Traumas Passados

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O começo gélido da tarde é uma das únicas coisas que me deixa contente, significa que o verão está dando sinais do fim. Isso também significa que tenho alguns meses para fazer Benjamin Taylor descobrir que é meu namorado. Pois assim poderemos nos aquecer com os corpos um do outro quando o céu decidir que é hora de liberar os flocos.

Ultimamente tenho tido problemas para me concentrar nas aulas, ainda mais depois da conversa que o Taylor e eu tivemos por telefone no começo da semana. Agora, todos os dias que nos encontramos, ele me chama de Cerejinha. Finjo estar determinada a acabar com o mistério, mas a verdade é que estou adorando viver isso! Nós trocamos olhares pelos corredores o dia todo. Na aula de matemática, Ben sorriu para mim, do mesmo jeito simpático de sempre.

O que tira a minha paz de espírito no momento é o olhar furtivo de Ana. Suas pupilas acinzentadas focam em mim, enquanto sua parceira, Alison, se preocupa em ajeitar as mechas da cabeleira castanha. Enquanto o treinador explica o exercício, a brutamonte não para de me encarar. Mais cedo tentei falar com ela e com Alison para me desculpar. Alison disse que nunca vai me perdoar pela cicatriz que fiz em seu rosto. Nesse instante, Ana surgiu atrás dela e tocou seu ombro de uma forma delicada, talvez tentando consolá-la. Para mim, é um exagero, é só uma marquinha na testa. Harry Potter é conhecido por uma cicatriz no mesmo lugar e todos o amam, então não vejo desvantagem alguma.

Olhando bem para as duas, percebo que estão sempre juntas, com ou sem Helena. Acredito que quem fica escanteada nesse grupo é Diana. Eu deveria ter acertado o rádio nela, assim, teria menos problemas.

O Sr. Willian finalmente termina seu falatório. Participaremos de uma espécie de circuito, o que por si só já me desanima, odeio a aula de educação física. O treinador sempre alega que suas atividades são inclusivas, abordando todo e qualquer gosto. Mas até hoje não vi uma prática de quem consegue ficar mais tempo parado lendo um livro.

Nós somos obrigados a participar de um pequeno circuito. Penso em fazer dupla com Ben, mas dessa vez, decido ficar com a minha melhor amiga. Fico um tanto quanto surpresa quando vejo alguém que não via há tempos: Hanna Thompson. Para piorar, a menina decide fazer dupla com o meu crush. Quem parece ficar extremamente satisfeita com a minha expressão fechada é Laura, pois ela não gosta da garota e nem tanto assim do Taylor. Então, ela solta uma risadinha no momento exato em que os dois dão as mãos, por ordem do treinador para executar a prova.

– Qual é a graça? – pergunto, medindo-a com o olhar.

– Você – ri mais uma vez. – Tá com ciúmes de uma coisa besta dessas.

– Não tô com ciúmes – minto. – Só acho que Hanna não deveria estar aqui.

– Pra ter ele todinho pra você, né? – um canto de sua boca se eleva.

– Sou uma mulher madura, Laura, e totalmente segura com relação aos meus sentimentos – afirmo, olhando em seus olhos.

Tento manter a postura, mas quando vejo Hanna dizendo algo para Ben que o faz rir, fico irada. Os cabelos cacheados da garota dançam no ar junto a sua expressão otimista e isso parece chamar atenção dele.

– Parece que você é tão madura que tá apodrecendo – Laura caçoa, colocando uma mão na boca para segurar a risada. Porém, ao ver a minha chateação, fica mais séria. – Relaxa, os dois são só amigos. Eles se conhecem há anos e se fosse pra desenvolver uma relação amorosa, já teria acontecido.

– É fácil falar – resmungo. – Queria ver se fosse com alguém que você gosta.

– Bem, o que eu senti foi pior quando descobri que o "amor da minha vida " fez o que fez – faz aspas com as mãos. – Estava tão convencida de que ele era o garoto ideal, até que chegou aquele Jerry psicopata e abusador e o matou e assumiu o lugar do meu Jerry.

Meu Amor Adolescente [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora