Capítulo dezoito:🇮🇹 Diferenças🇧🇷

478 61 2
                                    

As diferenças que nos uniam eram grandes, e com o passar dos meses ficaram  bem mais perceptíveis.

Nossas vidas eram totalmente opostas uma da outra. Enquanto Salvatore vivia para se arriscar e encarar o perigo, eu fugia do perigo e tentava sobreviver a cada dia.

É claro que depois que contamos a nossa mentirinha a todos, sobre a gravidez, que eu tinha perdido o bebê, tudo se complicou. James recomeçou sua caça, e eu me via cada vez mais encurralada, era como se o pesadelo não tivesse mais fim.

Salvatore estava cada vez mais imerso a sua vida como don da máfia. Ele cuidava de tudo pessoalmente, dos negócios, da comunidade, do povoado, da família e de mim. Eu sei que era um fardo muito pesado para ele carregar, mas parecia que Salvatore tinha nascido para aquilo.

Já eu, me vi presa numa vida resumidamente resumida dentro daquela mansão, onde as únicas coisas que eu tinha para fazer era dar algumas ordens sobre os afazeres domésticos, mas sempre minha sogra desfalava o que eu falava, e esperar meu marido chegar em casa a noite, coisa que ultimamente estava sendo cada vez mais tarde. Salvatore estava obicecado em me proteger, e sua buscar por encontrar o outro homem que matou minha mãe, o tal Bruno, o estava deixando mais obcecado ainda.

E para piorar tudo isso, eu tinha que aturar minha sogra e suas cobranças por um herdeiro.

Por mais que em muitas das vezes eu me pegava imaginando uma criança ali, correndo por aquela casa, com Salvatore atrás tentando o proteger de qualquer formiga que estivesse ao seu caminho, era sobre isso que eu temia. Uma criança naquele meio, onde os riscos, os perigos, e sua futura função como sucessor do pai na máfia, seria inevitável, e isso  me fazia desistir de qualquer plano de ser mãe.

Mas fato era, eu e Salvatore estávamos felizes, apesar de tudo o que nos afastava. Era como se, a partir do momento em que ele entrava em casa, todos os meus receios sumiam.

Por mais que a claridade do quarto tentasse me acordar, eu insistia em dormir. Nas últimas semanas, esperar Salvatore até altas horas da noite, me fazia querer dormir até mais tarde no dia seguinte. E naquela manhã de inverno intenso em Mônaco não foi diferente. A preguiça me consumia.

Até que, lábios quentes e carícias, me fizeram entender que apesar do dia já ter amanhecido, Salvatore ainda estava ali. Comigo!

- Me deixe dormir mais um pouco! - resmungo ao sentir seus beijos descerem por minha barriga.

- Chega de dormir, no vou passar o dia de folga vendo você dormir! - ele diz.

Abro os olhos.

- Você vai ficar em casa hoje? - pergunto animada.

Salvatore faz que sim.

Imediatamente, abro minhas pernas de forma maliciosa. Salvatore sorri.

- Por mais que eu te queira como minha primeira refeição do dia, tenho outros planos! - ele diz me olhando.

Fico confusa.

- Venha, se troque. Farei seu dia valer a pena já que tenho te deixado muito tempo sozinha aqui! - ele diz ao beijar o dorso de minha mão.

- Não tenho ficado tão sozinha assim. Sua mãe, apesar das cobranças por um neto, tem sido uma boa companhia para fugir do tédio. - Salvatore ergue uma sobrancelha.

- Mia Mamma pode ser tudo, menos una boa companhia! Giovanna me contou as cobranças dela, por isso, pedi para as duas passarem o dia fora. Quero a casa só para nós!

- No acredito Salvatore Torantino! Terei a casa só para mim. - digo me sentindo aliviada.

Ele sorri.

E após um café da manhã na cama, regrado a sexo e vinho, era hora de sairmos daquele quarto, ou passaríamos o dia ali.

🎤


A chuva caía lá fora, o frio predominava, mas aqui dentro, o clima era completamente diferente. Depois do almoço, Salvatore precisou fazer algumas ligações, depois de mil pedidos de perdão, ele se dirigiu ao escritório. Segui para a sala de estar onde o piano estava bem mais ao canto da sala, como se fosse apenas um móvel decorativo. Faziam meses desde que me casarei com Salvatore, e durante esse tempo, nunca mais me peguei cantarolando nada. Era como se a morte da minha mãe tivesse causado um bloqueio em mim, e eu simplesmente não conseguia compor nem cantar nada.

De braços cruzados encaro o enorme piano de calda preto. Ele parecia tão impotente ali, como se estivesse no lugar errado, no ambiente errado. Aquele piano era algo além do que um simples enfeite de sala, ele tinha vida, quando tocado por boas mãos. Assim como eu, pensei. Eu também estava encostada. Assim como ele.

- Está na hora de desenferujarmos! - digo ao me sentar num banquinho a sua frente.

Levanto a tampa que protegia as teclas e o observo atentamente. Ele era ainda mais lindo.

E então, começo a tocar algo.

Vindo da alma, revelando meus mais profundos sentimentos.


🎶

Pra que falar
Se você não quer me ouvir?
Fugir agora não resolve nada
Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade
Um dia vai acabar
Só quero te lembrar
De quando a gente
Andava nas estrelas
Nas horas lindas
Que passamos juntos
A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história não
Termina agora
Pois essa tempestade
Um dia vai acabar
Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja
Eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou céu e fim
E o meu amor é imensidão oh oh oh oh
Só quero te lembrar
De quando a gente
Andava nas estrelas
Nas horas lindas
Que passamos juntos
A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história não
Termina agora
Pois essa tempestade
Um dia vai acabar
Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja
Eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou céu e fim
E o meu amor é imensidão
Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja
Eu sou, eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Céu e fim
E o meu amor é imensidão oh oh oh oh








Casamento De MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora