Foi somente no dia primeiro de fevereiro que conseguiram fazer a viagem. Dependiam muito da disponibilidade dos irmãos que estavam na Europa, mas finalmente conseguiram.
Ada observava em silêncio a paisagem da cidade interiorana que tinham acabado de adentrar, e Sora dirigia tranquilo, escutando baixinho uma rádio qualquer enquanto via o rosto amassado de sono da mulher que acabara de acordar no banco do passageiro.
— Bom dia, dorminhoca — ele riu, acariciando a coxa de Ada.
— Nossa, eu dormi muito gostoso — ela se espreguiçou e bocejou alto.
A cidade de Nara estava iluminada pelo sol poente, brilhando em dourado e laranja e conforme o carro balançava de forma gentil e aconchegante, Ada sentia-se tentada a dormir um pouquinho mais.
— Nara? A cidade dos cervos? — Ela perguntou, afinal, só tinha descoberto o destino da viagem quando chegaram.
— Cresci aqui. Amo essa cidade — Sora sorriu, sentindo-se leve por finalmente poder voltar. Nara era seu porto seguro.
Ele dirigiu com calma pelas ruas, e Ada sorriu a cada cervo que viu passeando por lá. A vida em Nara parecia muito mais tranquila e segura do que em Tóquio. Aquela calmaria era maravilhosa.
Quando pararam na frente de uma bela casa tipicamente japonesa, Sora tinha um sorriso largo no rosto. Outros carros estavam parados por perto. A casa era grande e a garagem também, mas Sora deixou o carro que tinha comprado recentemente. Era simples e nada elegante, mas ele estava preferindo coisas discretas.
— Pronta pra conhecer meu avô? — Ele riu, abrindo o porta-malas e pegando as bagagens dele e de Ada.
— Ele não é um daqueles idosos que vai me bater com uma bengala, né?
— Não! — Sora riu. — Ele luta. É professor de artes marciais para crianças até hoje.
Sora pegou as malas e deixou Ada com as mãos livres. Aparentemente, Vovô Ikari era um homem um tanto tradicional, e isso justificava a razão pela qual Sora tinha pedido que Ada fosse vestida de forma discreta.
Enquanto caminhavam juntos, a porta da frente da casa abriu, e um menino de cerca de sete anos colocou a cabeça para fora. Os grandes e escuros olhos curiosos passaram pela moça, mas tardaram no rapaz, gerando um sorriso grandioso sem o dente da frente.
— TIO SORA! — Ele gritou, correndo na direção do rapaz.
O homem soltou as malas no gramado e abriu os braços, agachando e recebendo o abraço grandioso do sobrinho.
— Leon! Que saudade que eu estava de você! — Sora o ergueu no ar. O menino era magrelo e ria gostoso. Os fios escuros brilhavam e ele parecia muito feliz.
— Como você cresceu! Tá mais forte também — os dois conversavam de forma íntima e divertida. O menino disparava uma porção de palavras por minuto, e o sotaque forte deixava muito evidente a vivência na Europa.
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Alizarina - Sablier Rouge
Romance[Livro 01] [Dark Romance] Uma policial de elite se infiltra nas gangues que controlam o submundo de Tóquio com uma missão: destruí-los por completo de dentro para fora. Entretanto, ela não contava que a sensação de poder que tanto amava se tornaria...