"...Saiba que você não precisará de coroas, títulos ou reinos para conquistar o mundo."
Em Anara apenas dois reinos residem, o reino do sol e o reino da lua, ambos em guerra por motivos que parecem terem esquecido.
Liana Sonnenschein, princesa bas...
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Liana
Todos olham de mim para Àsdís.
Um silêncio recai em minha mente. Em meu corpo.
Acho que vejo aquelas figuras de orelhas pontudas sentindo meu cheiro... E depois sorrindo com escárnio pelo o que descobriram.
Tudo é um borrão de luzes e sombras.
Medo e coragem.
Pavor e confusão.
Sinto-me exposta, pelada, nua. Como se tudo fosse revelado sem que eu percebesse. Mas, talvez, seja isso que os deuses querem. Talvez, seja isso que a deusa do sol vem tramando, organizando tudo desde o dia do meu nascimento, para que eu tenha uma morte desonrosa. Uma morte que ficará marcada.
Nunca pensei em como eu morreria.
Morrer perante um reino estrangeiro, na forca ou pior... Na fogueira. Parece-me digno de quem eu sou.
Talvez eu seja mesmo uma aberração.
E tudo bem.
Eu amo ser uma aberração.
Quando o silêncio passa, percebo que lutar é minha única saída. Mas para onde eu poderia ir?
Ryzen encara-me avaliando minha expressão, lendo meus pensamentos. Desvio o olhar quando sinto meus olhos arderem.
— Ah, Vossa Majestade — a figura faz uma reverência profunda — Não se assuste, às vezes, não vemos nossos inimigos de baixo de nossos narizes. — sinto a droga de seu olhar sobre mim, avaliando o melhor jeito de dizer. Ele acrescenta — Sua bela companhia, não é quem diz ser.
Trinco o maxilar. E quando abro a boca para protestar, ele diz:
— È uma solariana.
Ryzen fica tão tenso que acho que vai se partir ao meio, e quando olha sobre os ombros para me encarar, o encaro de volta, erguendo o queixo o máximo que consigo.
— GUARDAS — berra Jaqueline do outro lado, não perdendo um segundo.
No mesmo momento, dois homens agarram-me pelos braços, apertando tão forte, que minha circulação para. E no momento em que me forçam a ir para frente, até o meio do círculo...
Ah isso não. Não serei humilhada.
Uma ilusão leve e dolorosa invade suas mentes. Eles gritam e caem inconsciente com um estambito. A corte arqueja, e começa a cochichar e talvez até mesmo se afastar. Jaqueline dá uns passos em minha direção, com as sobrancelhas arqueadas.
O ar.
O ar é retirado dos meus pulmões.
E contra minha vontade, já estou agarrando-me a garganta e de joelhos no chão, lagrimas descem meus olhos, e o sufocamento continua.
