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                                                                                            Liana

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                                                                                            Liana

Cheiro horrível, péssimo, enjoante e deplorável.

Quando Ryzen ficou melhor, a sacerdotisa nos aconselhou a partir quanto antes, e após longos dois dias de recuperação, juntamos mantimentos e andamos, andamos e andamos até não respirarmos direito. Apesar de Ryzen fingir estar bem o tempo todo, e quase não pedir para pararmos e nem implorar por descanso, vejo sua exaustão mesmo assim, então sempre invento uma desculpa para respirarmos um pouco.

O castelo é mais longe do que eu jamais imaginei. Pela água, chegar até o planalto da seleção lunar não me pareceu longe, mas pela terra...

O suor já me encharca por inteira, e não vi, até agora, nenhum lugar decente onde poderia pensar em me banhar. Meu cheiro é quase insuportável, mas após ter salvado o príncipe, me recuso a ficar envergonhada. —apesar de o cheiro de Ryzen não estar muito agradável, de qualquer forma .

Uma brisa leve bagunça meus cabelos, negros pela ilusão. Olho pelo véu das árvores, pássaros passam voando apressados — migrando ou fugindo de caçadores — a floresta fechada a nossa volta, apenas os sons naturais nos cercam, pelos cansativos dois dias que estamos andando em direção a Procyon, o silêncio já me é reconfortante.

— Mais meio-dia, e chegaremos a uma vila que cerca Procyon. Lá poderemos pedir um cavalo. — Comenta Ryzen. — E depois, seguimos o mais rapidamente para o castelo.

Aceno com a cabeça. Pelos anos trabalhando na guarda voluntária, e governando seu reino, ele conhece bem demais suas fronteiras.

Com o crepúsculo cada vez mais próximo, meus instintos gritam para pararmos e acamparmos, porém já estamos tão, tão próximos...

Entretanto, quando lanço um olhar de esguia para o príncipe, vejo seu maxilar enrijecer, os ombros cansados e pesados, então apesar de uma voz gritar para continuarmos... decido parar.

— Tudo bem — ergo as mãos — Vamos parar, apenas pela noite, então seguimos antes do dia chegar.

Ryzen percebe minha preocupação e olha-me com raiva. Levanto uma sobrancelha, desafiando-o a discordar, ele balança a cabeça decidindo, sabiamente, ceder pacificamente.

                                                                                     *

A fogueira crepita, encaro o fogo vendo o vermelho quente como o inferno se fundir com o amarelo incandescente, as chamas borbulham em meus olhos, lançando sombras em meu rosto, distorcendo minhas feições. Não me permiti pensar nos últimos dias, não consigo pensar no que pode ter acontecido com os outros...

Não. Não pensei antes, e não vou pensar agora.

Ryzen remexe-se nas folhas do seu lado da fogueira, colocando os braços musculosos contra a cabeça, encarando o céu estrelado, e as luas sorridentes de mais para o meu gosto.

Reino dos Eclipses vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora