43

584 91 3
                                    


Dois meses depois

Lena me puxa pelo braço com força na sua direção, fazendo meu corpo colidir com o dela em um choque tenso e ardente. Tento escapar, tento afastá-la e finjo que estou lutando contra ela, mas claramente não quero ir embora. Sua mão percorre com um desejo urgente meu corpo até meu pescoço, pressionando-a enquanto junta sua cabeça a minha em uma tentativa de me sentir, me manter perto de si e tentar me impedir de ir embora.

Finalmente, eu me viro e colo meu peito no dela, sentindo a sua respiração inconstante e quente em meu rosto, seu coração pulsando forte e o seu corpo tenso em contato tão próximo ao meu. Minha mão sobe pelas suas costas até sua nuca e cabelo, dessa vez me deixando entregar ao desejo, ao amor e os sentimentos recíprocos – porém destrutivos – que temos pelo outro.

Ergo a cabeça e Lena abaixa a sua, colando nossas testas enquanto nossos olhos entram em conflito, loucos para se encontrarem e, ao mesmo tempo, com medo, sabendo que se essa conexão acontecer, nenhum dos dois resistirá a tentação mortal.

E então, nós dois desmontamos no chão, exaustos pela briga contra nossos próprios sentimentos.

Um aplauso ecoa pelo grande teatro.

– Eu estaria mentindo se dissesse que não estou impressionada com vocês – Cat corta o silêncio do fim da música, preenchendo o grande palco principal em que eu e Lena estamos deitados. – Mas por melhor que essa dança esteja, ainda não é o suficiente. Alguma coisa está faltando.

Ofegante, tento erguer meu corpo. Mas depois de horas seguidas treinando repetidas vezes essa coreografia hoje, não consigo sair do lugar.

Amanhã será o Titans Dance. Conseguimos pegar o palco principal para termos uma noção melhor do local, nos acostumarmos e praticarmos até morrermos de exaustão.

Estou no Rio de Janeiro faz quase cinco dias e, ainda assim, mal consegui sair do hotel e de salas de dança. Nunca estive tão cansada, nervosa e ansiosa na minha vida – sinto que vou desmaiar, vomitar e cair dura a cada vez que penso nessa apresentação.

– Mas mesmo assim – Cat continua, se colocando entre mim e Lena, ainda jogados no chão tentando se recuperar. –, acredito que irão tremendamente bem. Sei o quanto se esforçaram para isso e não tenho dúvida de que são uns dos melhores e mais fortes dançarinos dessa competição.

Lena finalmente ergue o corpo, se sentando e tomando um longo gole de água.

– Nós não vamos perder – Diz ela seriamente, ainda ofegante.

– Entrem com essa cabeça no palco – Cat fala enquanto coloca o seu casaco. – Vou dar uma pequena olhada em vocês amanhã, mas a partir de agora será apenas vocês por vocês. Não esqueçam que nessa coreografia, tudo é sobre química, conexão e sentimento. Se não sentirem isso enquanto estiverem no palco, ninguém na plateia irá sentir também. E muito menos os jurados.

– Obrigada por tudo, professora – Finalmente digo, também erguendo meu corpo e me sentando. – Não estaríamos aqui se não fosse por você.

Cat tenta esconder um pequeno sorriso para mim, mas não tem muito sucesso. Ela sempre foi muito rígida e grossa, principalmente comigo. Mas acho que depois desses últimos meses, Cat acabou criando um certo tipo de carinho por nós, como se fôssemos os seus aprendizes favoritos – o que é incrível levando em consideração que ela é uma das melhores e mais talentosas professoras de dança.

E então, ela entra nas coxias e vai embora, nos deixando sozinhos no meio do grande palco.

– Como está se sentindo, Cisne? – Lena pergunta para mim enquanto se levanta, começando a andar em minha direção.

Prodígios de Elite ᴥ SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora