Eu te odeio, Benjamin Taylor!

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"Acordei", é assim que começa o meu livro favorito, então toda vez que acordo me lembro dele. Pego-o em minhas mãos e depois de esticar o corpo, ainda na cama, abro na primeira folha apenas para ler os primeiros trechos.

Não acho que essa fórmula seja ultrapassada ou brega demais para começar uma história, tanto que na verdade, sou fascinada por elas, e queria que minha vida fosse um livro baseado nela. Qual gênero? Romance, claro. Venho há algum tempo tentando fazer com que minha vida seja como em uma dessas obras, mas os personagens não ajudam e não agem de acordo com os papéis que eu previamente estabeleci e isso me deixa taaaaaãooo chateada!

A única que colabora comigo é minha melhor amiga, Laura, que vem desempenhando um papel importante, sendo a minha consciência e os meus limites, aquelas pessoas das histórias que são mais "pé no chão" e te acordam para a vida. Ela sempre me diz que tenho que parar de viver no mundo da imaginação e voltar para a realidade. Mas o que posso fazer se quando estou com meus livros, minha mente respira liberdade?

A propósito, eu poderia começar me apresentando, talvez me encarando no espelho e dizendo que meus cabelos ruivos estão desordenados ou que tenho algumas sardas nas bochechas e no nariz, ou sobre meus olhos castanhos claros (lindos, aliás). Mas, não é o tipo de coisa que gosto de ver logo no primeiro capítulo dos livros, então, vou me limitar apenas a dizer meu nome: Elizabeth Roberts, ou, Beth como a maioria prefere me chamar. Laura foi quem me nomeou primeiro assim, e fico triste ao saber que com tantos anos de amizade, ainda não consegui pensar num bom apelido para a minha melhor amiga!

Estou me preparando para ir à escola, assim como todos os dias, e diferente de muitos, não acho tedioso. Pelo contrário, lá me sinto tão bem quanto em minha própria casa, ou até melhor, ainda mais que ontem eu finalmente fui promovida a coreógrafa. Mesmo antes do cargo, venho ajudando as meninas da torcida. De vez em quando dou umas aulinhas para a turma do teatro, mas sempre com no máximo, três pessoas, mais que isso nunca! Nossa escola é considerada uma das melhores de Chicago, já que é a que tem mais auxílio do governo para a educação em geral e para execução das atividades extracurriculares, então temos grupo para todo e qualquer interesse. O time de futebol americano é um dos mais bem equipados, além de terem uma excelente infraestrutura para treinar, o campo é muito bem cuidado. O time de basquete, embora menor, não fica para trás, ganhamos três estaduais seguidos e isso infla o nome da instituição, mostrando que o dinheiro direcionado à essas áreas não está sendo desperdiçado.

Termino de ajeitar meu cabelo ondulado, cabelo esse que às vezes mais parece me odiar, já que não obedece e não fica do jeito que quero. Levanto da penteadeira para ir até o espelho. Calça ok, moletom ok, e por último, mas não menos importante, batom vermelho, da mesma cor do meu cabelo, para combinar. Perfeito! Espero que mamãe não note que estou usando essa cor. Enfim, desço para que meu pai me dê uma carona para a escola. Quando o vejo entrar na garagem, sei que estou atrasada e o desespero toma conta, porque sei que ele, diferente de mim, não pode chegar tarde e inventar uma desculpa. "Se for necessário eu te deixo pra trás", diz após alegar que estou sempre atrasada.

– Não esqueça seu lanche! – Mamãe grita depois que eu saio da cozinha, me fazendo dar meia volta e pegar o saco marrom sobre a bancada. – Meu Deus, Beth, olha pra você, todo santo dia você deixa seu pai esperando – ela coloca o pano de prato no ombro e me encara numa postura austera.

Congelo no lugar, abaixando a cabeça, sem graça.

– Desculpa. Prometo que amanhã vou descer no horário.

– Rum – Mamãe se aproxima e torce um pouco a boca. – Mesmo?

– Palavra. Agora, por favor, me deixa ir.

Meu Amor Adolescente [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora