Capítulo 23 - Procurados

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(Jazmin)

Vos ya sabes, bien lo sabes (Você já sabe, sabe bem)

Vos ya sabes que no te escucha o no le importa (Você já sabe que não te escuta ou não se importa)

Y no te dá lo que queres (E não te dá o que você quer)

Vos ya sabes (Você já sabe)


Cinco dias. Sim, já fazia cinco dias que havíamos fugido, e até que estávamos nos virando muito bem nas ruas, esse negócio de cantarmos em praças até que estava dando certo, e eu estava gostando disso, era super divertido, e ainda conseguíamos ganhar um dinheiro legal, pelo menos não estávamos passando fome.

Estávamos sentados em um banco esperando por Rama e Aleli que haviam ido à padaria para comprar algo para comermos, porém, de repente, os dois voltaram correndo, pareciam assustados.

- O que houve? - Jaz perguntou.

- Na padaria tinha uma TV com foto nossa. - Disse Aleli.

- Estão procurando mesmo pela gente. - Disse o mais velho.

Droga! Por que será que queriam nos encontrar? Só podia ser coisa do Nico e da Cielo, porque aposto que aqueles infelizes da Justina e do Bartô não iam querer nos achar, quer dizer, só se fosse pra gente roubar de novo pra eles. Acho que agora estávamos lascados, pois com a nossa imagem estampando os noticiários qualquer pessoa poderia nos reconhecer e nos entregar para aqueles imbecis, e sem falar que isso podia melar com o fato de estarmos cantando e tal. Merda! Por que eles não podem esquecer da gente?

- E agora? O que fazemos? - Murilo perguntou. - Eu não quero voltar a roubar, isso é errado e eu sou muito novo para ser preso.

- Fica calmo, você não vai preso. - Falou Tato. - Ninguém vai.

- Rama, eu não quero voltar pro abrigo. - Aleli disse ao abraçar o irmão.

Confesso que eu estava muito preocupada com isso, eu também não queria ser obrigada a voltar para o abrigo, não queria ter que passar por tudo de novo, e sem falar que eu não queria nem pensar o que poderia acontecer conosco se nos encontrassem, com certeza Justina e Bartô não fariam nenhuma festa por nossa causa, pelo contrário, iriam querer cortar nossa cabeça, e eu não estava com vontade de ser um corpo ambulante por aí. Se bem que... Ah, como será que estão a Cielo, o Nico e o Thiago? Aposto que o filhinho do Bartolomeu nem lembra mais que eu existo, claro, não que eu me importe com isso, até porque eu não estou nem aí pra isso, não ligo mesmo pra esse bonequinho de plástico, que se acha o dono do mundo.

- Mar, você está bem? - Rama perguntou. - Ficou calada de repente.

- Estou preocupada. - Falei. - E se nos encontrarem?

- Não vão. Logo mais já vão esquecer da gente, você vai ver. - Deu um leve sorriso.

- Tomara!

- Sabe... Apesar de estarmos na rua, tendo que nos virar pra conseguirmos comer, e pegando um pouco de chuva as vezes, até que tem um lado positivo nisso tudo. - Falei.

- Sério? Qual?

- Pelo menos eu pude ficar mais perto de você. - Falou me fazendo rir.

- Como se a gente não morasse na mesma casa.

- Mas nunca ficamos tão próximos assim. - Falou ao me olhar fixamente, me deixando meio envergonhada.

Nisso, Jaz e Tato se aproximaram da gente, fazendo Rama se afastar de mim, e a loura nos perguntou o que podíamos fazer à respeito, mas infelizmente eu não conseguia pensar em nada, o ideal seria a gente fugir pra outro estado, mas infelizmente não tínhamos dinheiro pra isso.

E de repente, ouvimos uma sirene de polícia, assustados, nos escondemos. Porém, de onde estávamos, eu pude ver quando a viatura passou pela gente, os policiais pareciam estar procurando algo ou alguém, talvez fosse nós, mas graças a Deus, eles não nos viram. Merda! Acho que estávamos ferrados, e os pequenos estavam tão assustados, porém, estávamos tentando tranquilizá-los. Mas, não podíamos ficar de braços cruzados esperando que eles nos encontrassem, e decidimos seguir como estávamos, continuaríamos fazendo nosso show para ganharmos dinheiro para poder comprar comida.

No dia seguinte, fizemos nossa apresentação na mesma praça de sempre, e todos gostaram muito, e havia até um casal que falou que foram lá só para nos ver, ai, eu fiquei me sentindo uma celebridade super famosa.

- Ai amiga, estamos fazendo sucesso. - Jaz falou ao me abraçar.

- É, acho que eles gostam das nossas músicas. - Falei ao dar um leve sorriso.

Assim que terminamos nossa apresentação, paramos para contar quanto havíamos ganhado naquele dia, e havíamos conseguido 62,00, ah, eu estava adorando isso, era uma forma fácil e honesta de conseguir dinheiro.

- Quem vai ao mercado? - Perguntou Zeca. - Estou com fome!

- Ah, eu vou. - Falei.

O mercado não era muito longe de onde estávamos, dava uns 10 ou 15 minutos. Eu fui sozinha porque todos os outros estavam cansados, Jaz até se ofereceu para ir comigo, mas como ela estava reclamado de dor nos pés antes, eu falei que ela poderia ficar.

Fiz todas as compras, e paguei com o dinheiro que havíamos conseguido de forma limpa e honesta, porém, quando me virei para sair do supermercado tive uma enorme surpresa, que fez eu derrubar as compras no chão.

- Mar?

- Você?

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora