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                                                                                             Liana

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                                                                                             Liana

— Pelas luas, acorde!

Meus olhos abrem-se de forma sonolenta, e se arregalam ao ver Serafinn encarando-me com desgosto.

Levanto resmungando, espreguiço-me, aliviando toda preguiça presa em meus ossos. E quase não acredito quando vejo que ainda é noite.

— Por quanto tempo eu dormi? — questiono esfregando o rosto, a voz apenas um sussurro.

Serafinn revira os olhos azuis e joga uma jarra de água para apagar o fogo da lareira. O cheiro de cinzas pínica meu nariz.

— Um dia todo — declara. — E ainda vai se atrasar.

Franzo o cenho, nem preciso perguntar para ela continuar:

— Pela deusa da lua, você, em nenhum momento, acordou e leu a carta do príncipe?

Confusa ou sonolenta demais, olho devagar para mesa, onde um envelope lacrado com o selo azul repousa. A pego nas mãos, o papel sedoso contra meus dedos. Quebro o lacre e faço uma leitura rápida.

— O quê? — disparo desnorteada.

A carta dizia simplesmente:

Sei que é em cima da hora, e espero que não se importe.

Mas meu pai está doente, e vai morrer em breve... Ele quer me reivindicar a coroa antes disso. A coroação acontecerá hoje a noite, e quero muito, muito que você vá, mesmo que todos estejam convidados, eu queria que você fosse minha convidada de honra. O mínimo por salvar minha vida.

— Ryzen mandou isso? — ergo uma sobrancelha.

— Sim, ele veio pessoalmente aqui.

— Tudo bem, preciso apenas achar Clove e Wick antes... disso. — levanto com um salto, já me dirigindo a porta sem despedidas.

— Querida...

Querida, nunca irei me acostumar a ser chamada assim, sem manipulações ou joguetes, truques ou segundas intenções. Olho por cima do ombro, com um sorriso ameno.

— Clove e Wick... È... — gagueja, evitando... evitando dizer algo, meus instintos disparam com uma força dolorosa de mais — Eles foram presos.

Assim meu chão desaba, nunca imaginei que uma sala pudesse rodar tanto como agora, nunca imaginei que o que está ruim, sempre pode piorar.

— Você acredita que eles... eles...

— Qual outra razão teriam para os prenderem?

E por uma vez, apenas uma vez, deixo essa sensação... essa voz, esse chamado que a tanto venho ouvindo controlar-me. Sem luta, sem negação.

Sem ver e sem enxergar, corro para fora do quartinho, corro entre milhares de livros com conteúdos mais poderosos que armas, corro para fora do lugar lamacento e escuro que minha alma vive presa, corro e corro, passo por memórias, por talvez corredores escuros, pareciam corredores. Sob minha visão embasada enxergo estrelas lindas e brilhantes fora de uma vidraça. Um sentimento de exaustão me atinge ao longe, mas não tenho certeza do que estou ou não sentindo. Só sei que corro mais rápido, como nenhum ser humano consegue correr, deixo que esse sentimento sirva de guia. Para onde, eu não faço a menor ideia .

Mas preciso achar minha família, não importa o custo. Essa é a única coisa que tenho certeza.

Reino dos Eclipses vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora