a abri e retirei o celular dela ficando a ver coisas no face fazendo horas, passados apenas uns minutos abriram a loja. Afinal tinha gente lá dentro como é óbvio. Esperamos poucos minutos e então nos dirigimos até lá. Quando entrei logo vi o homem que me faria o piercing e as garotas já lá dentro. Ele é um homem alto, em forma, com uma barba grande, um perfume um pouco exagerado, quer dizer, na primeira vez que eu o conheci, sim. Naquele dia, ao me aproximar do balcão ele tinha ainda aquele perfume um pouco exagerado. Quando ia falar que tinha uma marcação coisa que ele sabia já, vi um amigo meu, antigo colega de escola.

— Rúben!! — exclamei ao o ver naquele momento.

— Olha só quem ela é, a Cristiana — disse ele com um sorriso contagiante. Cumprimentámos-nos com dois beijos de seguida.

— Então que anda fazendo por aqui, veio fazer algum piercing? — perguntei curiosa.

— Não por acaso eu vim mesmo fazer uma tatuagem — disse ele.

— Veio para o piercing não é mesmo? — perguntou o homem que ia me fazer o piercing, ele aparentava ter à volta de uns 30 e poucos anos, sabia que ele se chamava Fernando porque no insta da loja estava o nome dele.

— Sim, exatamente  — eu disse olhando ainda Rúben.

— Queira me acompanhar — disse o homem se virando para mim.
Rúben me seguiu, talvez curioso também para ver qual o piercing que eu ia fazer.

— Então já escolheu o brinco e o local? — perguntou o homem.

— Sim, eu quero uma argola cinza daquelas bem simples e quero fazê-lo na narina direita — eu disse já sentada numa cadeira.

— Muito bem —disse ele na sua voz rouca. Ele saiu e foi buscar o que parecia uma caixinha com brincos.

— Vocês se conhecem? — perguntou o homem.

— Sim, ele foi o meu primeiro crush — eu fui a primeira a falar envergonhada, mas depois eu fiquei séria não era a realidade ele não tinha sido o meu primeiro crush sim, o segundo.

— Verdade, falando nisso eu fui um idiota com você devia ter dito a verdade que eu não gostava realmente de mulheres. — disse ele me surpreendendo realmente muita gente dizia isso, mas eu nunca pensei que era essa a razão de ele quase me ter rejeitado.

— Eu não sabia — eu disse quase envergonhada.

— Eu lamento muito o que aconteceu Cristi, a Rita me falou eu lamento muito — sabia do que ele estava falando e não era de me ter rejeitado, a Rita era e ainda é a nossa melhor amiga e ele e ela são unha com carne era óbvio que ela ia ter falado com ele. A realidade é que há muitos anos antes eu tinha tido um crush o primeiro e que ele e um amigo dele me tinham estuprado e ela foi das poucas pessoas que eu me abri.

— Está tudo bem — eu disse abaixando o rosto, não era verdade, ainda não estava tudo bem.

— Sei que não deve querer falar, e eu não devia estar perguntando, mas o Steve... — ele ia começar a falar. Acenei com a cabeça antes de ele acabar aquela frase, confirmando a suspeita dele sobre a participação de Steve.

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