𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 37

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E se o diabo não comer apenas o seu pé...

O meu corpo estava realmente estatelado naquele sofá, as luzes todas apagadas, como todas as quintas feiras era dia de filme, neste caso filme de terror o melhor gênero. Em casa apenas estávamos eu e o meu irmão Yuri. Era um filme novo com espíritos,magia e mortes.

A noite estava quente e abafada. Ao que parecia boa, não havia lua naquela noite, apenas um nevoeiro abundante.

As persianas das janelas estavam abertas, Yuri sempre o faz pensando que quando o mesmo se escapulir no meio daquela escuridão e bater no vidro das janelas aquilo me vai assustar e fazer olhar para a janela, isso realmente às vezes acontece.

Já tínhamos comido, apenas estávamos de pijama assistindo o começar do filme. O ambiente de filme era perfeito, assustador e cheio de suspense.

Num momento as luzes se apagaram, pensei que realmente iam voltar a se acender rapidamente, mas não foi o que aconteceu. Apesar de saber que Yuri podia estar por trás disso e mesmo não estando, ele ia aproveitar o momento para me picar.

— Lembra da mamãe dizer que você não pode dormir nua como sempre faz? O diabo vai comer os seus lindos pés quando você os deixar descobertos esta noite — já era hora de ele parar de graça, sim mamãe sempre diz isso, mas nenhum de nós é criança e essa frase só me faz lembrar um meme que tinha visto no face.

Apesar de no fim ter rido ao lembrar do meme, o meu coração ainda estava acelerado. Ver o início do filme, ouvir a voz de Yuri e até o seu toque pelo meu braço, me arrepiou fez o meu corpo tremer e os pelos do meu braço se arrepiarem.

— Para não tem graça.— disse, não gostava de alguém me tocar depois de estar assustada.

— Que é que eu fiz ....— a sua risadinha do final, se soubesse onde ele estava tinha realmente batido no seu rosto.

— Me tocou, sabe que não gosto disso. — apesar de ter constatado o óbvio Yuri não respondeu.

Quando passou uns minutos e eu ainda estava no sofá uma luz começou aparecendo, ele tinha saído do meu lado e ido buscar uma vela, grande novidade, o meu maninho estava mudando. Ambos devagar fomos andando cada um com as mãos agarradas no suporte debaixo da vela. A adrenalina ainda me percorria, o meu corpo ainda estava assustado apenas com o teor do filme. Após subirmos as escadas Yuri abriu a porta do seu quarto e logo entrou deixando a vela comigo.

— Pode ficar com ela medrosa, não vai querer que o bicho papão ataque você — eu pensava que ele tinha entrado, mas não era realmente a verdade ele veio uma vez mais me assustar. Dessa vez pouco ou nada fez efeito no meu corpo.

Continuei andando até chegar bem em frente à porta do meu quarto, ao abrir-la como a mesma era meia antiga rangeu e aí o meu corpo voltou a estar em alerta.

Com a escuridão era meio difícil correr para a cama e me por debaixo dos lençóis como sempre faço, devido à vela na minha mão. Apenas a pousei em cima da mesa de cabeceira e logo com o coração aos saltos me enfiei na cama deitada, busquei o cobertor e tapei a minha cabeça. Como se aquilo fosse impedir que algum espírito ou algum ser de outro mundo me atacasse. Se a luz não se tivesse apagado era provável que no final do filme eu tivesse ficado assim, já tinha 19 anos mas isso sempre acontecia quando era um filme de terror novo.

Segundos depois, minutos na realidade, quando o meu corpo realmente sossegou descobri a minha cabeça e fiquei olhando fixamente a chama da vela. Parecia que o fogo trazia o calor e fazia o meu corpo se acalmar.

Talvez um hora depois eu ainda acordada, mas mais calma a luz voltou, o sabia pois a luz do corredor sempre se acendia. Fiquei pensando se iria lá embaixo ver de novo o filme, mas já que estava na cama no quentinho não o ia fazer.

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