(Tiago)
Y quiero recordarte (E quero te lembrar)
Tal como te vi (Do jeito que te vi)
Sonriendome a lo lejos (Me sorrindo de longe)
Cuando me despedi (Quando me despedi)
Alguns dias haviam se passado. Eu não aguentava mais ter que roubar para Justina e Bartô, mas ao mesmo tempo era a primeira vez que eu tinha uma amiga, e... Jazmin era tão legal comigo, eu sentia como se a gente se conhecesse desde sempre, sabe? E eu nunca havia tido uma amiga assim, que gostasse de mim de verdade, e ela até me contava seus segredos, ela chegou a me dizer que era super apaixonada pelo Tato, mas que morria de medo de contar isso para o garoto, pois não sabia o que ele sentia por ela, e bom, eu não era super experiente no assunto, afinal, eu nunca havia namorado e ainda era BV, mas acho que Tato também gostava de Jaz, tipo, pela forma que ele a olhava ou que balançava o cabelo quando ela estava por perto.
- Mar, posso te fazer uma pergunta? - Jaz perguntou.
- Claro.
- Por que você briga tanto com o Thiago? Está sempre dando patadas nele...
- Como ''por quê''? Não é óbvio? Olha de quem ele é filho...
- Mar... O Thiago não tem nada a ver com o pai, ele não sabe que o Bartô é um ser asqueroso, pra ele o homem é uma pessoa incrível, eu aposto que se Thiago soubesse o pai que tem, o odiaria tanto como a gente. Ele é do bem, Mar.
Fiquei pensando nas palavras que a garota havia me dito, será que Thiago era tão bonzinho assim? E como ele podia ter um pai feito Bartô e não saber de nada? Mas... Bom, Jazmin conhecia ele há bem mais tempo, devia saber mais sobre ele do que eu, só que... sei lá, ele era tão metido, se achava o tal só porque tinha um rostinho bonito, mas ele nem era o garoto mais lindo do mundo, se achava só porque era convencido, e eu não gosto desse tipinho.
Pouco depois acabei pegando no sono, e tive um pesadelo com aquele filhinho de papai metido a gostoso.
(...)
- Mar... Mar... - Jazmin pulou em cima de mim, me acordando.
- Ai, garota! Quer me matar, é?
- Claro que não, senão quem que eu vou incomodar?
- Ah, é? - Dei uma travesseirada na loira.
- Vem logo, antes que a Justina apareça.
- Ai, nem me fala dela. - Levantei da cama e fui em direção ao banheiro.
É, eu ainda odiava acordar cedo, mas até que estava sendo um pouco mais fácil nos últimos dias, acho que eu já estava acostumada com a minha nova rotina, não que eu gostasse dela porque isso seria impossível, mas já estava acostumada.
Assim que Jaz e eu terminamos de nos arrumar, descemos as escadas, e fomos até a cozinha, onde tomamos café com todos. No mesmo silêncio de sempre.
Assim que eu terminei meu café, fui em direção da sala, pois iria pegar minha mochila, para ficar mais real a farsa do colégio, porém, nisso, Thiago me chamou. Me virei e o vi ali parado, com um leve sorriso. E então ele se aproximou de mim, me deixando imóvel.
- Mar, toma! - Me ofereceu um chocolate.
- O que é isso? - Perguntei surpresa ao pegar o doce.
- É um chocolate!
- Jura? Pensei que fosse uma beterraba. - Falei arrancando risos dele. - Por que está me dando isso?
- Ah... - Deu de ombros. - É pra você começar bem o seu dia. Tenha uma boa aula.
Sorriu, piscou o olho para mim e saiu, me deixando completamente muda e sem reação, eu não sabia o que dizer, confesso que ele havia me pegado de surpresa.
Nisso, Jaz apareceu e veio até mim, já questionando sobre o chocolate.
- Mar? Quem te deu isso?
- O Thiago. - Falei.
