Capítulo 29 - A Patricinha

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(Rama)

Abre tus ojos (Abre teus olhos)

Mírame (Me olhe)

Estoy perdido buscándote (Estou perdido te buscando)

Serás la misma (Você será a mesma)

La que siempre amé (A que sempre amei)

Abre tus ojos (Abre teus olhos)

Tócame (Me toca)


Era uma segunda - feira. Jaz me acordou bem cedo, pois precisávamos ir para nossa falsa escola. Ah, como eu detestava acordar cedo pra fazer um belo nada. Após acordar, eu precisava de uma meia hora só pra lembrar meu nome e Jazmin precisava me empurrar até o banheiro para eu fazer minha higiene matinal e tomar banho, pois só após um belo banho pra preguiça ir embora (não totalmente).

Jaz esperou eu tomar banho e depois descemos para tomar café. Alguns já estavam postos à mesa e outros foram chegando aos poucos. Nos sentamos à mesa, Jaz ao lado do Tato e eu sentei de frente para minha amiga e ao lado de Rama. Pouco depois, Thiago apareceu e sentou do meu outro lado, me deixando meio sem graça e sem saber o que fazer.

- E aí, como está a escola? - Thiago me perguntou. - Está gostando?

- Aham. Está legal. - Menti.

- E tem alguma matéria que você não é boa?

- Hã... Português.

- Ah, é minha matéria preferida, se quiser posso te ajudar.

- Não precisa, ela é minha colega, eu a ajudo. - Disse Rama se intrometendo na conversa.

- Não estou falando com você, dá licença. - Voltou a se dirigir para mim. - E qual a matéria que você é melhor?

- Matemática!

- Sério? Que ótimo! Eu sou péssimo em exatos, você podia me ajudar, né?

Merda! E agora? Como eu sairia dessa? Era verdade que eu não era boa em português (na real, eu era péssima), mas eu também não era tão boa em matemática, quando eu estudava de verdade até que tirava algumas notas médias em matemática, mas eu nem sabia o que Thiago estava aprendendo na escola, e se eu não soubesse ensiná-lo? Ah, e sem falar que Bartô me mataria se soubesse que estou mais perto do Thiago do que ele permite.

- Ah, quem sabe... - Falei ao coçar minha nuca, como eu fazia cada vez que estava nervosa ou mentindo.

Nisso, Bartô e Justina apareceram e eu comecei a comer, ficando em silêncio imediatamente. Quando Nico ou Cielo não estavam por perto, todos faziam silêncio durante as refeições, inclusive Thiago, Cris e Luz, pois eles também sabiam que Bartô e Justina odiavam falatório durante as refeições, mas claro que com eles, os dois falavam de forma mansa e educada, por incrível que pareça.

Após o café da manhã fomos para o sótão para fingirmos que estávamos na escola, e isso me dava tanto tédio, as vezes eu até dormia um pouco, assim o tempo passava mais rápido.


                                                                              (...)


À tarde, Rama e eu estávamos sentados em um banco no pátio quando avistei Thiago entrando no abrigo, e ele estava acompanhado de uma garota, e infelizmente ela era linda.

- Quem é? - Perguntei, me referindo à garota.

- É a chata da Dolores, ela mora na casa da frente, é amiga e colega do Thiago.

- Amiga?

- Sim. Quer dizer, eu acho. É evidente que ela gosta dele, mas não sei se eles têm algo, nunca os vi de mãos dadas ou se beijando, por exemplo.

- Ah, entendi... - Falei enquanto observava-os.

- Ela é um nojo, e também é amiga do Márcio, daí quando se junta os dois já viu.

- Não quero nem ver.

- Nem queira mesmo. - Riu.

Fiquei observando os dois, que conversavam em outro banco do pátio. A garota ria o tempo todo e mexia no cabelo, provavelmente, tentando jogar charme para ele. Revirei os olhos com a cena patética daquela garota. Eis que ela me viu, e eu disfarcei o olhar. Nisso, escuto Rama me chamando.

- Quê? - Me virei para ele.

- Você não estava me ouvindo, né? - Perguntou meio chateado.

- Ai, desculpa, perdão...

- Tudo bem... - Falou cabisbaixo.

- Mas, e aí? O que você dizia?

- Eu queria saber se você quer ir ao cinema comigo hoje à noite.

- Ah... Eu... Hã... Temos dinheiro pra isso?

- Deixa comigo que eu dou um jeito. - Sorriu. - Mas você quer?

- Ah, pode ser.

- Legal! - Deu um sorriso maior do que o anterior.

Assim que Justina fez sinal para o garoto, que foi até ela, eu resolvi ir até a cozinha para beber algo, pois estava morrendo de sede. Tomei um copo de suco de abacaxi, e assim que me virei para sair, dei de cara com a tal Dolores.

- Você deve ser a tal Mar, né? - Me encarou dos pés à cabeça.

- Marianella pra quem eu não conheço. - Falei.

- Dolores. Sou amiga íntima do Thiago.

- Que legal! Aproveite!

Fiz menção em sair, mas ela parou em minha frente, trancando a minha passagem, o que fez eu dar uma suspirada profunda. Ah, mal a conhecia e já não gostava dela.

- O Thiago me falou de você, e espero que você não se meta no nosso caminho, porque eu sempre consigo o que quero, e eu quero o Thiago, e pode ter certeza que eu faço o que for preciso para alcançar meu objetivo.

A garota me encarou muito séria, o que me deu um certo medo, parecia até filha do Bartô e da Justina. Nisso, Thiago apareceu.

- Ah, você está aí. - Falou para a cobrinha. Logo olhou para mim. - Vejo que já conheceu a Mar.

- Sim, estávamos conversando, ela é muito simpática, até me ofereceu um copo d'água, ah, eu aceito. - Falou com um falso sorriso.

Me encarou. Eu sorri de maneira cínica e servi o copo d'água e dei para ela, como a garota havia pedido. Ah, que menina insuportável! Deixei os dois sozinhos e depois fui para meu quarto, e assim que entrei, avistei Jazmin sentada em sua cama se penteando.

- Ah, como ela é insuportável! - Falei ao sentar na minha cama.

- Justina? - Jaz perguntou.

- Ela também. Mas eu estava falando da Dolores. - Revirei os olhos ao falar o nome da garota.

- Ah sim... Ela é super metida, se acha superior que todos e é uma patricinha de quinta. Mas não dá bola, amiga.

Ah, eu queria não ligar, mas não consigo, e estava começando a me arrepender de não ter falado poucas e boas pra ela. Ah, mas se ela vier me encher, ela vai ver só, não vou ficar calada, não, odeio gentinha como ela. E se ela quer guerra, guerra terá.

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