Enquanto navego pela leitura dos meus livros, acompanhando o agora não tão pequeno Benedict esperar por sua amada Leslie debaixo da sombra da cerejeira, penso em todas as coisas que devo dizer ao meu amado. Estou indecisa se devo continuar a leitura atual, ou me dedicar a revisar a carta que escrevi para Ben. Antes de pensar em entregá-lo, tenho que ao menos conferir se está tudo certo.
Lanço um rápido olhar para a caixinha ornamentada sobre a penteadeira e me ergo. Caminho até o objeto e o abro. Pego o envelope. Na parte de trás, o nome "Todas as Palavras que Eu Não Disse" escrito da forma mais bonita que consegui. Gostaria de poder dizer tudo que está em seu conteúdo pessoalmente, tenho certeza que Ben ficaria, no mínimo, emocionado. Eu mesma chorei duas vezes enquanto escrevia. Sento na cadeira e viro o envelope, mas no momento em que vou abri-lo, escuto duas batidas na porta. Antes que ela se abra, guardo o meu texto no esconderijo e tranco.
A pessoa que entra não é exatamente quem eu esperava vir, mas guardo a minha insatisfação atrás de um suspiro.
– Beth, podemos conversar? – mamãe avança um passo, e fecha a porta.
– Estou ocupada agora – desvio o olhar, pegando um lápis.
– Ocupada com o quê? Olhando para o espelho? Não minta para mim, menina – ela cruza os braços e se aproxima de mim. – Vou direto ao assunto: estou disposta a ouvir o que você tem a dizer, não podemos continuar assim.
– Esse é o problema. Não tenho nada a dizer – retruco, sem que de fato eu queria fazer isso. Escapa.
– Elizabeth! – repreende, elevando seu tom.
Ao ver a sua expressão aborrecida surgir, murcho. Não quero piorar as coisas.
– Desculpa – peço.
Mamãe procura um lugar para se sentar. Por fim, decide que a cama é a melhor opção. Nós ficamos praticamente de frente uma para a outra.
– Sei que ainda está chateada pelo nosso desentendimento – a perna cruzada. – Confesso que... Talvez tenha passado um pouco dos limites com você.
– A senhora me bateu na cara – resmungo.
– E você disse que um garoto que mal conhece é melhor do que o amor que eu te dou! – a voz se exalta mais uma vez. Ela faz uma pausa e suspira. – Acha que isso não doeu em mim? – aguarda a minha resposta, mas como não dou, continua. – Beth, jamais iria desejar coisas ruins para minha filha, ou que não fosse feliz na vida. Na verdade é tudo que quero para você, por isso me esforço para te manter na linha. Porque te amo de verdade.
– Eu... – olho para baixo, arrependida. Não consigo fingir que não me importo. – Também te amo, mamãe. Aprecio seus conselhos e toda educação que me deu. Só que a senhora não confia em mim.
– Em você eu confio, só não confio nos garotos. Nessa idade, os hormônios estão à flor da pele.
– Então demonstre a sua confiança, acreditando em mim quando digo que Benjamin Taylor não é como os outros – franzo os olhos.
– Isso é o que você acha. Se tem uma coisa que homens sabem fazer é mentir, e nos enganar.
– Parece que a senhora, assim como boa parte das pessoas, prefere ignorar o que ele fez pela Tara. Esqueceu que Ben foi espancado só pra defendê-la de três marmanjos? – dessa vez, o meu tom fica agressivo, e isso não a agrada. Embora a linha entre suas sobrancelhas se torna ainda mais evidente, noto a hesitação em seus trejeitos.
– Chega! Eu te dei a oportunidade de se desculpar, faça isso agora mesmo!
Ao ouvir suas cínicas palavras, entendo que ela só quer que eu reconheça que estava errada, não de nos acertarmos de fato. Mesmo assim, vale a pena tentar, pois posso usar da minha esperteza para mostrar meu ponto, aos poucos.
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Meu Amor Adolescente [Completa]
RomantikElizabeth Roberts é uma jovem inocente que acredita cegamente na bondade das pessoas, e acha que o mundo poderia ser melhor se fosse como em um livro. Porém, após um catastrófico evento que presencia, Beth começa a entender que não há como fugir da...