Dias Sombrios - Parte Dois

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O começo de tarde parece não ter fim, estou tão cansada das aulas de matemática que não sei se vou sobreviver. A única coisa que distrai os meus pensamentos são os cabelos bagunçados naturalmente do garoto na minha frente, Benjamin Taylor, eles são tão bonitos quanto os de sua mãe, o tom escuro combina perfeitamente com seu rosto.

Quando enfim o sinal toca, anunciando o fim das aulas eu me levanto mais rápido que todos, dessa vez estou confiante que chegarei na casa de Tara antes dele, já que todos os dias tenho que ficar esperando ele desistir de ser atendido e ir embora.

Ainda assim, acredito que tenho tempo para me arrumar, na verdade, eu nem conseguiria sair sem fazer o check-up. Avanço pelo corredor ainda vazio, evitando ao máximo o contato social com os poucos que aparecem, e me enfio dentro do banheiro mais próximo, felizmente, ele está vazio.

Ao me aproximar do espelho, vejo uma garota diferente do que conhecia há uma semana, agora não é mais Beth: a entusiasta, ou uma boba alegre que sempre sorri e faz caretas para si. O que observo é uma menina vestida de qualquer forma, com um fone de ouvido pendurado na bolsa. A sombra que tentei fazer nos olhos não está boa, existem erros por todos os lados, assim como a minha vida.

De qualquer maneira, faço o básico, tiro o elástico do cabelo e ajeito o máximo de mechas possíveis, juntando tudo num coque bem feito atrás da cabeça. Respiro fundo, e finalmente termino a manutenção, retocando o discreto batom nos meus lábios rosados. Depois, exibo meus dentes não tão retos assim para mim, para verificar se está tudo certo. Pronto.

Antes que eu possa alcançar a porta, Helena e suas amigas entram, a líder para bem na minha frente e me encara com aquele mesmo olhar depreciativo de sempre.

– Beth, querida, você precisa de ajuda? – Diz, com a voz mais fina.

– Ajuda com o quê? – Questiono, já com a paciência esgotada.

– Eu não sei, acho que tem algo errado com você, tirando você mesma – ela desdenha, raspando a ponta da unha do dedo polegar com a do indicador.

– Claro – resmungo, avançando um passo. – Se me der licença, tenho que ir.

– Aonde vai? – Ana fecha a minha passagem. – Agora que tá sem sua amiguinha popular vai ficar nos ignorando? E o que houve com ela? A Tara se olhou no espelho e se assustou com a própria cara?

– Isso não é - DA - SUA - CONTA! – Grito pausadamente, me enchendo de coragem para encarar a moça na minha frente. Os minúsculos músculos nos meus braços tensionam, elas não têm o direito nem de citar o nome da Tara, não sabem a seriedade do que aconteceu de verdade.

As outras duas chegam mais perto, achando que vão conseguir me intimidar com o tamanho e com o número, e bem, elas conseguem, recuo. Eu sou uma derrota mesmo.

– Você está sendo muito mal educada – estreita os olhos. – Nós deveríamos te dar alguma educação, coisa que tanto te faz falta – a garota da esquerda ri, estalando os dedos.

Não sei como sair dessa situação, a única maneira que vejo é tentar derrubar a líder e correr para fora, caso contrário, estarei com problemas. Talvez valha a pena partir para algo mais agressivo, a barganha.

.– Por que vocês me odeiam tanto?

– Eu não te odeio, garota – ela força uma risada. – Digamos que você é como uma lagartixa: não faz mal a ninguém, porém incomoda.

– É o título de coreógrafa que você quer? Então pode ficar com ele – digo, fechando os punhos, eu não quero ceder, mas estou cansada de ser perseguida por esse quarteto de idiotas. Ao menos dessa vez está faltando uma.

Meu Amor Adolescente [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora