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Mesmo depois de ajudá-la, o seu jeito de me agradecer é me fazendo cair no chão. Se Lena quisesse, ela com certeza poderia ter me segurado a tempo.

Mas obviamente ela não o fez. E por que faria?

Só porque tivemos uma única conversa em que não quisemos nos matar – pelo menos na maior parte – as coisas mudariam entre nós? Não sei por que estou surpresa e... levemente decepcionada.

Ela ainda me odeia, eu sei disso. Mas tudo bem, porque eu também ainda a odeio.

– Você devia prestar mais atenção por onde anda – Lena se curva para poder olhar em meus olhos, falando com um sorriso de canto e se divertindo em me ver caída no chão, bem na sua frente.

Prendo o ar quando percebo que seus machucados doloridos ainda estão no rosto. Uma fita branca no final da sobrancelha e outra em uma pequena parte do queixo deixam evidente que ela teve de tomar pontos. O canto da sua boca também está cortado e o seu olho direito está inchado, contornado por um roxo no lugar onde Mon-el a atingiu.

Por minha culpa.

Eu sabia que os machucados não desapareceriam rápido, mas não pensei que eles fossem ficar tão ruins assim... não que eu me importe, claro.

Lena estende despreocupadamente a mão em minha direção, sem desviar por um segundo sequer seus intensos olhos dos meus.

Por mais que eu queira aceitar a sua mão, eu recuso. Dou uma discreta revirada de olhos e levanto-me rapidamente dando um suspiro pesado, irritada com ela.

Ela finalmente para de me encarar e vira o rosto dando uma pequena risada de ar sem som ainda e, de alguma forma, se divertindo. Lena recolhe a mão e cruza os braços, voltando a me olhar. Seu maxilar se cerra e o sorriso irônico em seu rosto reduz suavemente.

– Você cai sozinha e fica brava comigo? – Ela fala maliciosamente, levantando as sobrancelhas.

Solto uma pequena risada incrédula.

– Você que resolveu parar na minha frente – Retruco, segurando a conexão ardente do nosso olhar.

– Como você sabe? – Ele rebate dando uma pequena lambida perversa nos lábios. – Você sequer estava olhando para frente.

– E você estava olhando pra onde para não conseguir me ver? – Digo cruzando os braços, exatamente na mesma posição que a sua.

Lena pisca tranquilamente enquanto tenta conter o surgimento de um novo sorriso em seu rosto. Ela ergue e inclina levemente a cabeça para o lado, me intimidando.

– Nia – Ela chama sem tirar os olhos de mim. –, você viu toda a cena. Ela caiu sozinha ou eu a derrubei?

Automaticamente viro meu rosto para Nia, esperando pacientemente sua resposta. Lena segura o olhar por alguns segundos em mim e, em seguida, também se vira em direção à minha amiga.

– Eu... ahn... – Nia arregala os olhos, assustada, e morde o lábio para dentro, nervosa por não saber de qual lado ficar. – Ah...

Lena e eu arqueamos as sobrancelhas ao mesmo tempo.

– Eu tenho que fazer uma... coisa – Ela fala relutantemente, engolindo com dificuldade. – Vocês... é... hm... a gente se vê mais tarde, Kara. Boa... boa sorte.

Ela não fala o "boa sorte" para mim. Ela fala para Lena, como se eu fosse a pessoa mais perigosa entre nós três.

E antes que pudéssemos questioná-la, Nia já está correndo para longe de nós – como se alguma coisa fosse explodir.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora