Conciliação

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Enquanto as meninas praticam com o sol fraco sobre suas cabeças, faço anotações e observações que podem ser úteis para que possamos melhorar e nos desenvolver como grupo. A capitã da torcida também faz parte das que dançam. Não tenho nada a reclamar sobre Helena: ela não erra as batidas, não exagera nas passadas e sempre se sai bem nas acrobacias. E mesmo se tivesse algo que pudesse ser criticado, não sei se faria. Nossa convivência se tornou um pouco melhor desde o dia em que conversamos e pretendo continuar assim. Estamos longe de ser amigas, mas ao menos agora nos toleramos mais.

Por um breve momento, penso em como foi o meu jantar na sexta na casa dos Taylor. Depois da conversa com Amy, desci e me desculpei com Ben, confessando que de fato não estava interessada em video games. Antes que eu pudesse completar a fala, o garoto me abraçou com força e disse estar feliz por me ver bem. Disse também que ficou preocupado comigo. Achei tão fofo ele se importar com uma coisa tão natural para nós mulheres que fiquei quieta e curti o meu abraço. Depois fui para casa. Se o meu absorvente não tivesse vazado, definitivamente ficaria lá até o fim da noite.

Ao mesmo tempo, pensar em Ben me faz lembrar de que ainda não falei a verdade, não contei o que vi na festa. Quanto mais tempo passa, mais eu me incomodo. Tenho medo de dizer tudo e ele ficar furioso e falar coisas como "Por que me deixou sofrer sozinho?" ou "Você disse que estava comigo, então por que não fez nada?", enfim. É uma coisa que me perturba com frequência.

– Beth? – Alice, uma das líderes de torcida, balança a mão na minha frente para chamar a minha atenção. – Tô falando com você.

– Desculpe. O que estava dizendo? – pisco várias vezes.

– Tô perguntando se estou boa. Ando um pouco insegura.

– Ah, tá sim, tenho apenas algumas observações. Só precisa acertar o tempo do refrão, tem que chegar um pouco antes e tenta não girar tanto a cabeça. Guarda para a última parte – respondo gentilmente.

A garota concorda com a cabeça.

– Tudo bem, obrigada – quando Alice pensa em voltar, a música acaba e todas param.

Helena dá algumas instruções, enquanto outras vão beber água. Uma das que vem na minha direção é Alison, os seus cachos definidos sacodem no ar a cada passo, por conta da ventania do tempo tendenciosamente mais frio. Se adicionarmos um efeito slow motion, teremos uma verdadeira cena de filme.

– O que tá olhando? – ela me mede com o olhar.

– Nada. Só... Você foi muito bem – tento ser simpática.

– Não preciso de um elogio seu – a expressão fria.

– Tudo bem – ergo as mãos, me rendendo. Porém, a garota parece determinada a continuar.

– Não adianta tentar consertar o que fez. Então pode parar de fingir, você nunca me elogiou antes.

– Ai, pelo amor de Deus, foi só uma marquinha idiota! – exclamo.

– Marquinha? Olha isso aqui! – Alison levanta a franja para me mostrar o local exato da cicatriz, que deve ter o comprimento de no máximo três centímetros. Ela aperta ao redor, e noto que a pele afunda um pouco. Foi mais sério do que pensei. – Você ferrou com tudo! E agora tenho que ficar escondendo isso!

– Eu já pedi desculpas – respondo, falando mais baixo. – O que preciso fazer pra você esquecer isso de verdade?

Alison direciona suas órbitas para a esquerda, antes de abrir um sorriso maldoso e responder.

– Eu te perdoo, de verdade, se você admitir que... Vejamos... Que sou a melhor líder que já passou por esse time.

Não mesmo. Ela não é nem melhor do que a maioria e só tem destaque real nas coreografias por conta da proximidade com Helena.

Meu Amor Adolescente [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora