𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 11

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Estava naquele carrinho ainda vendo por um buraco, eu me afastar, me veio algo à cabeça, talvez algo para não me fazer pensar no que eu tinha visto. Eu pensei se ele estaria mesmo nu, e se o tinha estado assim quando Felipa entrou, quase ri com o meu próprio pensamento. Mas logo voltei depois à realidade, ele me tinha traído e eu tinha sido tola por ter me apegado. Agarrei o meu corpo com as mãos tentando me proteger. Não tinha ouvido sequer a porta ser fechada, mas ao olhar através do buraco o que eu vi foi o corredor. Felipa ainda ia empurrando o carrinho e não tardou a chegarmos ao quarto onde antes tínhamos estado.

Ao chegar lá e ela fechar a porta sai do mesmo, talvez com raiva entranhada em mim. Após sair do carinho eu fiquei encarando Felipa, não sabia o que dizer, e sem mesmo ter a consciência do que estava fazendo, me peguei, pegando o colarinho da camisola de Felipa e lhe gritando:
— Era isso que você queria não era, agora pode dizer, eu bem avisei você -

Larguei o seu colarinho e senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Não era isso que eu queria, você sabe muito bem, eu não queria que você estivesse sofrendo não queria mesmo Cati — disse ela parecendo de certa forma arrependida.

— Mas a realidade é essa né, você sempre teve razão, eu não me devia apegar a ninguém, como você — eu disse a minha voz ainda trazia muita raiva.

— Eu digo isso porque adoro você, mas você é diferente de mim, sim, eu não me apego, ou não me apeguei ainda, mas vai haver um dia que vou me apegar e sofrer ou não como você — disse ela parecendo verdadeira e logo acrescentando — eu sei que eu digo que o amor é algo desnecessário, eu o digo porque no passado sofri demais e por isso sou assim mais fria, mas você é um coração de ouro por isso você sofre mais do que eu e não tem mal nisso porque eu adoro você minha amiga do mesmo jeito.- sabia e via que ela estava sendo honesta, com um pouco da raiva já passando eu me abracei a ela e deixei que a dor que eu sentia pudesse ser confortada de alguma forma por aquele abraço. E também eu percebi que o antes, ela ter dito que não se tinha apegado a ninguém era mentira, porque ela tinha sofrido...

— Obrigada — eu disse para ela.

— Não precisa agradecer, acho que eu sempre achei que ele não o ia fazer, mas a realidade é que ele é cafajeste mesmo — disse ela com uma raiva também aparente na voz.

— Que você vai fazer agora? — perguntou Felipa quando se afastou do meu abraço.

— A única coisa que tenho a fazer, você sabe que ele tem um quartinho que fica às vezes quando trabalha até mais tarde, mas a maioria das vezes fica em minha casa e dos meus pais, então, as roupas dele estão lá, vou lhe entregar a roupa e o mandar embora eu não sou pessoa de aceitar uma traição assim. — eu informei a ela.

— E eu nem deixaria que você aceitasse — disse ela passando as mãos pelo meu rosto limpando algumas lágrimas que ainda escorriam.

Saímos daquele quarto tempo depois, durante o percurso até casa de Felipa, eu fui pensando porque merecia algo assim uma traição, me lembrei que ele tinha falado com a ex, aquela garota uma vez ao mesmo tempo que falava comigo e se calhar eu merecia mesmo. Não queria gritar eu não era de fazer alarido ou barraco mesmo, mas eu sentia que ele ia mentir para mim ou não me contar de todo que estava com ela.

Fiquei em casa de Felipa durante umas horas, ficamos em silêncio eu queria pensar em tudo. Depois de umas horas voltei para casa, me dirigi ao meu quarto, peguei as roupas dele com raiva, tinha vontade de as rasgar, mas eu era melhor que isso não o ia fazer ia apenas esperar e ver a cara de pau dele.

Os meus pais iam passar a noite em casa da irmã da minha mãe e eu achei melhor até, eles não estariam lá ouvindo o que eu ia lhe dizer. Não ia ficar engolindo tudo e não lhe dizer nada ele ia ouvir também. Tinha receio de ter uma recaída e o beijar, por isso pedi a Felipa que ficasse comigo, noutro quarto para se eu tivesse realmente uma recaída. Pouco tempo depois bateram à porta, não abri logo eu tinha que fazer uma cara como se eu não soubesse nada.

Tentei por a melhor cara de poker face e fui abrir. Ele estava radiante, a cara dele demonstrava felicidade, era óbvio a razão eu quis vomitar só por ver a cara dele, mas não o fiz. Quando ele chegou perto de mim e me beijou nos lábios eu tive que ter muita força para não o bofetear naquele momento.

Peguei numa das suas mãos e o encaminhei até ao quarto, imaginei que ele pensaria que iríamos transar, mas não. Ao chegar ao quarto vi a cara dele mudar para curiosidade ou cara de quem não tava entendendo vendo malas, aquelas malas tinham a roupa dele lá dentro.

— Que se passou vamos-nos mudar? — perguntou ele.

— Eu não, você sim, — eu disse a minha cara já começava a transparecer raiva.

— Porquê? — perguntou ele tentando me tocar.

— Ainda pergunta, a tarde foi boa com a Marília? — perguntei vendo a cara de espanto dele.

— Do que você está falando? — perguntou ele.

— Você foi apanhado querido — disse Felipa logo aparecendo atrás dele. Após ele se virar para trás e ver ela, ele tentou negar.

— Vai acreditar nela e não em mim? — perguntou ele numa voz doce se eu não tivesse visto era possível que eu tivesse caído nessa.

— Eu vi você com ela, ela não me contou, porque você acha que o carrinho tinha problemas técnicos hen? — eu disse quase rindo na cara dele.

— Você sabe que eu só fiz isso, porque você não sabe se pode ter filhos...- começou ele dizendo, o interrompi — Vai usar essa desculpa? Você sabe muito bem que eu não me importava de ter um filho com você, mas tenho a certeza que não só isso — acabei por dizer.

— Você ama ela? — perguntei especada o olhando.

— Eu amo vocês duas, de duas formas diferentes — lá usou ele a famosa frase " amo vocês duas de duas formas diferentes ", algo que todo o homem babaca usa.

— É mesmo, não me diga... Mas eu não amo você, depois de ter visto o que vi não amo — eu respondi parecendo empoderada. Mas eu ainda o amava.

— Pega as suas coisas e vai embora — eu pedi, tentei controlar a lágrima que queria aparecer no canto do olho mordendo o lábio.

— Você não quer fazer isso — disse ele tentando apelar ao que eu sentia por ele.

— Posso até não querer, mas é o que eu tenho de fazer, por favor sai antes que eu me arrependa e faça alguma coisa que eu não queira. — eu disse, eu não ia fazer nada, porque apesar de tudo, da frustração eu ainda o amava.

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