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                                                                                          Liana

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                                                                                          Liana

O caminho de volta demorou menos que o da ida. Não sei se é pelo fato de Clove dirigir tão rápido, que deve ter atropelado uns três veados no caminho, ou de a preocupação ter me apagado.

Contudo, rapidamente estávamos entrando em um barco, carregando uma mulher pelas mãos e pés.

— Desgraçada, pesa mais do que parece. — Clove solta entre dentes. Uma gota de suor escorre por sua testa, o único sinal que está cansada.

Não demora quase nada para nos encostarmos à costa da cidadela. Muitos barcos se encontram aqui, largados às pressas. Tudo está silencioso, as janelas das casas estão acesas e indicam haver pessoas lá dentro.

Ao subirmos as ruas comerciais sinto um sentimento tranquilizador. Estamos seguras. Estamos a salvo. O tempo ainda está chuvoso, gotas geladas me fazem estremecer de frio. Clove só parece se concentrar nas mãos que carrega atrás das costas. Seu cabelo escuro está ensopado a essa altura, com seu vestido, antes perfeito, agora arruinado pela batalha e pela chuva.

Pergunto-me se ela lutou. A barra da roupa chamuscada, e os mines cortes nos braços, respondem imediatamente à minha dúvida. Não fico para atrás, meu vestido também está ensopado pela chuva e rasgado pela correria. Estou descalça, deixei meus sapatos na areia, muitos metros longe da confusão.

Sinto a adrenalina abaixar, e desta forma, a dor nos pés toma o lugar. Ambos encontram-se sangrando, por causa das pedras que pisei e chutei. Ao abaixar os olhos, vejo os ferimentos expostos, o sangue vermelho rubi nas ruas conforme subimos.

Concentro-me no caminho a frente, para não pensar nos demais hematomas que adquiri.

Nos portões do castelo, não há guardas. Estranho. Como que depois de um ataque, não há proteção aqui? Devem ser muito burros, ou muito covardes para fugirem.

Entramos sem pensar duas vezes. Antes de subirmos o primeiro lance de escadas, das portas ornamentadas dos fundos, paro de súbito, impedindo a espiã de continuar.

— Já pensou no que vamos fazer, se não houver ninguém lá dentro? — Sussurro alto o suficiente para ela ouvir.

— O que você quer dizer? — Clove me olha sobre os ombros.

— E se a rainha ou o príncipe não estiverem aí dentro? — Seu olhar se mistura em uma confusão inédita. — E se estiverem mortos? Ou se ainda estiverem lá? Entrar com um invasor nos braços não é bem uma boa imagem.

— Liana, nós somos invasoras. — Ela aponta a verdade debaixo do meu nariz, sem diminuir a confusão nublada de seus olhos. — E se estiverem mortos, melhor para nós. Facilita tudo.

Torço o nariz com o pensamento. Isso não remove a razão dela, que sorri por saber que está certa. Adentramos pela área dos criados, deixando rastros de água no carpete, com as roupas molhadas.

Reino dos Eclipses vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora