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Balanço meus braços e pernas contra a água, tentando não afundar e, de alguma forma, avançar. Preciso chegar até Lena, mas não consigo sair do lugar. Abro os olhos no cloro da piscina, mas todos os lados estão completamente pretos e não faço ideia de para onde tenho que ir.

Enquanto isso, começo a ficar sem ar e em pânico.

Como eu sou idiota. Isso não é um filme. Isso é a minha vida. Por que sou tão impulsiva? Não sei nadar, nunca aprendi e não é agora que eu vou magicamente aprender.

Porque não importa o quanto eu tente, não consigo sair do lugar. Isso é muito mais difícil do que parece e o desespero que me devora de fora para dentro só piora a minha situação.

Mas então, quando sinto que estou prestes a perder minhas forças novamente, sinto alguém envolver o braço ao redor de meu abdômen e me puxar para cima. Sou segurada com tanta pressão no corpo que tenho a impressão de ter sido colada na outra pessoa.

Finalmente, encontro o ar. Respiro como se não respirasse durante anos, me engasgando em água.

– Kara – Escuto enquanto sou puxada para a beira da piscina e colocada deitada, sentindo alguém segurar meu rosto. – Kara, por favor... Kara...

É Lena. Completamente ensopada, nervosa, preocupada e absolutamente linda. Consigo sentir o seu desespero pelo jeito que me segura, que me olha e que chama meu nome, como se eu fosse uma parte sua.

Feliz que ela está bem, que eu não morri e que com certeza ela gosta de mim, eu abro um sorriso.

– Nunca mais entro em uma piscina – É a primeira coisa que digo.

Ver Lena tão preocupado me deixa preocupada por ela, então a fazer e vê-la sorrir é a coisa que mais preciso no momento.

E ela parece desmontar em alívio. Abaixa sua cabeça e estende os braços pelo meu torso, como se estivesse garantindo para si mesmo que eu estou bem e sou de verdade.

– Você está machucada? – É a segunda coisa que digo, tentando me levantar com dificuldade para vê-la melhor.

Sua cabeça se levanta e os seus lindos olhos encontram os meus, cheios de incredulidade e uma pitada de decepção.

– Por que – Ela parece reclamar para si mesmo, ainda me olhando. – Por que eu tinha que gostar de você? Logo de você? – Dá uma pausa, incomodada. – Qual é a porra do meu problema?

Não consigo evitar e solto uma risada, puxando o seu rosto em direção ao meu e nos deixando a milímetros de distância.

– Porque nós dois temos a porra de um problema – Eu respondo calmamente, segurando o sorriso mais feliz que já tive no rosto.

Antes que eu sequer pudesse puxá-la em um beijo, Lena faz isso primeiro. Suas duas mãos se avançam em meu rosto, me segurando com firmeza e paixão, como se nunca mais fossem me deixar ir.

Sua língua se encontra com a minha e responde cada movimento meu, perfeitamente conectados e em sintonia. Parece que fomos construídos e moldados um para o outro, em um encaixe impecável a ponto de nos fazer parar de respirar, sem ar suficiente no mundo para nós duas.

– Obrigado por tornarem esse experimento muito melhor do que eu esperava – A voz grossa e robótica estoura pela caverna, fazendo eu e Lena nos afastarmos involuntariamente. – A partir de agora, as coisas vão ficar muito mais interessantes. Se preparem e aproveitem enquanto podem, porque o jogo acabou de começar.

E então, ela para. O silêncio consome a nossa volta, como se nos garantisse que agora sim estamos sozinhas e que a pessoa foi embora.

– Certo – Lena subitamente fala, se levantando e me deixando sozinha sentada no chão. – Você não morreu, então eu posso falar. – Arqueio as sobrancelhas, surpresa e curiosa. – Eu que vou matar você depois de hoje. Se você não sabe nadar por que entra na porra de uma piscina funda que nem um lago?!

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora