Capítulo 16 - Que Raiva!

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(Rama)

No quiero dejarme atrapar (Não quero deixar que me prendam)

No quiero perder mi señal (Não quero perder meu sinal)

(Mar)

No quiero mis alas cortar (Não quero cortar minhas asas)

No quiero perder mi libertad (Não quero perder minha liberdade)

Eu estava em meu quarto pensando no que eu poderia fazer para Bartô e Justina serem desmascarados de uma vez por todas sem eu precisar denunciá-los, queria que as máscaras dos dois caíssem sozinhas, mas como? E nisso aquele desmiolado entrou em meu quarto, e assim que o vi, me levantei rapidamente da minha cama.

- Hey, você não pode entrar no quarto das meninas assim. - Falei.

- O que foi? Acha que eu não sei que os seus amiguinhos vivem aqui? Só eles podem, é?

- O que você quer? - Cruzei os braços e os encarei.

O homem me deu uma sacola e um papel com um endereço e o nome de um homem, e eu já soube do que se tratava, infelizmente. Ai, que ódio! Já não bastando roubar, eu ainda era obrigada a entregar drogas, que raiva! E se alguém me visse com essas porcarias, eu estaria lascada, pois iriam achar que eu sou alguma drogadinha, quer dizer, nada contra quem usa, mas realmente não é a minha praia.

Eu fui até o endereço que aquele ser desprezível me deu, fiquei alguns minutos esperando, até que um homem chegou. Ele devia ter cerca de 30 anos, era alto, devia pesar uns 90 quilos, tinha barba por fazer e fedia a álcool e cigarro.

- É você que o Bartô mandou? - Perguntou o homem ao me olhar dos pés à cabeça, fazendo eu me sentir mal.

- Aham. - Respondi sem graça.

- Ele não me avisou que você era tão linda. - Acariciou meu rosto, fazendo eu me desviar de sua mão imunda. - Você vem junto com a encomenda?

- Não, babaca.

- Ui, a gatinha está nervosa!

Revirei os olhos e fiz menção em sair quando o idiota me pegou pelo braço, fazendo eu ficar com raiva e medo, ele que não se atrevesse a colocar aquelas patas imundas em cima de mim.

- Me solta, imbecil! Me larga! Tá maluco?

- Estou. Maluquinho por você! - Tentou me beijar à força, e eu tentei me desviar dele, que me segurava pelos dois braços.

- Solta ela! - Falou uma vez que eu conhecia muito bem.

Era o Rama. Acho que nunca fiquei tão feliz por ver o louro. Ele havia aparecido na hora certa, senti um alívio imenso ao vê-lo.

- Ora, ora. O Príncipe encantado chegou para salvar sua donzela. - O homem ironizou.

Nisso, Rama olhou pra mim, senti que ele estava pensando o que fazer, e eu estava pensando o mesmo. O homem se pôs a olhar para mim, falou algo idiota, e então vi quando Rama pegou uma carrefa de vidro, que estava no chão e bateu com a garrafa na cabeça do homem, que de desequilibrou e caiu.

- Corre Mar!

Joguei a sacola daquelas porcarias no chão, perto daquele idiota, porque ele havia até esquecido de pegar a sua ''encomenda'', e então saimos correndo como se não houvesse amahã. Nem olhamos para trás para saber se ele estava os seguindo ou não, mas confesso que eu havia ficado muito assustada, pensei que ele fosse... Não, não quero nem pensar nisso...

Assim que nos afastamos, paramos para descansarmos um pouco e tomar um pouco de fôlego, pois não aguentávamos mais correr e correr.

- Você está bem. - Me perguntou ao colocar as mãos em meu rosto, se pondo a me olhar fixamente.

- Aham. Estou. Muito obrigada. - O abracei, lhe pegando de surpresa.

- Vem, vamos pra casa.

Fomos até o abrigo em completo silêncio, ninguém disse mais nada. Eu não conseguia tirar da cabeça o hálito repugnante daquele homem bem perto de mim, e aquelas mãos imundas em meu rosto e em meus braços. Tive tanto medo. E tudo culpa daquele desgraçado do Bartô, se não fosse ele... E por culpa dele quase que algo pior acontecesse.

Rama pegou em minha mão, me passando confiança, segurança e proteção. Achei muito fofa a atitude dele. Rama era um garoto muito legal, e vivia sendo bacana comigo.

Assim que chegamos no abrigo, entramos em casa, e logo aquele infeliz veio até a gente, perguntando se eu havia feito o serviço sujo pra ele, o que me deu mais raiva.

- Sim, levei sua ''encomenda'' pro seu amigo tarado. - Respondi.

- Quê? - Perguntou se fazendo de desentendido.

E então, Rama partiu com tudo pra cima de Bartô, que nem conseguiu se defender, pois havia sido pego de surpresa. O Louro o pegou pelo colarinho e disse:

- Sabia que aquele desgraçado tentou beijar a Mar à força? Mas claro, você não se importa com isso, porque não liga pra ninguém, aposto que se o pior tivesse acontecido, você nem ligaria, porque você é tão podre como ele. E deixa a Mar fora disso, eu levo tudo o que precisar, mas não peça a ela e nem a Jazmin pra fazerem isso. Tato e eu podemos fazer isso. Mas elas não, senão eu contarei tudo o que se passa aqui. E eu falo sério. - Ficou encarando aquele homem podre.

E nisso, Cielo e Luz apareceram e se surpreenderam com a cena.

- Rama? O que você está fazendo? - A mulher perguntou.

Rapidamente, o garoto soltou Bartô, que ajeitou sua roupa. Rama e eu nos olhamos em silêncio.

- Eu posso saber o que houve?

Merda! Rama não podia ter se exaltado assim, agora Cielo estava desconfiada (o que não era nada mal, mas perigoso pra gente), e certamente Bartô não deixaria barato, algo me diria que ele faria Rama se arrepender disso, e eu estava com medo pelo garoto. E droga! O que dizer pra Cielo? Acho que estávamos encrencados. 

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