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– NINGUÉM SAI DESSE BANHEIRO – Lena grita com tanta raiva que parece prestes a pegar fogo.

Ou melhor, prestes a atear fogo no banheiro e queimar o prédio inteiro até o chão.

Seu cabelo preto está bagunçado e alguns pequenos fios grudam em sua testa pelo suor. Ela ofega pesada e rapidamente – e eu não tenho ideia se é porque está com muita raiva ou se é porque correu como se estivesse em uma maratona.

Seja lá qual for o motivo, nenhum deles faz sentido para mim.

– QUEM SAIR, EU VOU ATRÁS – Ela vocifera com os punhos cerrados, se aproximando das garotas pálidas de terror. – DEEM UM PASSO, E EU FAÇO VOCÊS PROVAREM DO PRÓPRIO VENENO.

O ar do banheiro parece ter sido completamente arrancado e sugado por Lena de tão sufocante que é. Tenho a impressão de que, se eu realmente tentasse, conseguiria escutar todos os corações do local pulsando freneticamente, sendo cada vez mais engolidos pelo pânico.

– Ah, vocês não querem? – Lena diz ironicamente, ainda fervendo de raiva. – Não querem que eu faça o mesmo com vocês?

Nenhuma delas responde. Ela solta algo semelhante à uma risada, mas não parece achar nem um pouco engraçado. Sua boca se abre levemente e sua língua se enrola e corre rapidamente pelos seus lábios.

Em seguida, Lena morde o lábio superior tão forte em raiva que parece prestes a rasgá-lo.

– Eu quero todas vocês aqui – Ela começa enfurecidamente, mas sem gritar. Ao invés disso, pronuncia as palavras calmamente, o que é ainda mais assustador. – Quero vocês todas aqui agora, na minha frente.

Olho toda a situação pelo reflexo do espelho, evitando de todas as formas fazer contato visual com qualquer uma das meninas.

As garotas se colocam em duas linhas na frente de Lena como se fossem soldados e ela, a general. A prodígio espera em silêncio todas se posicionarem. Em seguida, cruza o banheiro e pega uma lata de lixo preta – aparentemente vazia.

– Me deem os seus celulares – Ela ordena. O seu maxilar está cerrado com força e o olhar é tão afiado e mortífero quanto uma lâmina. – Todos.

As meninas se olham perplexas, extremamente confusas e tremendo de medo.

Apesar de eu querer muito, evito sorrir por vê-las em uma situação humilhante e apavoradora – realmente provando um pouco do próprio veneno.

– Por acaso vocês são surdas? – Lena diz cinicamente, sua voz engrossando de raiva.

Todas as garotas andam rápida e desajeitadamente até ela, colocando em seguida os seus celulares dentro da lata de lixo.

– Você não – Ela diz firmemente para a última garota. – Gravou alguma coisa hoje?

Ela acena negativamente com a cabeça, nervosa.

– Ótimo. Fique com ele aí que eu já cuido dele.

E então, com a lata de lixo cheia de celulares caríssimos, de edição limitada e importados, Lena liga o chuveiro na temperatura mais quente. As garotas arregalam os olhos. Um sorriso perverso se abre no rosto da prodígio e, como se não fossem nada, ela mergulha a lata de lixo debaixo da água, ensopando completamente todos os celulares.

Imediatamente uma fumaça alta começa a sair da lata, fervendo o sistema de todos os aparelhos apenas para garantir que, se algum deles for a prova d'água, não terá nenhuma chance de salvação.

As garotas gemem de dor e dão gritinhos, como se alguma parte do seu corpo tivesse sido arrancada – e algumas choram como se tivessem acabado de perder um parente.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora