(Mar, Rama, Jazmin, Tiago e Tato)
¿Cuál es el costo de ganar? (Qual é o custo de ganhar?)
¿Cuál es el miedo de perder? (Qual é o medo de perder?)
Cuál la carrera? (Qual é a corrida?)
¿Cuál la llegada? (Qual é a chegada?)
Cuál el camino y cuál la cortada? (Qual é o caminho e qual é o atalho?)
- Tiago? - Perguntei surpresa e com medo dele ter visto demais.
- O que você está fazendo aqui? E o que está escondendo? - Tentou olhar o que eu tinha atrás das minhas costas.
- Hã... nada... - Coloquei a nota rapidamente no bolso traseiro da minha bermuda. - O que você está fazendo aqui?
- Ah, eu tinha ido à casa de um amigo que mora aqui perto, o Márcio, lembra dele?
- Infelizmente. - Falei mais para mim do que para ele.
Nisso, me lembrei que o infeliz do pai do bonequinho de plástico, estava me esperando, e ele não podia me ver com o garoto, pois eu não estava muito afim de ficar careca, pois eu até que gostava muito cabelo, ok, que eu reclamei algumas vezes por ter cabelo muito liso e querer ter cacheado, mas isso já passou, hoje em dia eu até que gosto dele, e melhor cabelo liso, do que cabelo nenhum.
Então, despistei o garoto, e com isso, consegui ir até onde estavam Bartô e Justina, que por sorte, não desconfiaram de nada, e lhes dei tudo o que eu havia conseguido naquelas horas.
- Muito bem! - O homem disse com um sorriso mais falso do que garota de programa tentando parecer virgem. - Está ficando boa nesse trabalhinho.
- Isso não é um trabalho. - Falei.
E por sorte, fomos dispensados do trabalho sujo. Assim que entramos no abrigo, Aleli e Murilo foram correndo procurar por Cris e Luz para brincarem, e eu escutei o rascunho do Capeta chamar por Rama, mas não parei para ver o que ele queria com o garoto, pois estava muito chateada e só queria ir pro meu quarto pra soltar um pouco da minha fúria.
Me joguei em minha cama, peguei um travesseiro, coloquei no rosto e gritei, depois comecei a dar diversos socos no travesseiro. Nisso Jazmin entrou e ficou parada vendo minha reação.
- Você sabe que isso não é o Bartô e que esse pobre travesseiro não tem culpa de nada, né? - A loira perguntou.
- Eu estou com raiva, com muita, muita, muita raiva. - Falei. - Por culpa daqueles dois charlatões o Tiago quase me descobriu hoje.
- Merda! Isso é ruim, muito ruim. Quer falar sobre isso?
A garota sentou ao meu lado e eu comecei a falar pra ela sobre como havia sido tudo, ela me escutou com atenção e ficou muito preocupada, pois se Tiago tivesse descoberto pra valer, a gente estaria ferrados, e ele jamais acreditaria que o paizinho dele estava envolvido nisso, capaz que aquele pai tão amoroso e legal, faria uma coisa horrível dessas (contém sarcasmo).
E de repente, Rama surgiu bufando de raiva, tipo, sabe aqueles desenhos que o bonequinho fica soltando fogo pelas orelhas? Rama estava igual.
- O que houve com você? - Jaz perguntou.
E nisso, Tato entrou (porque aqui parece casa da mãe Joana, ninguém sabe bater, acham o quê? Que só porque a porta está aberta, podem sair entrando assim?) ''Sair entrando'', ok, isso soou meio estranho, mas vocês entenderam. Eu espero.
- Aquele louco. - O cabeludo disse.
- O que ele fez? - Perguntei.
- Lembram quando a Aleli se machucou e ele queria que a gente continuasse roubando, e eu disse que ''não'' para ir atender a minha irmã?
Jazmin e eu acenamos positivamente com a cabeça.
- Então, ele ficou putinho, achou que eu estava desafiado ele, e... - Estendeu as mãos.
- Ele fez isso? - Perguntei apavorada. Rama acenou positivamente com a cabeça. - Que filho da pua!
Rama estava com as mãos muito machucadas, quase em carne viva, o garoto nos contou que como ''castigo'' por desobedecer aquele filhote de cruz credo, o homem acabou batendo em suas mãos com um pedaço de madeira. Como ele podia? Como alguém pode ser tão cruel? E a troco de quê? O que ele ganha com isso? Prazer? Juro que não entendo o que leva um ser humano a machucar outro assim, só porque quer.
Jaz, Tato e eu cuidamos dos machucados do louro, que gemia de dor, e pediu pra gente não comentar o que o homem havia feito com ele para Aleli, pois ele não queria que a garota soubesse disso. Mas eu nem pensava em contar pra ela, eu queria contar era pro Nico e pra Cielo. Enfaixamos as mãos do garoto, que ficou muito agradecido, e... caralho, eu estava com muita dó dele, fiquei imaginando sua dor, ah, eu estava tão puta com tudo isso. Não era justo a gente passar por tudo isso em silêncio.
(...)
Mais tarde quando fomos jantar, nos sentamos à mesa, e Nico já foi logo perguntando para Rama:
- O que houve? Se machucou?
Percebi o olhar intimidador de Bartô para Rama, por conta da pergunta de Nicolas.
- Ah sim, fui passar uma camisa e acabei me queimando, mas nada grave.
- Vê se toma um pouco de cuidado da próxima vez. - Cielo disse ao servir um pouco de suco para o garoto.
- Pode deixar. - Ele deu um falso sorriso.
Eu olhei com muita raiva por termos que ficar quietos diante de tamanhos absurdos. Eu só queria saber até quando isso continuará.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Dois Mundos
RomansaMarianella é uma jovem de 16 anos, que foi tirada da guarda dos pais ainda muito criança, e passou a viver em abrigos. De gênio difícil e bastante rebelde, acabava sempre se metendo em confusão, e por isso era sempre transferida para outro abrigo. A...