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POV | Lena Kieran Luthor

— Acho que a gente devia chamar um médico? — Samantha pergunta pra Andrea sem se importar que eu escute. — Já faz mais de meia hora que ela está assim.

Ando de um lado para o outro da suíte enquanto milhares de pensamentos correm por minha mente me dizendo o que fazer.

E mesmo assim, eu ainda não faço ideia.

— Não — Responde Andrea finalmente parando de olhar para mim e se encostando na jacuzzi, tragando seu vape. — Quero ver no que isso vai dar.

Paro repentinamente de andar. Com a cabeça para baixo, falo mais para mim do que para elas:

- Kara Zor-El, Kara Zor-El...

Repentinamente, uma almofada voa no meu rosto.

— Você não consegue pensar em mais nada além dessa vadia? — Samantha se encosta perto da jacuzzi, mas não entra.

Nem consigo me incomodar. Deixo uma risada incrédula escapar, me lembrando da nossa conversa mais cedo.

— Vocês sabem o que ela me disse? — Me viro na direção das duas. — "Eu não sou a porra do seu cachorro".

Samantha começa a rir e Andrea abre um sorriso, ambas nitidamente gostando do meu desconforto.

— Essa aí está quase mais difícil que você — Provoca Samantha, puxando o vape de Andrea e dando uma tragada. — Acho que ela disse uma coisa parecida pra mim.

Minha cabeça parece que vai explodir. Me jogo na enorme cama no meio da suíte e fecho os olhos, tentando pensar em qualquer outra coisa para variar.

Mas não funciona.

Quando fecho os olhos, a única coisa que vejo são olhos azuis claros, um nariz pequeno que se franze quando está bravo e lábios avermelhados cheios.

Só vejo Kara. De olhos abertos, fechados, acordado, dormindo... ela parece ter grudado em minha mente como a porra de um parasita.

Pra completar, sua voz ecoa na minha cabeça em um replay de "eu te odeio, Lena Luthor".

Abro os olhos.

Não, não é humanamente possível eu estar incomodado com o fato de ela me odiar. Eu também a odeio. Pra caralho.

Mas alguma coisa nela eu não odeio. Alguma coisa dela me enlouquece de um jeito que nunca achei que fosse possível. Da última vez que fiquei muito próximo dela coloquei a minha mão em sua cintura e quase achei que não ia mais conseguir tirar, sendo que eu a coloquei ali justamente para fazer uma barreira entre o seu corpo e o meu.

Eu precisava controlar minha vontade de grudar sua pélvis contra a minha. De senti-la.

Meu Deus. Eu preciso parar com isso. Sinto que vou morrer desse jeito.

Pulo da cama e vou em direção ao alvo de dardos do outro lado da suíte. Pego os dardos e os atiro no alvo, tentando extravasar minha angústia, raiva, desconforto ou qualquer merda que eu esteja sentindo.

— Tudo bem — Andrea começa enquanto levanta da jacuzzi e enrola uma toalha em seu corpo. —, está na hora de acabar com essa palhaçada. Já nos divertimos o suficiente com ela e precisamos parar de pegar leve.

— Ela acha que pode me enfrentar — Atiro um dardo com força. — Ela realmente acredita nisso.

— Bom, está na hora de mostrar que isso não é verdade, Lee. — Retruca Andrea. — Talvez você devesse ter deixado aqueles garotos terminarem o serviço com ela.

Paraliso com um dardo na mão. Eu só posso ter escutado errado. Me viro em sua direção e começo a andar, sem conseguir me controlar.

— Lena! — Samantha se coloca na minha frente e me segura, me impedindo de chegar até ele. — Qual a porra do seu problema? Você ia bater nela?

—  Por acaso você escutou o que ela disse? — Rebato sem tirar os olhos de Andrea, que me encara com o rosto indecifrável.

— Sim, e você sabe que ela só fala merda — Retruca. — Mas bater nela? Essa garota deve estar mexendo pra caralho com a sua cabeça.

Eu a empurro para trás, me soltando dos seus braços.

— Não — Minto. — Vocês mais do que ninguém sabem como eu me sinto em relação à esse tipo de violência. Prometi pra mim mesmo e pra minha mãe que nunca deixaria isso acontecer, com ninguém. — Respiro fundo e volto a encarar Andrea. — E eu não vou tolerar isso nem das minhas melhores amigas.

— Sinto muito — Fala Andrea, suavizando sua expressão. — Eu tinha me esquecido disso por um segundo. Não foi o que eu quis dizer.

Não respondo.

— Eu só estou puta porque não aguento ver você assim — Continua ela. — Ela está acabando com o Instituto e com você. Precisamos fazer alguma coisa e tirar essa desgraçada de perto de nós o mais rápido possível.

— Com isso eu concordo — Samantha entra na discussão.

— E eu acho que já sei como — Acrescenta Andrea.

Ela anda até uma mesinha no canto da suíte e começa a mexer em um iPad, procurando por alguma coisa. Eu e Samantha nos encaramos, ambas sem nenhuma ideia do que quer dizer.

E então, um sorriso se abre no rosto de Andrea.

— Se isso aqui não destruir ela, então mais nada vai — Fala.

Ela anda até mim e entrega o iPad, Samantha se aproximando para ver do que estamos falando.

Um calafrio percorre meu corpo. Isso não pode ser verdade.

— Meu. Deus. — Pronuncia Sam, completamente em choque. — Andrea, você é uma gênia. Uma gênia do mal, mas definitivamente uma gênia.

Um turbilhão de emoções me consome. Parece bom demais pra ser verdade, mas ruim demais ao mesmo tempo. Por um segundo, duvidas brotam em minha mente: "será que eu devia espalhar isso? Será que não estou passando dos limites?"

"Será que vou cometer um erro?"

Mas então, outra coisa brota em meus pensamentos: "Eu te odeio, Lena Luthor." O soco, os xingamentos e a falta de respeito dela varrem como um tornado minha mente, me inundando outra vez de ódio e acabando com qualquer dúvida que antes eu pudesse ter.

Não importa o quão bonito seja seu rosto, eu não vou deixar essa garotinha raivosa me vencer.

Um sorriso se espalha em meus lábios e minhas ambas amigas me encaram, percebendo que uma nova ideia acabou de surgir.

— Irmãs — Começo. —, está na hora de darmos nossa festa anual em Titanos. E esse ano, máscaras.

Sorrisos também se abrem em seus rostos, começando a me entender.

— E dessa vez, eu vou destruir Kara Zor-El de uma vez por todas. Vou derrubá-la e garantir que não reste mais nada para levantar de novo.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora