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Lena e eu passamos a maior parte do dia treinando. Mesmo ela estando acordado há mais de um dia e eu estar com os pés cheios de bolhas, não podemos mais perder tempo. Depois da conversa que tive com a minha mãe, tomei um banho – chorei tanto que não sabia o que era água do chuveiro e o que eram lágrimas – e fui direto ao estúdio treinar com Lena, ignorando o fato de ser um sábado.

– Quando nós voltarmos para o Instituto – Lena começa assim que chegamos na rua, logo após o final do treino. –, cancele qualquer outra coisa que você ia fazer. Vamos passar todo o tempo livre que tivermos praticando essa coreografia.

– Concordo – Respondo, sentindo um nervosismo palpitar em minha cabeça.

Vou ter que passar quase todos os dias depois da viagem ao lado de Lena tocando-a e sendo tocada por ela.

Que ótimo. Cat cavou o meu túmulo e eu me joguei dentro.

– Quanto tempo você tem até o casamento? – Pergunta Lena, olhando para mim enquanto andamos.

– Tenho uma hora até ter que me arrumar – Digo olhando rapidamente meu celular, vendo que a cerimônia é daqui a duas horas e meia.

– Ótimo – Ela fala enquanto abre um sorriso perverso no rosto e segura meu pulso, me puxando em direção ao pequeno centro da cidade.

– Ei! – Grito cambaleando, tentando acompanhar Lena. – O que você...

– Eu nunca vi uma cidade pequena de perto antes – Comenta ela sem me olhar, quase me ignorando. – Quero ver que tipos de pessoas moram aqui e o que elas fazem. – Finalmente seus olhos verdes se viram para mim – E você vai me mostrar.

Ainda sendo puxada rapidamente, eu solto uma risada alta.

– Lena, está falando sério? – Falo entre risadas. – Você acha que estamos em um zoológico?

Subitamente ela para. Lena se vira e nossos olhos magneticamente se encontram, fazendo um choque percorrer meu corpo. Seu olhar abaixa até sua mão segurando meu pulso e, voltando os olhos para mim, diz:

– Lee – Ela afrouxa a pegada do meu braço. – Você pode me chamar de Lee.

E como se fosse a coisa mais normal do mundo, ela desce a mão até a minha e entrelaça os seus dedos nos meus, segurando-os firmemente – tão firme que sinto como se nunca mais fosse me soltar.

Estou tão surpresa que travo completamente, apenas movendo os meus pés conforme Lena me leva com ele.

Quanto mais perto chegamos do centro, mais pessoas nos observam. Todo mundo se conhece, então ver uma garota como Lena – rosto machucado, tatuada e com roupas caríssimas – é quase como ver um animal exótico de outro mundo, extremamente lindo.

E de mão dadas comigo então...

– Espera – Paro de andar assim que vejo um local muito familiar. Me desvencilho de Lena e entro em uma pequena rua vazia, pouco antes do centro da cidade.

Paro em frente ao prédio velho e antigo, descascando, como sempre, em tinta amarela.

– Que coisa mais feia e podre é essa? – Lena pergunta se colocando do meu lado, julgando a construção.

Reviro os olhos e respiro fundo, evitando me estressar.

– Essa "coisa feia e podre" é um dos meus lugares favoritos da cidade – Retruco com um sorriso, sentindo a nostalgia me inundar.

Lena vira lentamente a cabeça na minha direção, a expressão debochada e irônica no rosto.

– Você bateu a cabeça em algum lugar quando era criança? – Ela me provoca, mas não tenho cem por cento de certeza de que não está falando sério. – Porque isso explicaria muita coisa.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora