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– Você pode – Sussurro levantando minha cabeça para olhá-la. – Agora você pode tentar mais uma vez.

Lena congela por um momento. Seu abraço afrouxa levemente, sua respiração desacelera e consigo sentir seu coração pulsar rápido e inconstantemente. Ela parece não conseguir processar o que aconteceu. Como se não conseguisse acreditar ou sequer assimilar o que eu disse.

Sua cabeça, antes se apoiando sobre a minha, agora se inclina na minha direção – para poder olhar em meus olhos e garantir que eu falei sério.

– Você está me perdoando? – Lena pergunta, em choque. – Depois de tudo que aconteceu?

E então, eu o afasto delicadamente de mim. Abro um sorriso suavemente constrangido, mas sincero.

– Não foi isso que eu disse – Falo, somente percebendo agora que seu rosto continua sangrando. Enquanto volto a fazer um curativo em seus machucados, acrescento: – Na verdade, eu também não sei direito. Não consigo esquecer tudo que aconteceu e as coisas que eu senti, mas...

Como não estou olhando em seus olhos, Lena coloca os dedos sobre o meu queixo e levanta meu rosto, fazendo nossos olhares magneticamente se encontrarem. Parece procurar alguma coisa dentro dos meus olhos enquanto me espera continuar.

Depois de um segundo tão intenso que pareceu uma eternidade sem respirarmos, finalmente digo, encarando-o de volta:

– Mas eu acredito em você. E quero te dar uma segunda chance, porque eu realmente acredito em você – Nenhum dos dois se mexe um centímetro. Seus dedos continuam sobre o meu queixo e nossos olhos continuam ligados um no outro. – Não sei se é isso que você merece. Não sei se é isso que eu deveria te dar, mas eu também não te conheço. A única pessoa que sabe se você merece uma segunda chance é você mesmo. E eu acho que você pode decidir isso sozinho.

Paralisado e com os olhos hipnotizados nos meus, Lena apenas diz:

– Três.

Arqueio a sobrancelha, confusa. E então, para minha surpresa, um sorriso se abre no rosto de Lena. É a única coisa do seu corpo que muda.

– De onde você saiu? – Ela fala, mas não parece uma pergunta.

Abro a boca como se eu fosse dizer alguma coisa, mas nada sai. Os olhos de Lena se fixam em meus lábios e ele começa a respirar pesadamente. Suas mãos subitamente seguram o meu pescoço e seu rosto começa a se aproximar do meu, me puxando para encostar a sua boca marcada de sangue na minha.

Do jeito que Lena me olha, até parece que ela realmente quer me beijar. Mas eu sei que Lena Luthor é a maior pegadorzinha rica, bonita e egocêntrica que existe. Que sempre teve todas as meninas aos seus pés – e que também acha que pode ter todas as garotas que quiser.

E que, acima de tudo, ela quase me fez desistir do meu sonho.

Lena bate nas pessoas, faz o que quer com quem quiser quando bem entender. Eu não posso gostar de alguém assim. Por mais que eu possa a perdoar, algumas coisas são imperdoáveis – e o perdão por coisas assim não é meu para dar.

Só porque estamos em um lugar minúsculo, praticamente colados um no outro e eu disse algumas palavras bonitas, Lena achou que poderia aproveitar a oportunidade.

Por mais que eu queira sentir os seus lábios nos meus, suas mãos pelo meu corpo e sua respiração pesada no meu ouvido, eu não posso me deixar cair nessa. Não quando eu sei que isso é apenas mais um jogo ridículo para ela.

E então, eu coloco minhas mãos logo acima do seu abdômen definido e a empurro para trás, sem tirar os meus olhos dos seus. Lena involuntariamente aperta o meu pescoço com mais força, extasiado. Sinto a sua respiração no meu rosto e nossos corpos se atraírem como imãs, loucos para se encostarem e acabarem com qualquer ar que os separa.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora