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– Kara, você prestou atenção no que eu disse? – Eliza fala enquanto puxa meu braço, irritada com a minha falta de atenção.

Saio do meu transe, pensando e repassando sem parar tudo que aconteceu na noite anterior. No que Lena disse para mim, no que eu respondi e em como ela foi embora, sem nenhuma chance de voltar.

– O quê? – Falo, tentando me recompor.

Eliza solta um suspiro incomodado enquanto me analisa rapidamente.

– Kara, você sequer dormiu essa noite? – Ela pergunta. – Você parece um zumbi.

Não tenho nem força de vontade para revirar os olhos.

– Tive um pesadelo – Respondo secamente. – O que você tinha dito mesmo?

Levemente desconfiada, ela diz;

– Vai ter uma tempestade de trovão hoje de noite, então vamos ter que ir mais cedo para a minha festa de noivado. – Eu assinto com a cabeça. – Estou falando sério, é perigoso e eu não quero você pelas ruas. Vamos ficar lá até acabar, tudo bem? – Assinto com a cabeça novamente. – Me prometa. Isso é importante para mim, então quero que você me prometa.

Que ótimo. Prefiro ser atingida por um trovão do que ter que ficar presa naquela festa fingindo ser simpática com pessoas que nunca foram legais comigo ou com a minha mãe.

Mas obviamente eu não digo isso para Eliza.

– Prometo – Finalmente respondo, tentando ocultar minha má vontade.

– Ah, quase me esqueci – Ela retoma. – Onde a filha da Lilian Luthor foi?

Automaticamente sinto uma pontada no meu coração. Não sei o que estou odiando mais no momento: Lena ou eu.

Por incrível que pareça, acho que sou eu.

– O nome dela é Lena, Eliza, não "filha da Lilian Luthor". – Eu digo asperamente. – E ela precisou voltar para o Instituto – Termino, sem conseguir pensar em uma desculpa melhor.

Eliza iria me decapitar se soubesse que eu briguei com ela e a mandei embora.

Não tenho certeza se Lena realmente foi embora, mas depois do que aconteceu ontem, não duvido que ela tenha pegado o seu jatinho e se mandado para o mais longe o possível de mim.

Pelo menos é o que eu faria, se pudesse.

– Eu sabia que isso era bom demais para ser verdade – Ela simplesmente fala, levemente cabisbaixa. – Queria apresentá-lo a todos na minha festa e de repente fazer vocês dois se apresentarem juntos, como meu presente.

Agora sim eu reviro os olhos. Me coloco rapidamente na sua frente.

– Com "apresentá-la" você quer dizer "exibi-lo como um chaveiro para todo mundo ter inveja de você"? – Falo sem filtro nenhum, deixando-a perplexa. – E eu realmente não estou me sentindo bem em dançar na frente de todas aquelas pessoas. Eles sempre me julgam, eu dançando bem ou não.

Eu engulo em seco, percebendo a expressão mortífera em seu rosto. Talvez ela me decapite agora mesmo.

– Kara, você está passando dos limites. – Eliza dispara engrossando a voz, se aproximando de mim. – E você vai dançar sim. Com ou sem aquela garota, você vai se apresentar na frente de todo mundo e mostrar como é boa e como melhorou depois de se mudar. É o mínimo que você pode fazer por mim depois de tudo que eu fiz para você.

Eu só quero me enterrar no momento. Não estou com cabeça para isso.

– Agora começa a se arrumar de uma vez, eu quero ver você lá daqui a duas horas, tudo bem? – Ela comanda, me fazendo desistir de enfrentá-la.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora