O barulho do relógio incomodava e o som da caneta arranhando o papel contribuía para o aumento da ansiedade de Ada.
Sentada no sofá bege, apenas deu um longo suspiro e relaxou ainda mais o corpo, tentando transparecer calmaria, mesmo que já sonhasse com a hora de ir embora.
— E então, senhorita Miyamura. Numa situação de risco, onde tivesse que escolher entre a vida do seu alvo ou o seu disfarce. O que escolheria? — perguntou o psiquiatra.
Ele a olhava por cima dos óculos retangulares, tentando encontrar qualquer evidência ou vacilação nas respostas da policial.
— Faço o que for mais adequado para a missão — a resposta saiu sem demora.
Ele a olhou da cabeça aos pés e ergueu as sobrancelhas rapidamente, voltando a anotar. Aquela atitude a fez questionar se forneceu a resposta correta ou não.
— Entendo... agora, vamos fazer um último exercício antes de finalizar, ok?
— Ok.
— Deite-se no divã, por favor.
Levantou-se e caminhou até o móvel, deitando-se e colocando as mãos sobre a barriga. O psiquiatra se aproximou em passos silenciosos e se sentou na poltrona mais próxima dela.
— Feche seus olhos. Quero que responda a primeira coisa que vier à mente, de forma espontânea.
Ada obedeceu sem questionar. Só queria pegar aquele laudo e ir embora o quanto antes.
— Quando você pensa em conforto, prefere manhã, tarde, noite ou madrugada?
— Noite, eu acho — respondeu.
— E nessa noite está calor ou frio?
— Frio, mas não muito — apesar de não ver nada, era capaz de imaginar a sensação sem dificuldade.
— Agora tente imaginar o cenário. É ao ar livre? É no interior de alguma casa?
De início, a mente de Ada divagou um pouco, mas rapidamente se imaginou confortavelmente sob a luz das estrelas.
— Ao ar livre.
O som dos arranhões da caneta ficavam cada vez mais distantes, e Asa se concentrava unicamente nas imagens que se formavam na mente dela, cada vez mais bonitas e aconchegantes.
— Descreva esse cenário agradável. Cite detalhes que te confortam dentro da sua mente.
Concentrando-se na própria cabeça, notava uma porção de detalhes abstratos que surgiam aqui e ali.
— Cheiro... de uva — Ada disse, mas ainda sem muita certeza.
— O que mais?
— É frio, mas eu estou aquecida — confessou. Ainda era uma imagem abstrata, mas era reconfortante demais.
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Alizarina - Sablier Rouge
Romance[Livro 01] [Dark Romance] Uma policial de elite se infiltra nas gangues que controlam o submundo de Tóquio com uma missão: destruí-los por completo de dentro para fora. Entretanto, ela não contava que a sensação de poder que tanto amava se tornaria...