t r e n t e - s e p t

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O barulho do relógio incomodava e o som da caneta arranhando o papel contribuía para o aumento da ansiedade de Ada

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O barulho do relógio incomodava e o som da caneta arranhando o papel contribuía para o aumento da ansiedade de Ada.

Sentada no sofá bege, apenas deu um longo suspiro e relaxou ainda mais o corpo, tentando transparecer calmaria, mesmo que já sonhasse com a hora de ir embora.

— E então, senhorita Miyamura. Numa situação de risco, onde tivesse que escolher entre a vida do seu alvo ou o seu disfarce. O que escolheria? — perguntou o psiquiatra.

Ele a olhava por cima dos óculos retangulares, tentando encontrar qualquer evidência ou vacilação nas respostas da policial.

— Faço o que for mais adequado para a missão — a resposta saiu sem demora.

Ele a olhou da cabeça aos pés e ergueu as sobrancelhas rapidamente, voltando a anotar. Aquela atitude a fez questionar se forneceu a resposta correta ou não.

— Entendo... agora, vamos fazer um último exercício antes de finalizar, ok?

— Ok.

— Deite-se no divã, por favor.

Levantou-se e caminhou até o móvel, deitando-se e colocando as mãos sobre a barriga. O psiquiatra se aproximou em passos silenciosos e se sentou na poltrona mais próxima dela.

— Feche seus olhos. Quero que responda a primeira coisa que vier à mente, de forma espontânea.

Ada obedeceu sem questionar. Só queria pegar aquele laudo e ir embora o quanto antes.

— Quando você pensa em conforto, prefere manhã, tarde, noite ou madrugada?

— Noite, eu acho — respondeu.

— E nessa noite está calor ou frio?

— Frio, mas não muito — apesar de não ver nada, era capaz de imaginar a sensação sem dificuldade.

— Agora tente imaginar o cenário. É ao ar livre? É no interior de alguma casa?

De início, a mente de Ada divagou um pouco, mas rapidamente se imaginou confortavelmente sob a luz das estrelas.

— Ao ar livre.

O som dos arranhões da caneta ficavam cada vez mais distantes, e Asa se concentrava unicamente nas imagens que se formavam na mente dela, cada vez mais bonitas e aconchegantes.

— Descreva esse cenário agradável. Cite detalhes que te confortam dentro da sua mente.

Concentrando-se na própria cabeça, notava uma porção de detalhes abstratos que surgiam aqui e ali.

— Cheiro... de uva — Ada disse, mas ainda sem muita certeza.

— O que mais?

— É frio, mas eu estou aquecida — confessou. Ainda era uma imagem abstrata, mas era reconfortante demais.

Alizarina - Sablier RougeOnde histórias criam vida. Descubra agora