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– Não vai – Ela diz olhando nos meus olhos e contorcendo o rosto de dor em seguida por ter se mexido. – Você... você não pode ir.

– Que diferença faz? – Provoco irritada. – Eu não deveria estar aqui de qualquer jeito, não é?

Inclino meu corpo como se fosse continuar andando, mas Lena não solta meu pulso. Na verdade, ao invés disso, ela segura com mais força, me impedindo de ir. Ela respira fundo com dificuldade e fecha os olhos esforçadamente, por conta da dor.

– Obrigado – Fala com um tom suave em sua voz, abrindo os olhos verdes cristalinos e me encarando com seriedade. – Obrigado por ter me ajudado.

Minha respiração tranca. Isso aconteceu de verdade ou eu apenas alucinei? Abro a boca para falar, mas Lena acrescenta antes disso:

– Agora volta aqui – Ela diz como se estivesse me dando uma ordem, engolindo com dificuldade enquanto sinaliza com a mão para eu me sentar ao seu lado. – Eles podem... podem ver você.

Abro um sorriso pequeno, satisfeita.

– Isso foi tão difícil assim? – Digo me sentando cuidadosamente ao seu lado.

Lena revira os olhos e fica em silêncio, bravo por ter cedido a mim. Para preencher a quietude entre nós, resolvo tomar coragem e fazer uma pergunta que estou louca para saber a resposta.

– Já que a briga virou minha também, posso saber por que isso aconteceu? – Me viro em sua direção e falo rapidamente, tentando acabar logo com isso. – Quero dizer, por que você bateu na irmã de Mon-el em primeiro lugar?

Lena vira os intensos olhos verdes para mim e engole com dificuldade, ponderando se deveria me contar ou não.

– Você não precisa saber – Ela responde secamente, voltando o rosto para frente e encostando a cabeça na pedra.

Não quero insistir nisso e deixá-la mais irritada ainda, já que eu realmente não preciso saber e só pergunto por pura curiosidade.

– Eu só acho que... – Tento acrescentar uma ideia, mas Lena me corta rapidamente e volta novamente seu rosto para mim.

– Sabia que você é bem menos irritante quando está fora de si? – Comenta abrindo um minúsculo sorriso de canto, me examinando com os seus fulgentes olhos verdes enredados em um brilho malicioso - querendo me provocar.

Meus olhos se arregalam e sinto minhas bochechas ruborizarem, não querendo lembrar do que aconteceu. Em sequência, percebo que ele acabou de me ofender e automaticamente minha expressão se retrai, indignada.

– Ei, eu nã... – Tento contradizê-la, mas Lena solta uma risada por conta da minha reação.

Quando estou prestes a tentar rebater novamente, ela geme de dor, parando imediatamente de rir.

Seu rosto deve estar bem machucado devido à briga, mas não consigo ver a seriedade deles com todo o sangue espalhado os encobrindo.

– Eu posso... – Instintivamente começo a levar minha mão até seu lábio para tirar o sangue e ver se consigo fazer alguma coisa, mas ela segura meu pulso assim que me aproximo, cerrando o maxilar e perfurando meu rosto com os olhos verdes fumegantes.

Eu engulo em seco, atônita com o choque tenso que percorreu meu corpo como fogo. Não deveria estar pensando nisso agora, mas ela realmente é bonita. Muito bonita. Até com o rosto machucado consegue parecer uma modelo caracterizada prestes a aparecer na capa da vogue.

Apesar de estar escuro, estamos pertos o suficiente para conseguirmos nos ver precisamente e para escutarmos os sussurros um do outro. Os resquícios da luz lunar em nossa direção, fazendo o cabelo de Lena parecer azul de tão preto, e o silêncio da noite dominado por distantes sons do vento, dão a sensação de sermos os únicos no mundo. Parados no tempo.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora