Familiar

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Depois de fechar lentamente a porta da frente da minha casa, dou um passo cauteloso. Nesse momento de tensão, a ideia de subir pelo lado de fora e alcançar meu quarto pelo telhado já não parece tão ruim. Avanço mais um pouco, e espio discretamente a cozinha. Nada. Significa duas coisas:ou a minha mãe ainda não chegou do trabalho ou deve estar no jardim, nos fundos.

Com um sorriso aliviado, atravesso o cômodo como uma lebre, mas não sem antes escanear as janelas e verificar se a vejo lá fora. Não sei o que mamãe faria se soubesse que não cheguei na hora que combinamos para arrumar o sótão porque estava num encontro com um garoto. Mesmo que seja Benjamin, duvido que vá aceitar como desculpa, fora que acho que ela nem gosta dos Taylor. Me sinto uma espécie de delinquente mirim. Sei que garotas da minha idade fazem muitas coisas das quais eu mal posso imaginar, mas para mim, chegar em casa depois do horário é suficiente para que meu estômago exploda com o borbulhar que o medo arrasta.

Mesmo assim, se tivesse que passar por isso de novo por causa de outro encontro, eu faria. Foi incrível, embora tenha falhado mais uma vez em dizer com todas as palavras o que sinto. Tecnicamente eu disse, mas sei que um "gosto tanto de você" não conta. No fim, nenhum de nós dois tocou no assunto. Outra coisa que me deixou preocupada foi a promessa dele de ir ao próximo jogo de futebol americano para me ver dançando.

Para completar com maestria minha estratégia, tiro os sapatos antes de cruzar a sala, para fazer o mínimo de barulho possível e para que eu possa correr caso ela entre pela porta que eu vim. Na ponta dos pés, passo pelo cômodo, e alcanço o primeiro degrau da escada. Subo rapidamente. Antes de entrar no meu aconchego, lanço um olhar para a porta do quarto dos meus pais. Está fechada e isso é um bom sinal.

Pulo para dentro do meu e suspiro, atirando os tênis no chão e fechando a porta com o pé.

– Ufa – digo, sozinha.

– Não deveria estar aliviada – escuto uma temível voz da ressoar pelo cômodo. Pelo súbito momento, o meu grito irrompe, unido a um pulo para trás.

Me volto para a origem do som, e vejo mamãe se erguer da cadeira na penteadeira e vir na minha direção. As pupilas me fuzilam.

– Mãe, o que tá fazendo aqui? – coloco uma mão no peito e recuo alguns passos. – A senhora me assustou – desvio o olhar.

Ela para diante de mim, me medindo com o olhar, deixando sair um longo e aborrecido suspiro. O meu estômago embrulha com a tensão.

– Onde é que você estava? – questiona.

– Ah, eu... Eu... Laura e eu ficamos depois da escola, e esqueci do nosso combinado – encolho os ombros, junto com o tom de voz. O meu olhar não tem força para permanecer fixo em seus olhos, mudo para as rugas, depois para os seus cabelos ruivos desgastados pelo tempo. – Desculpa.

– Nunca pensei que minha filha fosse tentar me enganar – sua fala carrega um misto entre fúria e decepção. – Eu vi Laura na casa dela mais cedo! Vocês não estavam juntas, Elizabeth!

Engulo seco, com o coração disparando, fui descoberta. Coço o pescoço nervosamente.

– Eu...

– Se você disser onde estava, será menos pior! Ou teremos que tirar você da torcida?

– Não! – levanto uma mão. – Eu vou dizer a verdade, mas promete que vai entender?

Ela cruza os braços e levanta uma sobrancelha.

– Só prometo que você vai estar menos encrencada. Desembucha!

Fecho os olhos por um segundo, franzindo as sobrancelhas. Eu tô muito ferrada!

Meu Amor Adolescente [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora