Capítulo quatro:🇮🇹 No limite da dor🇧🇷

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Não sei por quanto tempo dormi. Só sei que a sensação que eu tinha era que eu havia dormido por dias seguidos. Ao acordar ainda no escuro do meu  quarto, pego meu celular que havia ficado ao meu lado na cama, havia centenas de mensagens de Verônica, minha acessora.

Estou bem. Estou em Mônaco e vou precisar de uns dias sozinha. Entro em contato assim que der.

E ao escrever isso, desligo novamente meu celular.

Eu precisava de paz.

De paz e de tentar entender como tudo ficaria agora.

Após fazer minha higiene, sigo para fora do quarto. Minha barriga roncava de fome e eu já me sentia fraca. Foram muitas horas sem comer nada. Ao chegar no andar de baixo, a governanta da casa vem ao meu encontro.

- Buon giorno! - ela me salda.

- Buon giorno! - digo.
- Por quanto tempo dormi? - pergunto.

- 10 horas! - fico surpresa.
- Mas a senhorita conseguiu se ajustar ao fuso. - ela diz. Faço que sim.
- Venha, o café já está na mesa! - ela me conduz até a sala de jantar.

Chegando na sala de jantar logo vejo o tal Salvatore assentado a mesa tomando seu café. Ele não me olha, nada diz. Apenas continua concentrado em seu café da manhã. Me sento ao seu lado direito e me sirvo de uma xícara de café e uma torrada.

- Nos deixe a sós! - ele diz depois de um certo tempo.

A governanta faz que sim e de cabeça baixa saí nos deixando sozinhos.

- Rafaella, para eu conseguir fazer sua segurança você terá que ficar aqui, comigo. O Brasil é um país onde eu tenho pouca influência, aqui em Mônaco você estará mais protegida! - ele vai direto ao ponto.

- Então, terei que parar minha vida! - digo.

Ele faz que sim.

Respiro profundamente.

- E, como eu farei isso?

- Posso resolver a parte no Brasil. Não tenho muita influência mas tenho alguns contatos, acho que você poderia anunciar que irá aposentar, ou dar um tempo, quem sabe tirar um ano sabático. Diga a verdade, que sua mãe faleceu e que você precisa de um tempo, longe de tudo, e de todos!

- Acho que, isso dará certo!

Ele faz que sim.

- No final de semana minha mãe e minha irmã voltarão para casa, elas estão em uma de nossas pro propriedades no campo, elas lhes farão companhia.

- Está bem!

- Tenho que ir, se precisar de algo chame Sophia! - faço que sim.

Salvatore se levanta e parte, e então tento comer mais alguma coisa.

🎤


A manhã passou lentamente.

Depois do café da manhã voltei para meu quarto e tentei pensar em como faria tudo, em como eu iria dizer aos meus fãs sobre a pausa ou quem sabe o término da minha carreira.

- Aí mãe! Por que você se foi? - pergunto enquanto encaro a vista de fora da casa pela a janela do meu quarto.

Eu tinha alguns dias pela a frente sem precisar me preocupar ou dar satisfação. Resolvi enquanto isso viver meu luto, era a única coisa eu poderia fazer.

Dois dias se passaram e eu ainda continuava no meu cantinho quieta. Durante esse tempo não liguei meu celular, eu precisava sofrer minha dor em paz. Salvatore vi poucas vezes, depois do café que tomamos juntos há dois dias não o vi mais á mesa. Esbarrava com ele nas raras vezes que o vi no corredor dos quartos. Em dois dias sua mãe e sua irmã chegarão e quem sabe eu não me sinta tão sozinha como me sinto agora. Sophia, a governanta, é uma boa companhia mas sinto que ela tenta ao máximo não invadir meu espaço.


Deitada em minha cama, fecho meus olhos por breves momentos depois de encarar o teto. E após um profundo suspiro, sinto meu corpo ficar leve.

E como se minha mente estivesse viajando no tempo, volto meus pensamentos há dias atrás, no exato momento em que entro em casa e vejo minha mãe no chão sangrando. Aquela tinha sido a primeira vez que eu sonhava com ela depois que tudo aconteceu.

- NÃO MÃE! NÃO! NÃO! POR FAVOR ALGUÉM AJUDE, POR FAVOR! - me desespero.

Tento abrir meus olhos, acordar daquele pesadelo mas não consigo. Tento me debater mas não consigo me mexer. A sensação era horrível. De impotência. Até que quando estou no auge do desespero, ouço uma voz longe me chamar.

- Rafaella, Rafaella! Acorde.

E então, como se meu consciente voltasse a comandar meu corpo, abro os olhos e me levanto sentando na cama num rompante.

- Você está bem? - Salvatore pergunta me olhando atentamente sentado ao meu lado.

E foi neste momento que eu percebi que foi ele quem me salvou daquele momento de desespero.

Faço que sim.

- Agora estou! - digo sentindo as lágrimas caírem.
- Eu a vi morrendo Salvatore! A vi morrer novamente. - digo aos prantos.

E então, sem me dar conta de minhas ações, eu simplesmente me jogo em seus braços. Eu estava no limite da dor.

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