Capítulo 22 - Seja Bem Vinda Liberdade

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(Jazmin)

Es el tiempo de enterrar lo que está muerto (É tempo de enterrar o que está morto)

Y es el tiempo de nacer a un mundo nuevo (E é tempo de nascer em um mundo novo)

(Rama)

Es el tiempo de dejar lo que ya no vuelve más (É tempo de deixar o que já não volta mais)

Mar

Confesso que eu estava gostando muito de poder ser livre e de não precisar roubar e nem entregar drogas para aqueles idiotas. Ok, não tínhamos uma casa para morar, ficávamos na rua com muito frio e uma hora nossa comida acabaria, mas era tão boa essa sensação de liberdade, de poder fazer o que a gente quer, na hora que a gente quer.

Estávamos caminhando pelas ruas, quando Rama avistou algo e parou de caminhar como se tivesse visto um fantasma, o que chamou nossa atenção.

- O que houve? - Perguntei.

- É o carro do Bartô.

O loiro apontou para em uma direção, e olhamos para onde ele havia apontado, e realmente era o carro daquele infeliz, a cúmplice dele, Luz e Tiago também estavam no veículo, e o garoto parecia estar chorando, o que chamou a minha atenção, ele parecia triste, mas por que estaria? Ele não era muito amigo de ninguém. Nossa, agora que eu falei isso me soou tão triste, ele morava em uma casa com alguns adolescentes da mesma idade dele, mas não tinha amigos na casa, seus poucos amigos eram da escola, agora até me lembrei de quando eu morei nos outros abrigos, eu também não tinha amigos, só que a diferença era que todo mudo vivia pegado no meu pé e implicando comigo. Mas talvez o fato de Tiago não ter amigos no abrigo pode ser culpa do pai dele, pois lembro que uma vez ele mandou eu não me aproximar do filho dele.

- Se escondam! - Disse Tato.

Nos escondemos atrás de árvores e de carros, que estavam estacionados, e tentamos fazer o máximo de silêncio que conseguimos para que não nos vissem, pois não queríamos ser obrigados a voltar e ter que passar por tudo aquilo de novo, e sem falar que se aqueles dois nos encontrasse, estaríamos ferrados, pois o nosso castigo seria o pior possível.

O carro passou por onde estávamos escondidos, e para nossa sorte, ninguém nos viu. Quando percebemos que já estava um pouco longe da gente, saimos dos nossos esconderijos.

- Essa foi por pouco. - Falou Aleli ao sentar em um banco.

- E põe pouco isso. - Disse Murilo ao sentar ao lado da amiga.

E de repente ficou aquele silêncio no ar. Ninguém dizia nada, era como se todo mudo estivesse pensando em algo. E nisso, eu comecei a cantar:

- ''Es un lugar sin nombre y te perderás, nadie lucha por nadie, no les importas.''

E então, Jaz e Tato cantaram juntos enquanto trocavam olhares tímidos:

- ''No hay manos que ayuden, pero llegarás.''

E então, Rama, Jaz, Tato e eu cantamos juntos:

- ''Porque hay una canción que no olvidarás nunca. Si me esperas, volveré, si me llamas, estaré, si me buscas, seguiré, si me callas, gritaré. Si me esperas, volveré, si me llamas, estaré, si me buscas, seguiré, si me callas, gritaré, estoy aquí otra vez, estoy aquí otra vez.''

E nisso, Zeca falou:

- Claro! É isso! Como não pensamos nisso antes?

Olhamos para ele sem entender do que o garoto estava falando, e então, ele disse todo empolgado:

- Pensem comigo! Vocês cantam muito bem, certo?

- Certo! - Murilo e Aleli disseram.

- E essa é a nossa chance para conseguirmos dinheiro. - Falou Zeca. - Vocês podem cantar nas ruas, e assim podemos conseguir uns trocados pra comida.

Sabem, a ideia não era nada ruim, até que Zeca teve uma ideia legal pra gente poder conseguir dinheiro para comprarmos comida. Porém, eu nunca tinha cantado antes pra outras pessoas, na verdade, era mais um hobbie, algo que eu fazia mais pra mim do que para os outros, e eu só havia cantado perto dos meus amigos, e eu nem sabia se cantava tão bem assim, acho que com Jaz, Rama e Tato acontecia o mesmo.

- O que vocês acham? - Jaz perguntou.

- Ah, por mim, pode ser. - Disse Tato.

- Por mim também. - Falou Rama.

Os três olharam para mim, esperando que eu falasse algo, mas eu ainda estava pensando sobre a ideia, porém, após pensar um pouco, eu acabei concordando, quer dizer, não custava tentar.


                                                                                                   (...)


Estávamos caminhando quando paramos em uma praça muito movimentada, haviam casais namorando, pessoas passeando com seus cachorros, crianças brincando... Acho que era o lugar perfeito para cantarmos, pois havia muita gente no local.

Encontramos um ponto na praça e então começamos a cantar, e em poucos segundos, já havia várias pessoas ao nosso redor, haviam parado para nos verem, confesso que estava me sentindo uma cantora super famosa. E enquanto cantávamos, os menores ficavam pegando dinheiro que as pessoas estavam dando.

Cantamos três músicas, e fizemos até umas coreografias que havíamos ensaiado rapidamente. Após isso, fomos embora da praça e contamos quanto havíamos conseguido de dinheiro, ao todo tínhamos conseguido 50,00, até que já dava pra comprar bastante coisa.

- Nossa, se em menos de uma hora conseguimos 50,00, imagina se fizéssemos isso o dia inteiro, todos os dias... - Falou Rama.

- Podíamos ficar ricos. - Falou Aleli super empolgada.

- Também não é pra tanto. - Disse Tato.

Ah, confesso que eu estava bem feliz, eu havia gostado de cantar, foi legal, e as pessoas pareciam terem gostado, o que me deixou muito feliz, e eu nem achava que cantava tão bem assim, já estava torcendo para haver outras oportunidades. Até que morar nas ruas podia ser legal. 

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