- Uiii, o Thiago... - Falou soando meio malicioso.
- Para, garota! Ele só foi gentil.
- Engraçado que comigo ele nunca foi gentil assim. - Disse a loira.
E como alegria de pobre dura pouco, em seguida, Justina e Bartô apareceram nos chamando para ''irmos para a escola'', eu escondi o chocolate que Thiago havia me dado para os dois carrascos não verem, pois certamente eles tirariam o meu doce que o garoto havia me dado.
E lá fomos nós para o sótão, onde ficamos por umas 4h, e estava começando a ficar entediante, tipo, a gente conversava e fazia alguns jogos no começo, mas depois ficava um silêncio constrangedor no ar.
Eu não tinha ideia de que horas era, mas já havia passado bastante tempo, e eles ainda não haviam ido ''nos buscar'', Aleli chegou a dizer que achava que eles haviam esquecido da gente, e eu estava começando a achar isso, e então no tédio, eu comecei a cantar.
- ''Esto que yo siento acá, que no lo puedo explicar, esto que me pasa, estas ganas de volar.''
- ''Esto que yo siento acá, que no me deja pensar, que nació de golpe, el deseo de cambiar.'' - Continuou Rama.
- ''Eso que dicen tus ojos, que yo solo puedo ver, como un ángel en el cielo, quiero creer, quiero creer.'' - Cantou Jazmin.
E então, Jazmin, Rama, Tato e eu cantamos juntos.
- ''Un amanecer, angeles del mundo podemos ver, un amanecer, angeles del mundo queremos ser.''
E antes que a gente pudesse continuar, ouvimos um barulho, e nos calamos imediatamente, eram os dois filhotes de cruz credo, que chegaram com aquelas caras azedas como se tivessem chupado dois limões estragados.
- Até que enfim. - Resmungou Aleli.
- Como é? - Justina perguntou seriamente ao encarar a menina.
- Nada não, nada não.
E então, fizemos todo o trajeto de volta ao abrigo, e assim que entramos, eu vi Thiago sentado no sofá, e quando o garoto me viu, ele veio rapidamente até mim.
- Nossa, demoraram. - O garoto falou.
- Pois é, seu adorável papai e a doce Justina demoraram para nos buscar. - Falei.
- Ah... Hey, quer fazer algo?
- Tipo o quê? - Perguntei.
- Qualquer coisa... O que você quiser... Você decide. Topa?
E eu estava prestes a aceitar quando vi Bartolomeu escondido nos observando, e o homem balançou a cabeça em sinal negativo.
- E então, Mar? - O garoto perguntou chamando a minha atenção.
- Hã... Desculpa, eu não posso. Acabei de me lembrar que prometi ajudar a Jaz com umas coisas.
- Mas não pode ajudar depois?
- Não vai dar, quem sabe em uma próxima.
Sai em direção da cozinha, e fui seguida por Bartô, que me pegou fortemente pelo braço e falou:
- Escuta aqui, sua infeliz, o meu filho não é para você, e eu não quero saber de você amiguinha dele. Meu filho não é da laia de vocês. Fui claro?
- Foi.
- Sim, senhor. - Fiquei encarando-o. - Fala!
- Sim, senhor.
- Muito bem, assim que eu gosto.
E então escutamos as vozes de Nico e Malvina, o que fez o homem me soltar rapidamente. Fui batendo os pés de raiva até o meu quarto. Ai, como eu o odiava! Ele se aproveitava do seu cargo e isso está muito errado, como eu queria contar pra Cielo ou pro Nico, tenho certeza de que eles nos ajudariam. Ah, será que isso só terá fim quando sairmos do abrigo?
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Entre Dois Mundos
RomansaMarianella é uma jovem de 16 anos, que foi tirada da guarda dos pais ainda muito criança, e passou a viver em abrigos. De gênio difícil e bastante rebelde, acabava sempre se metendo em confusão, e por isso era sempre transferida para outro abrigo. A...