Liana
Sexta-Feira, meia-noite.
Repito diversas vezes para mim mesma. Ainda não consigo acreditar, essa ideia com certeza é brilhante, mas não posso ignorar do que vai acontecer se eles falharem.
Serão mortos.
O reino das Luas começará a jogar sujo também, a guerra ficará muito pior, meu pai terá que abaixar a idade do recrutamento do exército para termos mais soldados na linha de frente.
Tantas vidas dependendo de duas únicas pessoas.
Mas e se eles conseguirem? Serão heróis no reino. Serão para sempre lembrados. Meu pai ficará eternamente grato;
Sei que não posso contar para ninguém sobre ontem, por enquanto. Guardarei essa informação como os morcegos se escondem ao dia.
Depois que meu pai passou as informações, logo foram embora. Não queriam ser vistos. Esperei alguns minutos até sair correndo para meu quarto, queria ter certeza que ninguém estaria do lado de fora, só me esperando.
Hoje o dia prometeria ser o mais tranquilo que consegue ser, se não fosse pela ilustre seção de pintura. Não que eu não gostasse de uma boa seção de pintura — só que normalmente eu faço isso sozinha. — Àsdís tirou o dia todo para posar comigo. Ou na minha visão: me torturar. A desculpa de meu pai é que: o povo precisa pensar que somos inseparáveis, fortes, unidas. Que somos como gêmeas. Mas acho que é como esconder o sol com a peneira.
As telas parecem manter as aparências pelo menos.
Como sempre, Ásdís está deslumbrante, seu vestido creme realça seus olhos castanhos como um carvalho. O vestido me lembra das nuvens de tão suave que é. Seu cabelo preso em um belíssimo penteado dá a ideia de uma personalidade super gentil e amável. — Não podia estar mais longe da verdade.
Meu vestido já é bem mais simples. É de uma cor esverdeada que não combina nem um pouco com o dourado exagerado do meu cabelo, que está em uma trança perfeitamente arrumada por Maryh.
Os pintores pincelam as telas com as diversas tintas, tentando capturar minhas feições. Porém, hoje a maior parte da atenção é em minha irmã. — Que claramente não se importa nem um pouco.
Não tiro da minha cabeça, não consigo tirar, não importa o quanto eu afaste. Sexta-feira, meia-noite. Na realidade não sei por que me importo tanto com isso. Não posso fazer nada para impedir. Mesmo se quisesse falar com meu pai sobre isso, sei que não daria certo. Ele não confia em mim para participar de uma reunião do conselho, imagina para confiar em uma jogada política — Ou jogada de guerra. — tão perigosa.
— Alteza... Pode virar um pouco para esquerda?
A pintora me pergunta gentilmente. Fazendo-me afastar qualquer pensamento, mesmo sabendo que ela não pode ler minha mente. Inclino minha cabeça na direção solicitada, sei que fiz certo quando percebo o aceno de satisfação da mulher. Ela pincela algumas vezes na tela que forma uma imagem, que suponho ser eu de alguma maneira.
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Reino dos Eclipses vol.1
Fantasy"...Saiba que você não precisará de coroas, títulos ou reinos para conquistar o mundo." Em Anara apenas dois reinos residem, o reino do sol e o reino da lua, ambos em guerra por motivos que parecem terem esquecido. Liana Sonnenschein, princesa bas...