O Dia das Bruxas

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– Bem-vindos à melhor noite do ano! Estão preparados? – um dos alunos do último ano que está vestido de múmia fala ao microfone.

Boa parte da multidão responde que sim aos gritos, mas isso não parece ser suficiente para o cara, que pergunta outra vez, alegando não ter ouvido direito. Quando um número maior de alunos berram, ele se dá por satisfeito e pega um papel do bolso, para anunciar as atividades da escola. Quando acaba, faz uma piada e entra no prédio. Grupos de pessoas riem, outras conversam, mas todas contentes, e aglomeradas na entrada principal do prédio, que agora está todo enfeitado com faixas anunciando o Halloween. A decoração é visível por onde quer que se olhe, teias, balões com faces horripilantes, morcegos de brinquedo e caveiras de plástico. A única coisa que destoa do clima é o andaime, ainda posicionado na lateral do prédio. Porém, deram um jeito de aproveitá-lo e colocaram algumas cabeças nas pontas, simulando o resultado de várias decapitações.

Olhando pela quantidade de pessoas, tenho a certeza de que hoje a noite será incrível! Deslizo, devagar os dedos pelo cabelo escovado, dessa vez, não quis usar uma coroa, porque ano retrasado eu a deixei cair pelo menos uma dúzia de vezes, e considerando o quanto é difícil abaixar com essa roupa pesada e dura, prefiro ficar assim.

Laura, por sua vez, está usando uma camisola branca encardida, e uma boa maquiagem no rosto que simula cortes e hematomas. Passei horas em sua casa aplicando enchimentos de algodão para fazer as protuberâncias que tornaram possíveis as características da face da personagem principal do filme "O Exorcista".

– A Rainha do Norte voltou! – um garoto fantasiado de esqueleto grita para mim.

Nesse momento, sei muito bem o que tenho que fazer: levantar o queixo, juntar as mãos no meio do corpo e manter uma postura mais séria, eles adoram quando faço isso. O menino fica tão contente que pede autorização para tirar uma foto, e eu permito.

– Por que você não pode vir com uma fantasia normal de Halloween? – Laura murmura, depois que ficamos sozinhas.

– Está com inveja, senhorita Fletcher? – emolduro o meu tom de voz para que pareça mais imponente e calmo ao mesmo tempo. Porém, quando vejo a expressão aborrecida da minha amiga, caio na risada. – Você tá com inveja mesmo!

– Só não gosto que as pessoas fiquem tirando fotos. É irritante!

– Se serve de consolo, está ótima de Regan MacNeil. Talvez um pouco mais alta do que deveria, e com seios grandes demais para uma garota de doze anos, mas ótima – faço um "ok" com os dedos.

– Obrigada?

Ao entrarmos na escola, mando um torpedo para meu namorado, que ainda não chegou, alegando estar "tentando entrar na fantasia". Isso me deixa muito preocupada, pois não quero que ele surja com uma roupa apertada. As meninas vão ficar olhando e vão querer roubá-lo de mim! Digito de volta, avisando-o que tem que chegar logo, ou perderemos a caça ao tesouro, antes de sair pela cidade com as crianças do ensino fundamental. Confiro se há alguma resposta. "Não se preocupe, mudei a fantasia e estou à caminho". Suspiro e guardo o celular.

Passamos por um dos corredores que é propositalmente mal iluminado, com teias nas paredes, cabeças de abóboras no chão, além de um manequim de uma bruxa pendurada sobre alguns dos armários, perto das aranhas. Somos forçadas a continuar andando sem poder observar melhor o cenário, graças ao fluxo frequente de pessoas indo e vindo. Mais uma vez, recebo saudações calorosas das pessoas que reconhecem a personagem que estou interpretando. Uma menina até pede espaço para os demais, afirmando que a Rainha do Norte precisa passar. E é esse tipo de coisa que gostaria de evitar.

Confesso que ainda assim, me sinto incrível. Com essa roupa, percebo que falam de mim, olham para mim de uma forma carinhosa, quase como se o simples fato de eu estar ali fosse a felicidade delas. Em suma, fico parecida com Tara no auge de sua popularidade.

Meu Amor Adolescente [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora