Capítulo 2 - O Novo Lar

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(Mar, Jazmin, Rama, Thiago e Tato)

Estoy listo para ir (Estou pronto para ir)

Hay que aprender a compartir (Tem que aprender a compartilhar)

Los sueños que hay en ti (Os sonhos que há em você)

- Olá, sejam bem vindas. - O homem sorriu. - Eu sou o Bartolomeu, podem me chamar de Bartô. Entrem, entrem, por favor.

Rosa e eu adentramos o lugar e eu passei a olhar cada detalhe. Era tão grande. E estava tão silencioso, o que me surpreendeu um pouco.

O homem pediu para uma mulher (que mais tarde se apresentou como Justina) chamar todos para me conhecerem, eu disse que não era necessário, mas ele fez questão, e ainda frisou o quanto eu adoraria eles, que eram incríveis e blá, blá, blá, como se eu fosse ser super amiga deles...

Aos poucos algumas crianças e adolescentes começaram a descer as escadas, eu olhei para cada um para gravar os rostos que eu veria nos próximos dias, até ser transferida novamente.

Eles foram se apresentado, um por um, haviam 4 crianças (sendo duas meninas e dois meninos) que não deviam ter mais de 8 anos, um garoto que devia ter uns 12 anos e os mais velhos deviam regular comigo de idade, eram uma garota e dois garotos, eles não pareciam insuportáveis, mas eu tinha certeza de que eram.

- Jazmine, querida... - Bartolomeu dizia.

- É Jazmin. - Corrigiu a loira.

- Isso, isso aí. Leve a Mariana para conhecer onde ela vai dormir.

- Marianella! - Falei.

- A Mari, que seja.

- Prefiro que me chame de Mar.

- Que nem o mar da praia? - Uma das meninas pequenas perguntou.

- Isso.

- Eu não conheço o mar. - Falou com o olhar triste.

Ah, confesso que os pequenos eram tão lindinhos, eu adorava criança, porém, havia algumas que eram terríveis, em um dos abrigos que eu passei, os pequenos viviam pregando brincadeiras de mau gosto comigo.

A tal Jazmin me levou até o andar de cima, onde ficavam os quartos, e fomos seguidas pelos demais.

- Esse aqui é o nosso quarto. - Falou a garota. - E essa é a minha cama. - Se sentou em uma das camas. - Você pode dormir nessa. - Apontou para a cama que tinha ao lado da cama dela.

- Legal! - Coloquei minha mochila na cama que a garota tinha falado. - Tem mais garotas além da gente?

- Não. Tinha, mas a Débora fez 18 anos e saiu do abrigo, e a Camila foi adotada com os irmãos menores dela.

- Ah, Mar, né? - Um dos garotos perguntou. Acenei positivamente com a cabeça. - Boa sorte, você vai precisar.

- Quê? Como assim? - Olhei para Jazmin. - Por que ele disse isso?

- Cala boca, Rama. - A loira falou. Logo se dirigiu para mim. - Não dê bola pra ele.

Eles até pareciam legais, me receberam super bem, e eu achei legal isso, mas ainda achava que eles não eram tão legais como estavam querendo parecer.

- E é só vocês aqui? - Perguntei.

- Tem o Thiago também, o filho do Bartolomeu, mas faz dois anos que ele está nos Estados Unidos, foi fazer intercâmbio lá. Ouvi o Bartô dizer que ele está pra voltar. - Falou Tato.

Nisso, Rosa apareceu e se despediu de mim. Eu gostava muito dela, era super legal, e eu a conhecia desde que fui tirada dos meus pais, ela sabia tudo sobre mim e sempre me tratou com doçura, era quase como uma mãe para mim.

Rosa fez eu prometer que eu me comportaria dessa vez, mas isso não dependia de mim, e sim, se não iriam pegar em meu pé, porque eu também não tenho sangue de barata.

Rosa foi embora e eu fiquei vendo a partir como das outras vezes. Ah, confesso que eu não aguentava mais isso de viver trocando de abrigos, eu só queria passar os dois anos que me restava em algum lugar que eu pudesse chamar de casa, que eu visse como um lar, um lugar que eu fosse feliz, queria ter amigos, queria ter pessoas que gostassem de mim e que se preocupassem comigo, coisas que eu nunca tive.

E no momento que Rosa estava indo embora, um homem entrou no abrigo.

- Pai! - Gritou um dos pequenos.

- Nico! - Gritaram os outros menores.

O homem se apresentou para mim. Ele se chamava Nicolas e era dono do abrigo, junto de Bartô, pelo que me contaram, o pai do Nicolas era amigo de infância de Bartô, e os dois eram sócios, sendo o abrigo dos dois, e quando o pai do Nico faleceu, acabou passando a parte dele para o filho.

Nico era um homem alto, acho que beirava uns 35 anos, tinha cabelo castanho e cacheado e olhos azuis, e pelo pouco que notei, todos pareciam gostar dele, e ele parecia ser legal.

(...)

À noite, todos jantamos na cozinha e depois fomos nos aprontar para dormir, Jazmin e eu fomos para o nosso quarto, e a loira não parava de falar, acho que estava pensando que éramos amigas, tipo, seria legal ter uma amiga, mas... ah, eu tinha tanta dificuldade de confiar nas pessoas, sentia como se fossem me trair, me machucar, então, eu preferia ficar na defensiva, pelo menos, assim ninguém me machucava.

- Você se lembra dos seus pais? - Jazmin me perguntou ao deitarmos em nossas camas.

- Lembro. Mas queria não lembrar. Nunca foram bons pais. Eles brigavam muito, lembro do meu pai batendo na minha mãe, eu chorava e pedia pra ele parar, mas ele não parava. E eles também nunca ligaram muito pra mim, era como se eu não existisse.

- Sinto muito. - Falou soando sincero.

- E você se lembra dos seus pais? - Perguntei.

- Não. Eles me deram pra um casal quando eu ainda era bebê, os dois que me criaram, eles eram incríveis, sabe? Foram melhores que qualquer pai e mãe, mas infelizmente eles morreram em um acidente de carro quando eu tinha uns 10 anos, daí eu vim parar aqui.

- Que droga! - Falei.

Pouco depois acabamos dormindo, e assim terminava meu primeiro dia naquele lugar estranho, que eu teria que me acostumar.

No dia seguinte, todos foram pra escola, e como ainda não haviam me matriculado, acabei ficando no abrigo. Nico me levou para tomar sorvete, mas a verdade era que ele queria saber mais de mim. Eu fiquei vendo-o falar sobre algo que eu não estava prestando atenção, e sem querer, acabei esbanjando um pequeno sorriso. Acho que pela primeira vez eu havia gostado de um abrigo, afinal, nunca tinham me recebido tão bem antes, e aqui as pessoas pareciam tão legais e amigáveis.

Quando voltamos para o abrigo, o mais velho entrou para resolver uns assuntos, e eu fiquei no pátio sem ter o que fazer, estava entediada.

Comecei a andar pelo pátio no maior tédio, e acabei me distraindo com uma linda borboleta, que estava voando por perto de mim, era azul, minha cor favorita, era a borboleta mais linda que eu já vi na vida, e então, enquanto eu brincava de segui-lá, acabei perdendo o equilíbrio, e cai na fonte que havia no local. E então, vi uma mão esticada na minha direção. Olhei para cima e vi um garoto que até então, eu não tinha visto ainda. E ele era... lindo. O garoto mais lindo que eu já havia visto em toda minha vida. 

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora