Olhe para as Estrelas

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As fortes luzes do campo de futebol americano são as únicas que ofuscam o brilho da lua do ângulo em que estou, finalmente chegamos no dia de um dos jogos que são de fato, decisivos. Enfrentaremos o colégio central da cidade de Joliet. Ano passado perdemos feio para eles, mas hoje estamos dispostos a dar o troco. E bem, agora estamos em nossa casa.

Enquanto os jogadores ainda conversam no campo durante o começo da pausa, aguardamos ao lado do gramado. O coração salta no peito com o tempo de espera. Fomos muito bem com a coreografia de apresentação dos times, sendo aplaudidas de pé, o que deixou a rivalidade entre os times ainda maior.

Helena suspira devagar, deixando evidente o ar frio através da pequena nuvem de condensação que escapa de sua boca, que se torna mais visível contra a luz. Por fim, ela ajeita os cabelos presos num rabo de cavalo e encara todas nós com um sorriso confiante.

Desço o olhar para meu próprio uniforme laranja com detalhes em preto, fazendo uma última checagem em sua integridade. Confiro também se tênis brancos estão intactos. Estão.

– Muito bem, meninas – Helena arranha a garganta. – Preparem-se, estamos prestes a fazer a nossa melhor apresentação.

Posso ouvir um murmúrio preocupado de Stefany, uma das componentes do grupo. Outras, assim como eu, apenas se preocupam com o aspecto físico.

Tento localizar, no meio da multidão distribuída pelas arquibancadas coloridas, os meus pais ou mesmo Laura e os seus. Ao invés disso, me deparo com a senhora Taylor. Ela me cumprimenta e eu respondo com um aceno. Ao seu lado, vejo alguém apontando um celular diretamente para mim. Levo um segundo para entender que é Ben, ele afasta o aparelho de sua face e me dá um "tchauzinho". As bochechas queimam como resposta ao rubor, mas devolvo o gesto com o meu melhor sorriso. Ele veio mesmo! E tá me filmando!

– Não estrague tudo, não estrague tudo – repito o mantra quase aos sussurros.

O sinal é dado, e mais uma vez, vamos à apresentação. Os garotos saem, em sua maioria, mandando beijos cordiais para todas nós, outros optam por procurar seus pais e conhecidos na platéia, que berram sem parar. O jogo está bem disputado.

Entramos em campo sob uma chuva de aplausos. A introdução da música Dark House, de Katy Perry toma todos os alto-falantes, o que já é suficiente para arrancar da multidão gritos e mais palmas. Nos posicionamos no centro do gramado, somos treze ao todo, a um braço de distância uma da outra. Apenas Helena está na nossa frente, pois ela conduzirá a maior parte do espetáculo, eu um pedaço na metade da música. Achei muito estranho: se a coreografia é dela, por que me daria destaque? A jararaca quer me ver fora da torcida, então não faz sentido.

No toque correto da canção, todas nos abaixamos de lado, deixando o bumbum em evidência, e quando nos levantamos devagar, é o momento de uma batida, e também é o tempo que temos para tirar o máximo de sensualidade deslizando as mãos em câmera lenta até os cabelos, começando da cintura. No próximo verso, vem as jogadas de perna e de braços, unidos a um belo movimento sincronizado de quadris. Espero mesmo que meus pais não estejam me julgando, ou pior, que Ben não esteja gravando.

É nesse instante que percebo uma silhueta chegando mais perto, Ana se aproxima de um jeito perigoso e por um triz não pisa no meu pé. Mesmo dançando, fito o rosto da garota, que finge que nada aconteceu. Abro a boca para me pronunciar, mas hesito. Sei que não foi um acidente, essa menina ainda está obcecada em me atingir de alguma forma.

Nós nos enfileiramos em torno de Helena, para que ela possa, executar os movimentos, que, em conjunto com nossos braços, dá a ilusão para o espectador que a garota possui múltiplos braços. Metade de nós está virada para a líder do time, a outra metade para Alison na outra extremidade, que faz a mesma apresentação para o outro lado da arquibancada.

Meu Amor Adolescente [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora