44

584 83 11
                                    


Se eu vejo ela do mesmo jeito que ela me vê?

Com toda certeza.

– Kara – Lena chama minha atenção, esperando por qualquer resposta minha.

Seus olhos parecem suplicar aos meus, quase implorando para que eu externe a mesma coisa que se passa em minha cabeça. Suas mãos se cerram e se fecham em punhos enquanto sua respiração se torna cada vez mais agitada.

Lena parece tentar se controlar perto de mim, usando toda a força que tem para não gritar comigo, não mostrar a sua intensa raiva ou não me agarrar em um beijo.

Estou morrendo de raiva de mim mesma. Por mais que eu queira dizer o quanto eu gostaria de estar com ela, minha boca não se abre. Sinto como se não fosse a hora certa para isso e, acima de tudo, sinto medo.

Estou morrendo de medo.

Finalmente nos deixar entregar a essa relação quente, gostosa e destrutiva como fogo, significa mudar tudo de uma vez por todas. Lena, a pessoa que eu mais odiava, se tornará uma das pessoas que eu mais amo – por mais que eu já goste dela agora de um jeito que preferia não gostar.

Então, eu fico em silêncio. Consumida pelos meus próprios pensamentos e intimidada pela presença e olhos de Lena.

– Entendi – Ela praticamente cospe a palavra, uma raiva assustadora invadindo seu rosto.

Mas ao mesmo tempo vejo sinais de olhos marejados, como se estivesse segurando com toda força que tem lágrimas – de tristeza ou de raiva –, não querendo demonstrar sua verdadeira reação.

– Você é uma covarde, Kara – Lena diz rispidamente. – Uma covarde que sabe exatamente o que quer, mas não tem coragem de ir atrás.

– Como você pode falar isso para mim? – Eu ergo meu queixo, encarando-a e aproximando nossos rostos. – Se eu não tivesse coragem de ir atrás do que eu quero, eu não estaria aqui.

– E que ainda por cima mente para si mesma – Ela continua, sem se afetar pelas minhas palavras. – Você sabe muito bem do que eu estou falando, mas continua a se negar e fingir que não sabe o que está acontecendo entre a gente.

– Por que você está fazendo isso agora? – Pergunto, sentindo meus olhos começarem a lacrimejar. – Por que hoje?

– Você tem a coragem de me dizer que eu não sou uma pessoa ruim, mas não tem a coragem de admitir para si mesma que me quer do mesmo jeito que eu quero você? – Uma risada nada feliz escapa dos seus lábios. – Estou fazendo isso agora porque eu estou cansada.

– Por que você ficou tão brava? O que eu disse de tão errado, Lena? – Me esforço ao máximo para não travar e gaguejar.

– Porque você teve a coragem de me dizer que tipo de pessoa eu sou, que tipo de pessoa eu deveria ser e que eu ajo como uma idiota quando eu não preciso ser assim – Ela praticamente cospe as palavras. – Mas você esquece que não tem coragem nem para parar de mentir pra si mesma e acha que tem o direito de me dizer como eu deveria fazer as coisas?

Eu engulo com dificuldade, tentando processar cada palavra de Lena.

E então, ela parece ter perdido o controle. Seus braços que me cercavam saem bruscamente da parede e avançam em meu rosto, cobrindo uma parte do meu pescoço e queixo enquanto me puxa para si. Mas ao invés de me beijar, Lena para no ar, correndo os olhos exasperadamente por toda minha face.

Essa é a segunda vez que nossos rostos ficam tão pertos um do outro e, na primeira, nós estávamos nos beijando.

– Eu quero você mais do que tudo, Kara – Ela confessa, pressionando ainda mais forte meu pescoço e queixo. – E eu odeio isso. Odeio que a garota que não sai da minha cabeça e que eu faria de tudo, tudo mesmo, pra ver um sorriso, seja você.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora