Prólogo

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Vou morrer. Vou morrer. Vou morrer.

Vou morrer. Vou morrer. Vou morrer.

Vou morrer. Vou morrer. Vou morrer.

Vou morrer. Vou morrer. Vou morrer.

Vou morrer. Vou morrer. Vou morrer.

Vou morrer. Vou morrer. Vou morrer.

Vou morrer. Vou morrer. Vou morrer.

Vou morrer. Vou morrer. Vou morrer.

                                                                                          *

— Certo. Pessoal do cubículo A, B e C vão com Johana. Pessoal do cubículo D, V e J venham comigo. Sigam nossas instruções e tudo com sorte acabará rápido.

Danielle grita, para todos escutarmos claro cristalino. O dia finalmente chegou, hoje não pode ter erros nem distrações. A prova Solar. O evento mais importante para todos os solarianos do reino.

A seguimos por uns corredores sombrios e assustadores do edifício da prova. Recebemos um tempo atrás, um cartão com um número e uma letra. O número da minha porta e a letra do meu cubículo. Devia me sentir mais assustada, com medo e até enjoada. Mas uma princesa nunca deve ficar assim. Comigo não é diferente. É o que esperam de mim. É o que farei.

— Muito bem. Hoje descobrirão sua força, sua habilidade, sua razão de existir. A maioria de vocês morrerá. Mas quem sabe... — sua voz robótica e metálica começa a ficar sombria. Deve se lembrar de quando foi sua vez — como sabem, aos dezesseis anos, seus poderes despertam. Com uma ajudinha, claro. Não fiquem animados demais, só será sua habilidade para o resto de suas vidas — ela abaixa um pouco a voz, mostrando que nem que seja um pouco de empatia — se sobreviverem.

— Certeza que serei uma empática — alguém cochicha para mim — Igual à dama Sole.

— Bom, eu quero ler mentes — outro garoto cochicha.

Eu não sei exatamente o que quero ser. Mas o que vier está bom. Apenas não quero ficar sem habilidade, é praticamente impossível de acontecer. Ou ninguém sobreviveu para contar a história.

— Boa sorte, Liana! — uma voz familiar grita atrás de mim — Vou torcer por você!

Àsdís, minha pequena irmã de quatorze anos, corre em minha direção. Viro-me e aperto-a em um abraço aconchegante para nós duas. Seus cabelos ruivos escorrem feito chamas pelos meus braços.

— Ei. Não deveria estar aqui — finjo uma bronca de leve. — Sua mãe não vai gostar. Você sabe.

— Eu sei, eu sei. Mas vim mesmo assim. Você precisa saber que consegue.

— Eu consigo. — outra vez uma mentira para mim mesma — Papai parece não achar o mesmo.

— Não liga para ele. Você consegue, eu acredito. — sua voz macia e leve soa no meu ouvido como uma pluma.

— Princesa, volte para cima agora mesmo — Danielle chega ao meu lado, rapidamente nos separando. Minha pequena irmã não gosta da interrupção.

— Desculpa, mas como herdeira do trono, acho que tenho direito a mais um abraço na minha irmã — sua voz soa autoritária e amedrontadora.

A instrutora se afasta com pequenos passos, sua cabeça se abaixa relutante. Ninguém nega um desejo de Àsdís.

— Claro, alteza.

Com mais um abraço, ela se afasta e volta de onde veio. Seus olhos profundos do carvalho se perdendo dos meus.

Voltamos a andar. Pergunto-me qual será meu destino depois disso. Terei que habilidade? Sairei viva? Meu pai não me deixaria morrer, ele pararia a prova e me salvaria. Se alguma coisa sair errado, ele tem que me salvar. Tem que salvar.

Reino dos Eclipses vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora